quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Recuso a descriminação... e depois?

Nota prévia: Sei que fumar faz mal. Sei ler e, se tal não bastasse, jamais poderia invocar desconhecimento, de tal forma tem sido intensiva a campanha anti-tabaco.

Importante: Tenho-me como um bom cidadão.
Respeitador, no que concerne às obrigações; mais do que isso, sensível em relação a eventuais mal-estares que possa causar a terceiros. Fui educado no sentido de respeitar os outros. Todos os outros.

Em troca… sempre esperei ser respeitado. Nada mais justo… pensava eu.

Daqui a cinco dias o meu pequeno vício – o de fumar – vai fazer de mim cidadão de segunda categoria. Pago os meus impostos? Pago! Pago ainda mais por ser fumador? Pago. Mas vou ser empurrado para a rua.


Porque tenho que tomar as minhas refeições fora de casa, e porque entre o aperitivo e a refeição, e entre esta e o cafézinho não vou poder ter o prazer – porque para mim é um prazer – de um cigarrinho… vou ter que acatar uma decisão que limita a minha liberdade de escolha.

Eu escolhi fumar, apesar dos malefícios que reconheço no tabaco, mas daqui a cinco dias serei proscrito.

Eu aceito que no local de trabalho, onde os meus colegas que não fumam também têm direitos, me seja interdito fumar. Mas isso porque eles TÊM QUE LÁ ESTAR. É, também, o seu local de trabalho.

Eu não discuto que em edifícios públicos, onde TODA a gente terá, mais ou menos vezes, que ir, não se fume…
Como nas estações do metro, como nos autocarros, como nos comboios urbanos, em que as viagens são, no máximo, de – em média – 25 a 30 minutos.

E há outros casos que nem sequer são passíveis de discussão.
E eu sempre aceitei e cumpri a interdição de fumar.

Daqui a cinco dias, uma lei perfeitamente autista – como tantas outras a que temos que nos submeter e feitas por políticos de aviário – vai impedir-me de me juntar com dois, três ou quatro amigos e, enquanto bebemos um café, queimamos um ou dois cigarros.

Porque a Lei é autista.

Porque somos ridiculamente provincianos.
Porque abdicamos de pensar pela nossa cabeça e adoptamos regras decalcadas de outros lados. Onde a tendência para a uniformização dos cidadãos parece ser a única forma de os ter controlados.

Aqui ao lado, em Espanha, onde o mesmