quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Foi Triste!...

DECISÃO QUE É PRECISO TOMAR EM CONSCIÊNCIA

Chamem-me "bota de elástico", démodé... chamem-me careta... na verdade, chamem-me o que quiserem.
Estou-me perfeitamenta nas tintas...

Há 35 anos a televisão que tínhamos não tinha mais do que dois canais.
O primeiro abria com o Telejornal da hora de almoço e fechava às 2.30 da tarde para que, a partir das 15 e até às 19 se transmitisse a Telescola.
Os vossos papás que vos expliquem o que era isso.

Depois reabria às 19.30 até à meia-noite.
Tocava o Hino Nacional, com a imagem da bandeira soprada pelo vento.
O segundo canal só emitia cinco a seis horas por dia.
Das 18 às 23 ou 24.
E a televisão era a preto e branco,.

Os "Gatos Fedorentos" ainda não tinham nascido, e o Herman José andava à procura do seu espaço, vagueando entre canções hiper-pimba (como o Saca o saca-rolhas) e o papel secundário no "Senhor Contente e o Senhor Feliz", cuja principal figura era o meu conterrâneo Nicolau Brayner...

Mas já havia programas de humor.
Naturalmente, muito diferentes dos de hoje.

E, para além do Raúl Solnado - figura mor (espero que o não esqeçam na hora devida) - havia um brasileiro que nos fazia rir.
Badaró!
Só. Um nome só...
Badaró.
E quanto eu me ri nos seus programas...

Eram diferentes. Concedo que nem sequer percebiámos o quanto era diferente. Mas era.
E a gente gostava.

Evoluiram os tempos, cavou-se um certo fosso entre o humor "antigo" e a nova maneira de brincar com coisas sérias. Que posso dizer? Nada contra.

Mas não se esqueçam que falei lá atrás do Raúl Solnado, para mim a grande referência do humor, tanto na rádio como na TV.

De qualquer modo, este artigo visa deixar aqui a minha mui pessoal homenagem ao Badaró.

Morreu, vítima de cancro, no início da semana.
No momento - em tantos casos despudoradamente aproveitado por terceiros para se mostrarem - que é o do último adeus, Badaró teve... quatro antigos colegas a acompanhá-lho no velório.

Claro que a televisão não se interessou. Se o tivesse feito teria arrajnado muita boa gentinha que só quer aparecer...
Mas não...

Factos:
Badaró morreu, vítima de cancro...
as televisões não se interessaram e ele não teve mais do que quatro - procurem o Correio da Manhã - ex-colegas a prestar-lhe a última homenagem.
Mas há ainda outra coisa que é preciso sublinhar...

O Badaró foi suficientemente generoso para, ainda em vida, é evidente, doar o seu corpo à ciência.

Isto é... nem enterrado, nem cremado.
O corpo do Badaró será preservado o tempo que for possível para que os futuros médicos - no caso, da Universidade Católica - poderem trabalhar nele.

Quantos, entre todos os cidadãos nacionais , serão capazes de um gesto tão desprendido como este?

A mim convenceu-me.
Não quero apodrecer dentro de um caixão... por isso estava a preparar a minha cremação. Agora parei. E estou a ponderar a possibilidade de deixar os futuros médicos-cientistas retraçarem-me o corpo morto. Quem sabe, depois de dissecado, quantas portas não posso abrir para a salvação de terceiros?

E, francamente, deixar-me apodrecer seria a pior maneira de marcar a minha passagem por esta vida.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Está Idenficado... Não o podemos mandar para a China?

Acabo de ouvir/ver, um alarve - cujo nome não fui a tempo de apanhar - ameaçar, não o Governo, que este, no fundo, no fundo, está-se mesmo nas tintas, mas centenas de milhares de famílias.

Não foi ontem, com a presentação da proposta de aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN), que, tal como desde há três anos já o sabíamos, o Governo do "engenheiro" Pinto de Sousa "abriu" a caça ao voto para as próximas eleições.

O Governo aponta para um aumento de... 24 euros mensais, em relação ao SMN... metade do montante que dois senhores e uma senhora. administradores de uma empresa municipal, de Lisboa, deixavam, por norma, como gorjeta, nos restaurantes de luxo onde andaram a desbaratar o nosso dinheiro, porque somos nós quem, efectivamente, pagou aqueles almoços e jantares de 400,00 €.

Mas este é outro assunto.

O que está em causa é que um desqualificado - com o apoio da RTP (porque foi onde o vi/ouvi) - vem dizer que se o SMN subir 24 euros/mês, as PME, que, aparentemente representa, não renovará mais nenhum contrato a prazo e fará "engordar" o número de desempregados no País. E tem a lata de dizer que não está a fazer chantagem.

Não apanhei o nome do... coiso, mas a RTP têm-no.
Acho que, individualmente, posso processar este individuo por ameaça de atentado doloso contra o Estado, sendo que será o Estado que vai ter que pagar o Fundo de Desemprego. Mas antes de mim está o... Estado.

Este... senhor, no tempo da outra senhora já tinha uma equipa da PIDE a vasculhar-lhe a vida privada e empresarial. E de certeza que se lhe iam encontrar pontos fracos.
Lamento ter de falar na PIDE, mas há figurinhas - e figurões - que mereciam que ela ainda existisse...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Obrigado Senhor Luís Felipe Scolari

Começou há três minutos o jogo dos quartos-de-final do Europeu dos Alpes.
Faço questão de escrever este artigo antes do final do “mata-mata” que hoje teve início; a partir de hoje, quem perder vai para casa. Já só estão oito selecções em prova. Portugal é uma delas e está nesta fase de Campeonatos da Europa e do Mundo pela quarta vez. Desde que Luís Felipe Scolari tomou conta da Equipa de Todos Nós.

Sou, confessamente, pró-Scolari.
Sei que custou ao erário público muito dinheiro, mas para além de o não invejar, sou capaz de cometer o “sacrilégio” de escrever que mereceu todos os cêntimos que ganhou.

Primeiro, fez jus ao seu apelido (apelido, em português do Brasil é o mesmo que alcunha, no português da Europa): Sargentão.


Quando se é contratado, quando se é nomeado para mandar, quem não quer ver-se fragilizado tem que mandar. Abaixo dele, mas também acima. Ele não pediu para ser o Seleccionador. Não deve favores a ninguém.

Antes que avance o cronómetro neste jogo quero deixar a minha opinião. Aqui a pouco mais de hora duas horas, Portugal pode estar de malas aviadas de regresso.

Se isso acontecer, adivinho que os muitos que foram “obrigados” a “engolir” a forma de ser de Felipe Scolari aparecerão a destilar todo o veneno guardado ao longo destes últimos anos. Não têm razão.

E a prova é que, nestes últimos anos o futebol português galgou degraus, guindou-se a patamares nunca antes alcançados graças… à Selecção.
Mesmo jogadores individuais cresceram, muito, graças à presença assídua na Selecção.

Sou directo: não há no mercado nenhum treinador capaz de substituir Scolari e vale-nos o facto de os “padrinhos” da Máfia interna estarem neste momento tão preocupados em salvar os seus anéis que, provavelmente, não vão ter tempo para se imiscuir na escolha do próximo técnico.

Espero, sinceramente espero, estar a “ler” correctamente a actual conjuntura do futebol português porque não confio nem um pouco no senhor Madaíl, este sim, um exemplo típico do português, no genérico: inseguro, sem capacidade de decisão, sem espinha dorsal; pronto para qualquer exercício de contorcionismo desde que… preserve o seu “tachinho”.

Jamais teremos um seleccionador como Luís Felipe Scolari.
É que até pode surgir um outro, até português, que seja capaz de se mostrar líder indiscutível, mas estará sempre em desvantagem em relação ao brasileiro. Primeiro, porque acima dele haverá inevitavelmente quem vai achar que pode ganhar um espaçozinho um pouco mais mediático. E fazer merda, ou dizer baboseiras, para o conseguir.

Ø A Alemanha acaba de marcar o primeiro golo…

Espaço que Scolari pura e simplesmente blindou. Não fora as constantes nuances nos tons da cor com que Madaíl pinta o cabelo, e quase teria passado despercebido.

Depois, nem o “bobo-mor” da corte, o senhor Jorge Nuno Pinto da Costa – homem inteligentíssimo – se arriscou por aí além a imiscuir-se no trabalho de Scolari.

Ainda falta uma hora e dez minutos para terminar esta partida, estamos a perder. Se perdermos… é o adeus de Portugal. O adeus de Scolari.

E eu tinha que deixar aqui, antes que isso aconteça, a minha posição.
Sorte Portugal!

PS: A quem teve a "coragem" de "exigir" que Scolari pedisse públicas desculpas a Vítor Baía e a Maniche... deixo um desafio: que tenha a coragem de exigir que o FC Porto peça desculpas a Fernando Gomes (o bi-bota d'ouro), e também a Vítor Baía, que não foi Campeão do Mundo de sub-20 porque o clube não deixou.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Como Uma Mentira se Transforma Em Verdade

Toda a gente sabe do velho dito Uma Mentira Repetida Até À Exaustação, Acabará Por Ser Aceite Como Verdade.

Estamos a assistir a isso sem que, aparentemente, ninguém se tenha apercebido do que se está a passar. Pior do que isso, quem tem como missão Informar, certamente por não estar minimamente preparado para o fazer – e esta seria a explicação mais… aceitável -, está a contribuir para fazer passar uma mensagem de todo falaciosa.

E tudo começa numa coisa tão simples quanto isto: qual é a diferença entre uma Greve – instrumento ao serviço dos trabalhadores, previsto e aceite pela Constituição Portuguesa - e um LockOut, manobra utilizada pelos patrões para impedirem os trabalhadores de levar a cabo o seu trabalho, instrumento liminarmente proibido (n.º 4 do Artigo 57) pela Constituição Portuguesa.

Quem está paralisar e a obrigar os trabalhadores por contra de outrem a serem solidários à força, podem até ser pequenos industriais, que facilmente se confundem com aqueles, mas não deixam de ser os seus próprios patrões. E são estes que estão a querer paralisar o País.

E reparem como a organização patronal do sector – que, como é evidente, não congrega os patrões de um só camião, e conduzido por eles próprios – tem tentado negociar. É evidente que as grandes empresas de transporte estarão melhor preparadas para enfrentarem a crise que se vive, ao contrário de quem trabalha por conta própria que, até para conseguir alguns fretes (frete = serviço contratado) se obrigam a ter uma muito mais pequena margem de lucro. Logo, sentem mais problemas destes, como o do galopante aumento do preço dos combustíveis.

Aquilo que não se disse, nem creio que venha a dizer-se, é que os camionistas mais renitentes em aderir à greve, são trabalhadores por conta de outrem que, e porque, de facto, o que está a acontecer não é uma greve, não estão legitimados para deixar de cumprir os compromissos contratuais para com o seu empregador.

A história dá pano para mangas. Em Portugal, principalmente em Portugal, mas em Espanha os números aproximar-se-ão muito da nossa própria realidade, grandes transportadores descobriram aqui há uns anos que uma excelente forma de reduzirem os encargos com pessoal assalariado, sem deixarem de poder somar lucros muito semelhantes, seria convidaram motoristas dos seus quadros para se desvincularem e começarem a trabalhar por conta própria.


Mais, podiam até levar os camiões, que iriam pagando conforme pudessem.
Para fazer face a este compromisso, há quem trabalhe 12, 14 horas consecutivas, arriscando tudo. Uma pesada multa por infracção ao regulamentarmente estabelecido e, quantas vezes, a sua vida e a de terceiros, por cansaço.

Não sei se perceberam alguma coisa do que escrevi. Mas uma coisa é líquida: estamos perante um acontecimento perfeitamente desenquadrado da Lei, que atenta contra ela, e para ser mais claro ainda, bastaria adiantar que a Liberdade de cada um termina onde começa a Liberdade dos outros.

Depois, está a acontecer aquilo que sempre acontece quando um grupo mais ou menos desorganizado, mas suficientemente numeroso se junta e transforma em corajoso o mais reles dos cobardes.

Apedrejar colegas de profissão, intimidá-los, sem mesmo se preocuparem com o facto de o estarem a fazer frente à maior janela do Mundo, que são as televisões, cortar tubos dos hidráulicos dos travões… puxar fogo a camiões de colegas de profissão, é algo só possível quando a turba chegou a um ponto de insanidade que começa a perfilar-se como séria ameaça à ordem pública.

Ainda agora acabo de ouvir/ver no Telejornal da RTP que a ANTRAM continua a negociar com o Governo e já por diversas vezes o acordo esteve à beira de ser concretizado.
A ANTRAM é a associação patronal.

Dos grande patrões, dos que têm 100, 150, 200 camiões.
A quem, 20 cêntimos de desconto/litro em 3000 litros de gasóleo/dia, e desconto também nas portagens, ainda dá uma maquia de poupança significativa.

Para quem só tem um camião… é nada.
Mas isso não lhes dá o direito de imporem, à força, aquilo que eles tomam como uma luta justa. Não é.

Eu, acho, sei do desespero desta gente. É semelhante ao dos largos milhares de cidadãos que têm a sua casa ameaçada, porque começa a não haver dinheiro para pagar as prestações aos bancos que ajudaram a comprá-la; provavelmente, também eles estão nesta condição, à qual acresce a necessidade de continuar a pagar o camião a quem os iludiu com a possibilidade de, em vez de ganharem um ordenado, se transformassem em patrões de si mesmos.

Leva muitos anos a pagar o camião e até este não estar pago os lucros são quase zero.

Mas não podem forçar ninguém a ser solidário com a sua legítima angústia. Perdem toda a razão.

E o País não pode dar-lhes razão quando é evidente que a luta é de todo particular. Lamentamos. Até somos capazes de ser solidários, mas não queiram obrigar-nos a sê-lo à força.
Não têm esse direito.
Tenham paciência, mas não têm!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

E Os “Boys” De Repente Coraram; Pena Não Ter Sido De Vergonha

Que me lembre, só por duas vezes assumi publicamente – aqui o publicamente significa, para um universo que ultrapassa as quatro paredes de minha casa, ou uma roda de amigos mais próximos – o meu apoio político declarado a uma pessoa ou causa.

A primeira, não liguem!...

Estávamos em 1974, tinha 14 anos e, numa eleição para a Associação de Estudantes da velhinha (eternamente provisória, apesar de, entretanto ter sido rebaptizada) Escola Técnica de Gago Coutinho - era assim que se chamava –, muito provavelmente na minha primeira demonstração de que não nasci arraçado de carneiro que segue a cabeça do rebanho, fiz parte da lista do MRPP (com o meu caríssimo Jorge Paulino, lembras Jorge? Tenho aqui numa gaveta as folhinhas com as nossas caras e “programa eleitoral”…) porque me atraía muito mais a desorganização, o livre pensamento que cultivávamos, nós, sei lá como era o MRPP, em contraponto à organização e perfeita hierarquização da UEC, a União dos Estudantes Comunistas que dominava completamente no meio estudantil, ainda mais entre os teen-agers. Perdemos, claro.
As eleições.
Mais tarde, já com 18 anos e direito a voto, só falhei, creio, duas eleições.

Uma porque não estava em Alverca, estava fora, ao serviço do Jornal no dia das eleições; outra porque fui surpreendido – culpa minha que não consultei os editais – com a mudança do local onde sempre havia votado.

Como, apesar de ser domingo, para mim era dia de trabalho, e só tinha previsto 5 minutos para ir votar e depois chegar a tempo do comboio para Lisboa, chegado à escola primária a nascente do velho Campo da Bola dei de caras com tudo fechado. E já não tinha tempo para voltar atrás para ir à Filarmónica.

A segunda vez que tomei uma posição pública, tão pública que o meu nome ainda lá está, no site, foi como subscritor da candidatura de Manuel Alegre à presidência da República.

Voltei a perder, mas não me enganei na personalidade do homem que eu gostaria que estivesse hoje no Palácio de Belém.
Por tudo.

Porque foi um resistente à ditadura de Salazar e Caetano, porque sempre foi um Homem de espírito livre, sempre pensou pela sua cabeça e não é uma cabeça qualquer.

Os seus diplomas não foram assinados a um domingo; não fez como o outro que fingiu, até ser descoberto, que não sabia que no seu currículo oficial tinha apenso um título académico que nunca teve.

A sua, de Manuel Alegre, obra, está aí, para quem quiser lê-lo.
Traduzido em dezenas de línguas, poeta maior, dos ainda vivos, da Língua Portuguesa.
Não uns prédiozinhos de emigrante, com marquises a fechar as janelas, como, para se “defender” o outro assumiu ter sido ele o autor do projecto.
O que pouca gente terá acreditado, diga-se em abono da verdade.

Foi a primeira e única vez que votei em alguém na órbita do PS.
E não estou arrependido.

Manuel Alegre, esteve na passada quarta-feira numa reunião/comício promovido pelo Bloco de Esquerda, causando uma brotoeja enorme nos “Boys” do Largo do Rato.

Desde os que já comeram do tacho, dos que ainda agora dele comem, dos que já só lambem os dedos e de muitos que têm como única ambição na vida poder chegar as respectivas barrigas ao mesmo tacho para poderem escolher os melhores pedaços.

“Boys”, muitos deles, que nada mais fizeram na vida do que escalar, degrau a degrau, a escadaria que os pode levar um dia a poderem, pelo menos, passarem o dedo no rebordo do tacho e poderem lambê-lo.
Políticos profissionais.
Infelizmente… a política é deles.
Valem-nos Homens como Manuel Alegre.

«É Tempo de a Esquerda se Unir à Esquerda!», foi uma das suas frases que a CS mais citou.

E Manuel Alegre não estava, tenham a certeza de que não estava, a falar de ocupação de terras ou fábricas, de privatizações mais ou menos tresloucadas.

Manuel Alegre não perdeu o norte, não precisa de bússola para perceber que o seu – também seu – partido socialista já só o é de nome. Aliás, no Parlamento Europeu o PS está incluído na bancada social-democrata!

Manuel Alegre será, nos dias de hoje, a voz menos comprometida e que, por isso, pode clamar por uma maior Justiça Social.
Tenho a certeza de que não será o único Socialista a não se rever no partido do José Pinto de Sousa.
Daí o medo.

Por isso, desde o mais irritante, porque é só isso, caniche, a um par de bulldogs, em relação aos quais será preciso ter algum cuidado, terem saltado em defesa de quem lhes dá, deu, ou eles esperam que um destes dias lhes venha a dar, o ossito, que é disso e para isso que vivem.

Querem mensagem mais clara numa só frase?
«É tempo de a Esquerda se Unir à Esquerda!»

O PS do Pinto de Sousa é tudo menos de esquerda.

É tempo de pôr um travão à cavalgante clivagem Social que vivemos.

Pôr um travão à pornográfica escalada dos ordenados dos gestores, ao mesmo tempo que se pede aos que trabalham que tenham paciência e façam mais um furinho no cinto.

Acabar, redistribuindo-os com os pornográficos lucros da banca, isto quando estes lucros arrastam famílias inteiras, empenhadas até ao último cabelo.

Não sou analista político, mas também não sou parvoo Mourinho copiou esta minha frase para italiano, o sacana -, ficou o aviso.

E como não acredito que o Pinto de Sousa desista da sua postura salazarenta – que não é o mesmo que salazarista, que isto significaria ser seu seguidor, naquilo que a política do velho “Botas” teve de melhor, que foi na área das finanças – que no PS não se riam da, cada vez mais forte possibilidade da “balcanização” do partido, à imagem do que está a acontecer com o PSD.

E como já não há-de haver muitos “Jobs” para os “Boys”, e ainda há mais votantes com mais de 45 anos do que com menos, percebe-se a brotoeja que pôs todos no Largo do Rato a coçar-se.

É mais do que evidente que já perceberam que numa hipotética cisão, porque quando esta acontecer não vai ser em duas partes mas, tal como está a acontecer com o PSD, em diversas tendências, Manuel Alegre terá a mais larga franja de apoiantes.

Termino com um trecho do poema “Ser ou não ser” de Manuel Alegre (1999).

Já de esperar se desespera. E o tempo foge
e mais do que a esperança leva o puro ardor.
Porque um só tempo é o nosso. E o tempo é hoje.
Ah se não ser é submissão ser é revolta.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Arrepiantes Coincidências ou, o que é que "crescemos" em 24 anos?

A notícia trá-la o Correio da Manhã na sua edição de terça-dfeira (na página 15).

Algarve, evacuação aérea o título da peça – assinada pelos companheiros Rui Pando Gomes, mais A. M. S. e J. M. G. “TRANSPORTE FATAL”, obrigaram-me a lê-la.
Devo confessar, sem falsos pretensiosíssimos, que “adivinhando” o que me fez arrepiar.

Curiosamente, dos 14 comentários postados na edição on-line do jornal, nem um fez a ligação. Será tudo gente relativamente jovem.
Deduzo.

Mas, repito, as coincidências são arrepiantes.

E o pior é que estou a falar de duas situações que aconteceram com um intervalo de… 24 anos! Já perceberam que a comparação é com o acidente – e o que depois aconteceu – do qual haveria de morrer o nosso grande Joaquim Agostinho.

Uma senhora sofreu um traumatismo craniano, no passado domingo, dia 25 de Maio de 2008, depois de uma queda em casa de familiares na… QUARTEIRA.

Joaquim Agostinho caiu, durante a Volta ao Algarve de 1984, perto da meta instalada… na QUARTEIRA.

A senhora foi transportada para o Centro de Saúde de Loulé;
tal qual aconteceu com Agostinho;

Daí, foi transferida para o Hospital de Faro…
como o Agostinho;

Perante a gravidade do caso, o INEM desaconselhou o transporte por helicóptero...

Em 1984 nem havia helicópteros, ou a solução nem foi equacionada;

Foi transportada por estrada – aqui a diferença entre as estradas que temos hoje a ligar Faro à capital é abissal, em relação às que havia há 24 anos – mas houve um hiato de tempo, demasiado longo porque, se havia ambulâncias, não havia ventiladores.

O Hospital Central de Faro não tem (!) ventiladores, ou estão avariados.

A senhora chegou a Lisboa 10 horas – DEZ HORAS – e dez minutos depois de ter sido accionado o primeiro alerta, para o CODU local, ainda foi operada, mas não resistiu.
O óbito foi declarado às zero horas de terça-feira.

São ou não assustadoras as coincidências com o caso do Joaquim Agostinho?
Aconteceu 24 anos depois.

Clicando na foto podem vê-la maior e, à direita, em gráfico, está a cronologia dos acontecimentos.

Para quem não leu, e já não tem hipóteses de ler – não sei se a versão on-line se mantém visitável – transcrevo a seguir a notícia do Correio da Manhã.

28 Maio 2008 - 10h00

Algarve: INEM recusou evacuação aérea devido a situação clínica
Transporte fatal

Seis horas de espera fatal. Foi este o tempo que uma vítima de traumatismo craniano grave demorou até ser transferida do Hospital Central de Faro (HCF) para o Hospital de São José, em Lisboa, por não haver ambulâncias com ventilador disponíveis e o INEM ter desaconselhado a evacuação de helicóptero, devido à situação clínica da paciente.
O caso aconteceu no passado domingo.

Maria Ramalho, de 69 anos e professora de Estremoz, acabou por não resistir às complicações neurológicas que a espera lhe causou e morreu ontem, no São José. A família está revoltada e vai avançar judicialmente contra o HCF, garantiu ao CM um familiar próximo, que trabalha numa outra unidade hospitalar.

Ao que o CM apurou, a última opção foi activar uma ambulância da Cruz Vermelha de Castro Marim (a 100 km de distância) sem ventilador, disponibilizando o HCF o equipamento para o transporte. Mas, quando os enfermeiros preparavam a transferência, repararam que 'os três ventiladores portáteis do Hospital estavam avariados', revelou fonte hospitalar.

A solução passou por pedir emprestado um ventilador da ambulância da Cruz Vermelha, estacionada no Aeroporto de Faro.

A unidade de saúde garante que 'a transferência foi feita mediante o cumprimento de todos os protocolos clínicos adequados'.

AVARIAS DOS VENTILADORES SEM EXPLICAÇÃO
O Hospital de Faro não esclareceu a razão de não ter ventiladores portáteis em funcionamento para transferências de emergência entre hospitais. Apenas explicou ao CM que 'inicialmente foi considerada a hipótese de evacuação aérea e contactado o Centro de Orientação de Doentes Urgentes do INEM. Contudo, a situação clínica da utente desaconselhou a utilização deste transporte'.

Para o transporte por via terrestre, a unidade de saúde algarvia esclareceu que só 'a 4ª entidade contactada informou dispor de viatura para o efeito'.

O pedido de transporte foi feito segundo o que 'está protocolado com as entidades da região que efectuam transporte de doentes'.

Rui Pando Gomes / A.M.S./J.M.G.

De toda esta (triste) história, sobressai uma realidade: no Algarve ainda há corporação de bombeiros – e a culpa não será destes – sem ventiladores portáteis;
e o Hospital Central de Faro tê-los-á, mas estarão avariados.

Quanto custará um ventilador portátil?
Quanto custará salvar uma vida?

Façamos umas contas… esquisitas.

700 € x 23 jogadores = 16.100 €
mais 1.700 € do senhor Scolari = 17.800 €
Simplificando a coisa, se o mister ganha mais mil euros que os jogadores, os seus adjuntos – Murtosa, Schneider e Brassard – não devem receber menos de 1.000 €…

17.800 € + 3.000 € = 20.800 €

E ainda falta saber quanto recebem roupeiros, técnicos de… calçado, cozinheiro e adjuntos… o representante permanente da FPF, mais um possível RP, mais um possível RPI…
Façamos as contas por baixo…

Por dia, o Grupo de Trabalho da Selecção de Portugal receberá, mais euro, menos cêntimo, digamos… 23.000 euros.
QUATRO MIL E SEISCENTOS CONTOS, na moeda antiga.
POR DIA!

Quantos ventiladores se comprarão com 4.500 contos?
Nem que seja apenas UM!!!!

PS: Não cobro nada pela ideia, mas podem imprimir também este artigo e, sei lá, enviá-lo por fax para Viseu. Pode ser que os artistas da bola até consigam ser solidários. Afinal é só o valor de UM dia dos muitos que vão receber.
Se quiserem, eu assino.

Ultrajante

Duas notas introdutórias:

1.ª nota – Como me acontece de dois em dois meses, hoje lá fui à Farmácia levantar a pafernália de medicamentos indispensáveis para ajudarem a que mantenha a minha qualidade de vida;
gastei, como prova junta – e faltou um, que não estava disponível – quase 20 contos, na moeda antiga.
De cada vez que isto acontece, lembro-me das pessoas de idade, com reformas de 35 e 40 contos que precisam de acompanhamento médico.

Eu ainda ganho mais de 1000 euros por mês… mas, e os reformados?
2.ª nota – Já não é novidade para quem habitualmente me lê, sou um leitor/comprador compulsivo de jornais. Compro pelo menos cinco diariamente, deixando de fora o fim-se-semana quando lhes junto mais dois semanários. Claro que não tenho tempo para ler tudo. Por isso, um dos dias da minha folga é dedicado exclusivamente a “passar os olhos” por tudo o que comprei e não tive oportunidade de ler antes.

Por isso, só hoje reparei na notícia que o Correio da Manhã nos deu – com algum destaque, é verdade, mas já lá iremos – no passado dia 21.

Como reproduzo aqui ao lado, cada um dos 23 ponteaboledores de bola escolhidos para representar Portugal no próximo Europeu ganha uma diária de… 700 euros. Para os “alfinetes” porque estão com dormida paga, com refeições pagas, com… tudo pago.

Que alguém me tente explicar… porque é que quem ganha caixotes de dinheiro, tem ainda que receber, tirado do erário público, 140 contos por dia? Para quê? Para comprar gelados? Jornais? 700 euros? Mais do dobro da maioria das reformas que, quem trabalhou toda a vida, recebe.

Ah!... E o senhor Scolari, que até pode ser o melhor do Mundo na sua profissão - eu, pessoalmente, atino com as suas decisões, gosto de quem, podendo... manda!, defende os seus mininos -, escrevia, o senhor Scolari recebe de diária... sentem-se: 1.700,00 €.
Não é chocante. É ultrajante. Vergonhoso.
Quase diria pornográfico.

Que MERDA país é este?
Imagino-me no lugar de um chefe de família, trabalhador sem vínculo nenhum, que, trabalhando 12 horas por dia não ganha mais de 350/400 euros…

Mas porquê? Porque é que acontece isto?

Os artistas - a ver vamos, a ver vamos... que a campanha Coreia/Japão só já a esqueceu quem tem memória curta - estão instalados num hotel de 5 estrelas.
Têm as refeições à borla… vão participar num Europeu onde – e todos pensarão nisso – podem, se as coisas correrem bem, potenciar o valor dos respectivos contratos.

Porque é que o contribuinte - NUNCA deixa de ser o contribuinte, mesmo que o dinheiro, sustentam, venha da UEFA - tem que pagar ainda mais este “prémio”?
Não, não tentem explicar porque eu não estou com disposição de aceitar seja lá que explicação me queiram dar.

É ultrajante. É pornográfico. É indecente. É inaceitável.
140 contos/dia para… comprar chocolates?
Pastilhas?

Os reformados que recebem metade disso por mês deviam desembarcar em Viseu e fazer-se ouvir.
Atenção que estes 140 contos estão garantidos até ao dia em que a Selecção seja afastada da prova. De fora estão os prémios regateados por estes… representantes do País.
Mas que representantes?

No mínimo, repito, no mínimo – e jamais deixaria de ser ultrajante – cada um dos jogadores devia ser obrigado a devolver todo o dinheiro no caso de não virem a ser campeões.

Porque com todas as mordomias que têm, ganhar não é opção, teria mesmo que ser obrigação.
Mas porque é que isto acontece? Quem é que nos está a ROUBAR descaradamente?

Não se admirem que a história venha a repetir-se. A próxima revolução já não será sustentada por oficiais milicianos, mas tenham em atenção os pata-ao–léu…

Ah!, não menos importante, o... jornal, fez nesse dia manchete com o caso de uma rusga da PJ à sede e moradas de Corredores de uma equipa de Ciclismo.
Definidamente, muito mais preocupante do que estarmos a pagar 140 contos/dia a cada um dos 23 jogadores que ganham mais que o primeiro ministro deste País.

V E R G O N H A!...

terça-feira, 20 de maio de 2008

Não Se Deve Rir Do Mal Dos Outros, Mas não Fui Eu Quem Começou...

Já caía a tarde, naquele lusco fusco que antecede a noite, quando o Pedro - um companheiro de Redacção entrou pelo Nacional adentro gesticulando.

"Fod... (fala-se muito mal nas redacções... mas ao menos não cuspimos para o chão, como os futebolistas), sabem a melhor? A gasolina vai aumentar outra vez. É a terceira vez nos últimos cinco dias! P'ró c..., vou comprar um skate e vou fazer os serviços de skate..."

Eu, no meu cantinho, onde fico quietinho sem fazer ondas, abri o rosto no mais largo e provocador sorriso.

- Meus caros, há três meses atrás meio País deu um passo em frente a aplaudir a decisão do (des)governo do senhor Pinto de Sousa que proíbia que se fumasse em quase todo o lado - excepto o próprio Pinto de Sousa, numa viagenzinha de avião, longa de oito horas -; meio País ficou a rir-se de mim, e dos outros que, agora, para queimarem um cigarrito têm que descer à rua. A verdade, é que, pelo que li recentemente, as quebras na venda de tabaco estão já na ordem dos 35%. DE FACTO, o Governo perdeu 1/3 do dinheiro que embolsava à custa dos malfeitores dos fumadores. E olhem que é muito dinheiro, tendo em conta que o Imposto sobre o Tabaco ultrapassa os 60% do preço por maço de cigarros...

E como tapar esse buraco? Ah, pois... indo ao bolso - agora não de metade dos portugueses, mas de QUASE TODOS porque há famílias com dois e três carros - dos que andam de pópó...

E eu a rir-me. Paguem e não bufem. É muito bem feito para aqueles que me escorraçaram de cafés e restaurantes só porque interiorizaram que o fumo do meu cigarro faz mais mal do que estar 2 minutos parado para atravessar a Avenida da Liberdade em hora de ponta.

Por mim... aumentem a gasolina para os 50,00 € o litro...

Isto antes de me decidir a pedir que proíbam pura e simplesmente o trânsito de carros particulares dentro das malhas urbanas. carros... só na Auto-estrada. Não tenho eu que descer 60 degraus para fumar um cigarro?

Tirando o meu (já não chega a um por dia) maço de tabaco, a minha pegada poluidora é ZERO. Só ando a pé, de comboio e de metro, ambos não poluentes...

Abaixo os carros. Subam mais a gasolina... E eu ralado!...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Que Raio de País É Este?!...

Belisquei-me, tentei perceber se estava, de facto, acordado, embora a tarde já fosse a meio.
Seria efeitos da medicamentação?
Não!...
Infelizmente nem uma coisa nem outra.

Imaginei-me na pele de um estrangeiro - que soubesse português, estivesse a par da nossa realidade e a ver televisão àquela hora - a perguntar a mim próprio...

... Mas será possível que o ASSUNTO DO DIA seja o facto de o 1.º ministro ter acendido um cigarro?
Ok, foi num avião.
Mas o avião não era de uma carreira regular, era um charter fretado para levar uma delegação nacional em visita de Estado a um país estrangeiro.
Ok... charter pago com o dinheiro dos nossos impostos - incluindo os NOSSOS, os dos fumadores - e aí perceber-se-ia o choque dos fundamentalistas anti-tabaco. Ou não?

Quem deveria ter-se mostrado indignado era eu - aqui representando todos os fumadores - porque há meses que não posso fumar um cigarro sentado, a seguir à bica... porque não há onde.

Mas que país é este?
É proíbido fumar nos vôos de carreira regulares, mas será que nos aviões privados os seus proprietários não fumam?

É proíbido fumar nos transportes públicos, mas cada um, no seu próprio carro, se quiser fuma.

Um desgraçado de um país onde figuras como o malfadado "major" Loureiro ainda acredita que quem berra mais alto é que tem razão; onde o Pinto da Costa compara uma sessão de tribunal com a ida à retrete para uma mijadinha - e brinca com a nossa inteligência ao querer fazer-nos acreditar que, sabendo (não sabia nada... senão não tinha sido apanhado!) que tinha o telemóvel sob escuta, e das escutar não constar esse telefonema, isso o iliba de ter marcado um almoço com os amigos...
... até eu tenho três telemóveis, sendo que um deles é de pré-pagamento, pelo que ninguém conseguirá ligar o respectivo número à minha pessoa desde que eu não o "carregue" a partir da minha conta bancária. E não há cabines telefónicas? Brincamos ou quê?... E não há lacaios para fazerem eles esses contactos?

Não somos mais do que um desgraçado de um país que ontem parou, não porque os combustíveis aumentaram outra vez; não porque é indisfarçável que as gasolineiras estão a agir em cartel (caramba!, nem UMA deixou de aumentar o preço dos combustíveis, se não é combinado...), mas porque... o primeiro ministro acendeu um cigarro num vôo charter.

E este veio pedir desculpas. E dizer que vai deixar de fumar.
Adivinhem o que vai acontecer na próxima vez que for apanhado com um cigarro na boca!...

Não somos um país, somos um borrão no mapa!

terça-feira, 25 de março de 2008

Fasciszóide!...


Vamos acreditar no acaso!
Façamos, colectivamente, esse exercício e saibamos tirar dele a devida conclusão.

No mesmo dia em que estudantes revelam que “vigilantes”, recrutados entre reformados das forças de segurança, estão de olho nos contestatários, nas diversas escolas, o governo do tal Pinto de Sousa, pela voz de um sub-secretário de Estado vem apelar a que os nubentes declarem, em ficha oficial existente, quem lhes pagou o vestido para a noiva e o fato para o noivo.

E querem também saber quanto e a quem pagaram para filmarem a cerimónia, quanto pagaram para as fotos… acho que se lhes escapou o quanto deram de gorjeta aos empregados que estavam de serviço ao banquete.

“Vigilantes” nas escolas, como nos maus velhos tempos do Veiga Simão, antes de 74. E os noivos obrigados (!!!) a descriminarem que prendas receberam e quem lhas deu.
Tudo em nome da transparência fiscal.
Tudo, quando se somam as notícias de grandes e tortuosas engenhocas das grandes empresas que operam em “off-shores” e que estão, de facto, a roubar o Estado.

A roubar-nos a nós todos.

Na ânsia de colectar impostos, o senhor Pinto de Sousa já deixou de pensar.


Segue, neste momento, de freio nos dentes e cuidado a quem se atreva a atravessar-se-lhe à frente.
Há motoristas particulares ao serviço do executivo que levam para casa mais dinheiro que alguns funcionários públicos a desempenhar cargos de chefia?
Que interessa isso perante o abominável que será oferecer a um casal de nubentes um serviço completo de chá, e não o declarar no impresso do IRS?
Está tudo doido.

E já nem falo aqui – agora – de outros exemplos porque não faço a mínima ideia de quem vai ler isto. Sim. Tenho MEDO.


Este “governo” socialista está a enveredar por práticas pidescas e o que nos vale a nós, hoje, é estarmos – podermos estar – precavidos contra isso.

Enquanto empresas, sejam elas de contínuo exercício da restauração, ou prestadores de serviços eventuais; sejam elas vendedoras de flores, fotógrafos ou seja lá o que for, estão, por princípio, obrigadas a ter que prestar contas ao Estado.

Então… porque há-de o Estado, em mais um abominável apelo à delacção, querer obrigar os nubentes a preencher um formulário – sobre o qual tenho as minhas dúvidas quanto à sua legalidade – onde terão que dizer quem lhe prestou os serviços e quanto cobraram por eles?

É pidesco o método.
Não admira que se envergonhe até o Mário Soares que nunca me mereceu grande confiança por causa dos seus afamados jogos de cintura, capaz de negociar de forma a ficar de bem com deus e o diabo.
Se até este dinossauro socialista se interroga…

São as polícias a tentar saber que professores se preparam para se manifestar; é, agora, esta denuncia – não negada – de que a mesma polícia, a mando do Estado, está a tentar controlar os alunos; é todo um turbilhão de acontecimentos que nos embrulha e deixa sem saber o que pensar… e, em caso de dúvida, pensemos o pior.

Somemos tudo.
O senhor José Pinto de Sousa, o Governo chefiado pelo senhor José Pinto de Sousa, está a cercar o comum dos cidadãos, apertando-os num laço que lhes tolhe os movimentos, que os condiciona, que os amedronta…
Bem ao estilo daquilo que o doutor Oliveira Salazar fez durante 40 anos.

Quem o nega?
Quem se atreve a contrapor?

Pois se é verdade…

sexta-feira, 21 de março de 2008

Origens...


Há, dizem, animais no seu estado ainda selvagem, que percorrem centenas de quilómetros para irem morrer ao local onde nasceram.
Ninguém ainda sabe explicar porquê.
Eu tenho muitas saudades do meu Alentejo...

quinta-feira, 20 de março de 2008

E NÃO OS PODEMOS MANDAR CALAR?

"Quem quer ser Miliomário"

Pergunta: Para além do alemão e do francês, qual é a oura língua oficial do Luxemburgo?
Hipóteses para a resposta: Português, Inglês, Luxemburguês e Basco...

O "concorrente" pediu ajuda ao público...

Culturalmente analfabetos mas incapazes de resistir ao "apelo" de podere ter CINCO MINUTOS de... "fama" na TV.

Triste país o nosso em que não se sabe mais do que vai para além do fundo da nossa ruazinha...

Professores... estou Convosco!

O TeleJornal da estação pública abriu hoje com imagens chocantes de uma já espigadota aluna a lutar com uma – aparentava, pelo menos – quarentona professora, pela posse de um telemóvel que esta lhe terá apreendido.

Antes da indignação, tentamos ser objectivos.

A professora foi levada a tirar o telemóvel à moçoila – que por acaso já tem bom corpo para levar uns chapadões na cara – porquê?
Porque sim? Porque embirra com telemóveis? Porque embirra com a moçoila?

Eu já não acredito no menino jesus nem no pai natal – e assim que descobrir como é que ele põe os ovos, deixarei, de certeza, de acreditar no coelhinho da páscoa -, por isso sou levado a deduzir que a adolescente mal educada estava a usar o aparelhilho no decurso da aula.
O que fará em todas as aulas, mas na desta professora as coisas deram para o torto.

Pelo meio deixo uma confissão: eu jamais seria professor.

Não, neste momento. Aliás, não, desde de há duas décadas para cá.
E não seria professor porque, provavelmente, seria expulso pelo Ministério da Educação, coagido a isso por veemente protesto de uma meia dúzia de pais.

Retomo o assunto, tentando não confundir o leitor.
Ser professor, hoje em dia, é uma profissão de risco.

Não tenho a mínima dúvida em escrever isto e sustento-o.

Jornalista enviado-especial para cenário de guerra?

Uma brincadeira.
E depois, não acontece isso todos os semestres.

O professor tem de tentar sobreviver oito ou nove horas por dia, cinco dias por semana, 40 semanas por ano.
São uns heróis.

O drama é que a actual… (falsa) forte personalidade dos jovens é mentira.
É falta de educação; é falta de respeito para com terceiros; é uma manifesta falta de cultura social. Cada um destes jovens senhores do seu nariz pensa que o mundo gira à volta do filho da mãe do piercing que tem implantado no umbigo.

Depois, são malcriados por culpa dos pais.
E não me venham com cenas, tipo, ah! os pais trabalham todo o dia, não têm tempo…

Ok, eu caminho para os 50 anos e a minha realidade não tem nada a ver com esta, mas a minha mãe, era eu pequenininho, trabalhava no campo e na época da monda do grão, a tarefa era para cumprir entre as 4 ou 5 da manhã, até às 8 ou nove. E o meu pai teve que emigrar…

Não foi por isso que eu não aprendi a respeitar os mais velhos, os professores, os chefes… conforme os degraus que todos subimos ao longo das nossas vidas.

O que há minutos atrás vimos era impensável no “meu tempo”, mas não deveria acontecer nos dias de hoje.

Uma adolescente em luta corpo-a-corpo com uma professora bem mais idosa que a sua própria mãe e o resto da turma a rir-se, enquanto um deles filmava a cena.

Que depois pôs na Internet.
Inconscientemente, melhor, sem o mínimo de tino – o que o coloca ao lado da valentona – proporcionou que uma das muitas, muitas, muitas – demasiadas – cenas de violência em salas de aulas tenha saído daquelas quatro paredes.

O que, infelizmente, teria acontecido de imediato se a professora – a senhora até é franzina, talvez por isso, mais não fez do que esquivar-se às investidas da recém desmamada armada em gente grande que luta pelos seus direitos -, dizia, o mesmo não teria acontecido se a professora (ou se fosse um professor) lhe tivesse espetado uma bela bofetada com quantos dedos tem na mão.

A notícia de abertura do TeleJornal teria sido outra.
Infelizmente teria sido outra e teríamos tido os pais – que nem merecem o nome, porque não sabem educar os filhos – a perorar contra a pobre da professora.

A questão que a nossa sociedade tarda em entender é que, com este ambiente, os professores não conseguem – não podem – levar a bom termo a sua missão.

Há algo de comum entre ser-se professor e ser-se jornalista, talvez por isso eu os entenda.

E tenho uma irmã – mais nova – que é professora.
E sou obrigado a reconhecer que a sua actividade comporta maiores riscos que a minha, mesmo que meia dúzia de atrasados mentais (com a ressalva de que não me refiro a quem sofre de doenças limitativas), só porque são apaniguados de uma determinada cor, tenha vontade de me chegar a roupa ao pelo por causa das minhas opiniões.

Quando os professores se queixam, se manifestam, quando reclamam – mesmo em relação à questão de avaliação (*) – o cidadão, que tem filhos na escola, que conta com a escola para colmatar a sua própria falta de presença (não se escandalizem, é verdade, há pais que lamentam que os filhos só estejam 12 horas na escola, porque com eles em casa às sete da tarde já não podem ir jantar fora), quando os professores se queixam… têm razão.

“arcanjos” que ainda se perguntam, raiva esmagada no ranger de dentes, porque é que os professores têm medo da avaliação?

Perguntem-se, se - como eu penso, são pessoas de bem - como é que os professores AGUENTAM ser o elo mais fraco desta política de educação.
Sem preconceitos.

Não é medo da avaliação.

Pelo menos para a maioria porque em todas as profissões há bons e maus profissionais,

Será aquela nuance, normalmente escondida do grande público.
Um professor, hoje em dia, é um – passe a expressão – boneco nas mãos dos seus alunos.
Porque se estes não são ensinados a respeitar os próprios pais, como é que respeitarão um desconhecido?
E depois os jovens são, está provado que são, mais espertos até de quem escreve as Leis e os regulamentos.
Sabem que podem enfrentar um professor.
Sabem que este não pode responder à letra, sob o risco de se ver acusado de exercício desajustado de poder.

Que poder?
Que poder têm hoje os professores?
E, valha-nos aquele que a maioria ainda acredita existir e se dá por deus.
Deus uma ova.

* Tenho uma estória engraçada, que aconteceu há para aí 20 anos.
Existia, aqui em Alverca, uma rádio, das chamadas piratinhas.

Eu era o Director de Antena, o que significa, director-executivo.

Personagem mais, chamemos-lhe… “respeitável” – eu era operário fabril e ele estudante de medicina – foi convidada pela Escola Secundária Gago Coutinho, aqui em Alverca, para conduzir uma aula sobre Comunicação Social.
À ultima hora não pode estar e uma aluna do curso – que também era colaboradora da Rádio (a Elsa Frazão) – pediu-me para que lá fosse porque “o pessoal está muito entusiasmado com a rádio”.
E eu fui.

Ainda eu não estava a falar há cinco minutos e já o bueréré se sobrepunha ao que eu dizia. Olhei a professora que me devolveu o olhar, desarmada.

Desci do estrado – que coloca o professor um pouco acima do plano onde ficam os alunos – dirigi-me ao “palhaço” (uso o termo porque ele a ele se proporcionou, num claro decalque do que aconteceria nas outras aulas) e mandei-o para a rua.

Como eu estava, claramente, fora da área docente – e porque o rapazola, não me conhecendo, não sabia como reagir – não desistindo eu, junto à cadeira que ele ocupava, de o mandar sair imediatamente, ele saiu.

E os outros, que até se mostravam interessados no Jornalismo, participaram vivamente na “aula” sem que mais alguém se atrevesse a… ser “engraçado”!

Eu sei que isto não pode acontecer com o professor, no dia-a-dia.
Só porque amanhã vai ter o mesmo engraçadinho na mesma aula…

Isto foi só um exemplo, mas tinha que o escrever aqui para sustentar o que a seguir vou escrever.

Naquela turma, naquela escola – Carolina Micaelis, no Porto – aquela franganota não punha mais as asinhas…
Os pais que se preocupassem com a sua educação. Na MINHA aula… NUNCA MAIS.

Agora, mesmo os pais exemplares que têm filhos exemplares – que são objectivamente prejudicados por estas “madonas” – são capazes de sair em defesa da professora?

Tenho, infelizmente, a certeza de que não.
Primeiro, porque isso obrigaria a mais uma preocupação… estar atento e responder em consciência ao mais pequeno pormenor do que acontece na escola.

Depois, porque – mentes pequenas, pensamentos descartáveis – a maioria dos pais acha que os professores não tem razão.

Isso viu-se nas últimas semanas, por causa da luta dos professores.
Li alevoseidades extremas.

Insanas.

Porque é que os Profs não aceitam "esta" forma de avaliação?

Porque não têm a certeza da justeza dessa própria avaliação...

ESPLICADO OU É PRECISO FAZER UM BONECO????

Não vale a pena insistir.
O exemplo hoje dado a conhecer a todo o País pela RTP corta tudo pela raiz.

Que valor terá a avaliação de uma professora, mais de 40 anos, mãe; provavelmente… avó, que é publicamente, perante toda a turma, desautorizada?,Que é VIOLANTADA, por um rebento de mulher (porque já não era tão jovem assim)?

Para quem pergunta… porque é que os professores têm medo de ser avaliados?
Eu respondo: quem defende os professores que esborracham o nariz, num soco bem direccionado num aluno que leva para a Escola a má – a falta – de educação que lhe é dada em casa?

O que cultivamos em casa já não serve – definitivamente, já não serve – para estabelecer um determinado padrão.

E lembro-me da “Balada de Hill Street”.
O Sargento dizia sempre… “Let’s Go Out There, But… Be carefull”

Este artigo estendeu-se – e teve chamadas à parte – no entanto eu não vou deixar de vincar aquilo que realmente penso.
O que EU PENSO.
Que sei que muitos professores pensam mas eles não podem fazer.

Eu DAVA UM BOM PAR DE CHAPADAS à chavala que vi na abertura do Telejornal.
Se calhar depois tinha que dar ao pai também…

domingo, 16 de março de 2008

Ao Contrário de Vocês... Nós Sabemos Respeitar

A companheira do senhor José Pinto de Sousa, por acaso primeiro-ministro de Portugal, gasta hoje mais uma página da notícias-magazine – ela é jornalista - com um mui sublime acto de propaganda pró-governo.
O motivo: passaram 78 dias (é nisto precisa) desde que entrou em vigor a Lei-anti-fumadores e parou o espernear por parte destes.

Mentira. Fossem os fumadores tão fundamentalistas quanto os que lhes deu para embirrar com eles e teríamos por aí uma guerra-aberta.
Ao contrário de vocês, nós sabemos respeitar...

De certeza que, até para bem da harmonia do (seu) lar, seria preferível que as preocupações do PM se centrassem em dois ou três casos (que seriam sempre de polícia) de alguns fumadores fundamentalistas do que ter que aturar 300 mil professores em manifestação.
Mas os amaldiçoados fumadores deram a todos uma grande lição cívica.
Apesar de hoje nos sentirmos – eu sinto-me – completamente descriminados.

É verdade! Saio para desentorpecer as pernas e já dei comigo a olhar com alguma inveja – principalmente nestes dias em que choveu – para o interior dos cafés onde algumas pessoas lêem o jornal, fazem as palavras cruzadas… passam o seu tempo.

Eu, para passar o meu tempo, desço a Avenida, vou ao fundo da Quinta da Vala e volto para trás pela Estrada da Estação. Atravesso a Nacional 10 frente ao cemitério velho, vou até ao largo do Mercado, atravesso de novo a Nacional 10 e… desço a Avenida.

Apetecia-me sair da chuva. Apetecia-me sentar-me numa mesa de café e ler o jornal.
Fazer as palavras cruzadas enquanto fumava um cigarro...
Não posso.
Está-me interdito.

A Lei-anti-fumadores está ferida de inconstitucionalidade porque, para proteger uns, descrimina ostensivamente outros.

Devia ter sido como em Espanha. Cada proprietário era livre de decidir se na sua casa se fumava ou não. Sem essa ridícula necessidade de se instalar um equipamento que ainda ninguém conseguiu encontrar no mercado.

Como eu sou obrigado a passar pelos dísticos que me avisam que lá dentro não se pode fumar, porque é que os que não querem apanhar fumo não terão de ser obrigados a passar por uma ou duas casas até encontrarem uma onde não se sentissem incomodados?

Os que queriam fumar saberiam que não podiam entrar nuns, e os que não suportam o fumo, sabiam que nesses não deviam entrar.
Procurassem um onde fosse proibido.

Democracia é poder escolher.
Com o senhor José Pinto de Sousa estamos a aprender que, a bem da nação, escusamos de nos preocupar com isso, que alguém no governo escolherá por nós.

António de Oliveira Salazar pensava exactamente da mesma maneira.
Porque haveria o Zé Povinho de se preocupar a escolher?
Não, ele providenciava as escolhas e o povo só tinha que acatar o emanado de cima.

Agora, o governo socialista (!!!) decidiu… decidir quem é que pode usar piercings e tatuagens.
Um dia destes decidirá quem é que pode andar sentado nos transportes públicos, e quem é que terá de viajar de pé…
Depois seguir-se-ão os restaurantes para quem vai de fato e gravata;
as casas de banho e os bebedouros públicos que podem ser utilizados por uns, e por outros…
Ainda se lembram da África do Sul do apartheid?

Embora a Serra da Estrela fique no meio, em linha recta Santa Comba Dão não é tão distante assim da Covilhã. E, esteja lá onde estiver, o velho Botas há-de estar a olhar para nós com um sorriso malandro nos lábios.
E orgulhoso deste José Pinto de Sousa.

Que, infelizmente, não tinha mesmo jeito para fazer projectos de casas tipo maison, com marquises de alumínio e teve que se dedicar à política.
Para mal dos nossos pecados.

Eu tenho uma ideia!
Porque não avançar – e o mais depressa possível – com a avaliação dos nossos políticos?

País Filho da Puta

Os factos, já os sabia.
Tinha lido.
A conclusão do processo é que me surpreendeu.
Veio tudo n’O MIRANTE.

Dois putos, entrando no comboio em Alverca e só porque sim, chegaram-se junto a um passageiro e, presumo que delicadamente, pediram-lhe que lhes oferecesse o seu telemóvel.
Este, porque provavelmente tinha estima no seu aparelhinho, não os satisfez e foi vítima de agressão com socos e pontapés (leiam aqui).

Um dos meliantes ainda sacou de uma brinquedo em forma de bastão com dois palmos mais ou menos bem medidos, que só não usou porque entretanto apareceu o revisor que… apelou à calma (sic).

Conjugaram-se os astros para que, com a coisa mais ou menos controlada, o comboio parou na estação seguinte, a Póvoa, onde estava uma patrulha da divisão Metro/CP, da PSP, à qual o agredido apresentou queixa, identificando os agressores.

São jovens. Não pensam.
Aguadaram o julgamento em liberdade e a Senhora Juíz, quando do julgamento, mesmo reconhecendo que os actos provados tinham sido graves, mas porque os candidatos a meliantes ainda são dois jovenzinhos de 17 e 18 anos, suspendeu-lhes a pena de dois anos de prisão, que enquadra o crime, por… dois anos.

Quando em trabalho, faço a viagem Lisboa-Alverca todas as noites e já tive de suster a respiração, não por ameaça concreta, mas por latente situação que pode descambar para o roubo com ou sem violência.
Sei que não estou livre destes jovens a quem, juízes como esta Senhora – que, evidentemente, não andam de comboio às duas da manhã – acham poder dar uma segunda oportunidade parecendo que não percebem a festa que terá sido quando ambos terão chegado à sua zona de residência e acolhidos como heróis.

E, é mais do que certo que, por mais que não seja para poderem gabar-se do mesmo, outros compinchas já planearam – provavelmente já perpetraram – valentia idêntica.

O que aqui está em causa é a defesa do direito de qualquer cidadão em poder usar um transporte público sem se sentir amedrontado, muito menos atacado, seja física, seja verbalmente, por estes jovens heróis.

Imagino-me cansado, ao fim de mais de 12 horas de trabalho, mal comido, com vontade de me deixar cair na minha cama, medindo a olho os quilómetros que me separam da estação de Alverca – de onde, depois, ainda tenho de fazer dois quilómetros a pé até minha casa – e, de repente, um daqueles ganguezinhos que não raro entram ali pela gare do Oriente, se me dirige a pedir-me, de bastãozinho na mão, o meu telemóvel.
Ou o meu relógio.
Ou a minha pasta que, parecendo uma vulgar pasta de computador portátil, não leva mais do que os jornais do dia que comprara de manhãzinha na ida para o trabalho.

Que faço?
Dar-lhe o que é meu, nem pensar.

Vejo-me a tentar manter a calma, a meter a mão no interior do casaco e, não vá o diabo tecê-las, antes de dizer… surpresa! ora vejam, disparar a arma para a qual tenho licença de porte e uso para defesa pessoal.
O que me agonia é ter quase a certeza de que não encontrarei, quando do julgamento por ter disparado, a mesma Senhora Juiz para deliberar, tendo em conta a minha conduta irrepreensível, enquanto cidadão que até paga impostos, e livrar-me da prisão.

Filho da puta, País este.

quarta-feira, 12 de março de 2008

E os Burros São Eles…

Não há muitos dias que li, ainda que de relance, um dos opinion-makers da nossa praça a referir-se em termos menos graciosos aos concursos que assentam na Cultura Geral e que os diversos canais de televisão transmitem. O melhor exemplo é, sem dúvida, o “Quem Quer Ser Milionário”.

O “Preço Certo” conquistou o seu espaço porque é um jogo de sorte pura – mesmo que se tenha mais ou menos a ideia de quanto custa uma depiladora para… homens (!!!) – até porque se for o último a responder, pode acontecer que um dos três anteriores a palpitarem já tenham acertado, e porque junta o povão.

Vejo e entretenho-me.

Ora, se o objectivo é esse, o de entreter os telespectadores, há muito que a aposta foi ganha. E depois não concordo nem um bocadinho com os militantes da maledicência que – não será dor de corno? – acusam o bonacheirão do Fernando Mendes de interesseiro e abrutalhado quando o tema descai para a comida.

O Gordinho gosta de comer e não o esconde; fala de petiscos, brinca com a sua gordura mas expõe-se totalmente.

Isto é, dá – propositadamente, tenho a certeza, eu que já tive o privilégio de o cumprimentar no Restaurante A Floresta de Moscavide (um ninho de lagartos, sem ofensa, até porque lá tudo é bom, do serviço à qualidade da comida) -, dizia eu, dá o flanco porque ele é assim mesmo e está-se nas tintas para os falsos moralistas.

E o programa tem o sucesso que tem porque é ele a apresentá-lo.

Imaginem – não é difícil porque foi o primeiro a apresentá-lo – o Jorge Gabriel (que no já jurássico ano de 1991 foi meu companheiro na Volta a Portugal, ele pela TSF, eu pel’A Capital, mas fazendo a Volta juntos).

Trazia-se um bolo para lhe oferecer? Um boneco que salta de uma caixa?
Profissional imaculado, como o é, o Jorge levaria a brincadeira, mas o Gordo é o Gordo. Está muito mais próximo do tal povão, que é o alvo do programa, e que municia o grosso dos concorrentes.
O “Preço Certo” está bem entregue.

O que a seguir vou escrever não quer dizer que o “Quem Quer Ser Milionário” não está bem entregue ao mesmo Jorge Gabriel.

Não! Antes pelo contrário…
Mas desviei-me um pouco do objectivo deste artigo.

O que está em causa não são os concursos, não são os apresentadores, mas sim… os concorrentes.

É confrangedora a preparação – sendo que o Concurso apela à Cultura Geral – dos concorrentes.

Hoje mesmo, há minutos atrás, um jovem estudante de Medicina é confrontado com uma pergunta – e só tem que escolher entre quatro respostas, nem tem que levar os livros decorados – sobre um caso médico… não soube responder.

Repito: um estudante de medicina não conseguiu identificar entre quatro termos médicos, aquele que correspondia à resposta da pergunta que lhe foi feita. Deus nos acuda de cair no seu consultório. Digo eu que sou agnóstico!...

Como seria de esperar, os candidatos a concorrentes deste “Quem Quer Ser Milionário” são, na esmagadora maioria – para não arriscar o na totalidade -, mais jovens e vindos de um extracto social bem mais alto do que as cabeleireiras, as donas de casa e os aposentados que preenchem o “Preço Certo”.

A vida – por mais tempo de antena que o PS nos faça pagar (claro que somos nós que pagamos!) – está mal para a esmagadora maioria e só o “carneirismo” leva a que larga – por enquanto – franja dos “comidos” ainda ache que os professores não têm razão.

Os jovens não têm perspectiva de futuro, não têm casa para morar, não têm empregos… vale-lhes a esperança no Euromilhões e, aos mais desenrascados (ou inconscientes?) o “Quem Quer Ser Milionário”.

Com que cara – se é que alguém lhe ensinou esse valor, o de ter vergonha na cara – aquele jovem estudante de medicina aparecerá amanhã na faculdade depois de ter falhado uma resposta de Trivial, ligada à área que era suposto ele dominar?

Mas o drama nem foi posto a descoberto hoje. Não!

Basta todos os dias ficarmos à espera deste… concurso, para ver que, gente com preparação superior à média nacional tropeça em perguntas de algibeira que qualquer pessoa da minha geração – aprendíamos os rios e seus afluentes, mais as linhas férreas, não só da… Metrópole, mas também de Angola e Moçambique… na 4.ª Classe – responderia com muito maior facilidade.

Refraseio: o drama nem é este.
O Drama é que serão estes jovens que daqui a meia dúzia de anos vão mandar em nós.
Que o Diabo nos ajude!...

domingo, 9 de março de 2008

Gestos Simples com Significado


Moro num pequeno bairro sem ostentações, onde mora gente simples.
Toda a gente se conhece, mesmo que alguns [acuso-me] cultivem a sua independência, mantendo um distanciamento confortável para evitar confianças exageradas.

Moro num pequeno bairro que, no todo, forma uma grande família.

Moro num pequeno bairro que tem um pequeno centro de convivio, à frente do qual estão três mastros onde, em datas festivas, se hasteiam as bandeiras nacional, da cidade e da associação de moradores.

Moro num pequeno bairro que se une à volta dos que passam por momentos difíceis.
Onde as perdas de uns são assumidas por todos.

Moro num pequeno bairro que sobe a meio mastro a bandeira quando morre um dos seus. Nunca tinha reparado nisso!
Vi-o há pouco.
Não há muitos bairros que comunguem, assim, a dor da perda de um dos seus.

Gente simples, sem ostentações, mas solidária.
É o meu bairro.

Não é para reflectir, é para ficarmos indignados mesmo

Façam o favor de ler... (aqui)

E envergonhemo-nos...
Todos!

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Falta de DECOro

Sou associado da DECO há já largos anos. Porque, enquanto consumidor, e sabedor de que os nossos direitos são multiplicadamente atropelados nas mais diversas situações, acho que devo ajudar a associação na sua subsistência.

Nunca precisei da sua intermediação... mas posso precisar amanhã. E há outros que vão precisando, no dia-a-dia. Não é exactamente barato ser associado da DECO, mas paga-se.

Na última edição da sua revista, a DECO-proTESTE julgou o funcionamento das estações dos CTT em Portugal. Já analisou, nestes anos todos, mil e uma situações, desde oficinas de automóveis a reparadores de torradeiras eléctricas. Como não tenho nem uma coisa nem outra, passei os olhos, lendo sem ler. Mas vou quase diariamente aos Correios.

Estranhei que a associação se abespinhasse porque os seus elementos, em média, esperaram mais de dez minutos para serem atendidos. Eu, normalmente, se me despachar no dobro do tempo já saio contente. Daí... li o resto.

Entretanto, ontem li o que Luís Nazaré, presidente dos CTT, disse ao Diário de Notícias e voltei à revista.

Ok, francamente, desta vez - mas fica a terrível dúvida: quantas vezes eu terei acreditado na boa fé da DECO? - a associação excedeu-se.

Um exemplo: propositadamente, o representante da associação, "enganou-se" no preenchimento do papelinho que temos que entregar quando registamos uma carta. Eu envio, por mês, duas cartas registadas há mais de dois anos. Já preenchi esse papelinho mais de 50 vezes.

E do que se queixa a DECO? Que o funcionário dos CTT "deixou passar" o erro/armadilha (a troca do número de polícia, no enderesso do destinatário. 43 no papelinho, 13 no envelope da carta).

Diz, e muito bem, o presidente dos CTT, que é do interesse do cliente preencher correctamente o dito papelucho mas o que me deixou piurso foi a lata da DECO. Então queixa-se que levaram 10 minutos a serem atendidos e refilam porque os funcionários não lêem, seguindo com o dedo para comparar o envelope e o papelinho, os nomes e direcções que o cliente, ele próprio escreveu?

Caramba!, um dia destes o meu tempo de demora passa dos 20 para os 40 minutos, se vamos obrigar os funcionários a emendar os erros que o cliente comete. De propósito ou não.

Não DECO, por aí não.

E volto atrás. Quantas vezes terei sido levado ao engano nos outros aprofundados estudos que me apresentam mensalmente.

E espero, sinceramente, que o objectivo de uma associação que existe para ajudar o consumidor anónimo não seja aquele que Luís Nazaré aponta.

É que, outra vez, dá para desconfiar.

A verdade é que, não raro, a revista da DECO dá grandes "notícias", até de abertura de telejornais.

Que o ego da DECO não se sobreponha à sua verdadeira missão cívica.

Existe para auxiliar o consumidor, não para ir mostrando jovens advogados nos diversos telejornais.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Nem Mais!...


Tenho a vaga ideia de já antes ter lido isto, contudo, e porque o acho pertinente, como hoje voltei a recebê-lo no meu mail, resolvi colocá-lo aqui. Pode ser que ainda haja quem não tenha lido...

Durante um debate numa universidade dos Estados Unidos o actual Ministro da Educação [do Brasil] Cristovam Buarque foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia (ideia que surge com alguma insistência alguns sectores da sociedade americana e que muito incomoda os brasileiros).

Um jovem americano fez a pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro.
Esta foi a resposta de Cristovam Buarque:


“De facto, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado comesse património, ele é nosso.

Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também a de tudo o mais que tem importância para a humanidade.

Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro...

O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado.

Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono ou de um país.
Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais.
Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo.
O Louvre não deve pertencer apenas à França.Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietárioou de um país.

Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA.
Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada.

Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA.

Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da sua dívida externa.

Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.
Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro.

Ainda mais do que merece a Amazónia.

Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.


Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.
Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa.
Só nossa!”

Este discurso não foi publicado na américa de George W. Bush.
Foi CENSURADO!

Até por isso, o ponho aqui...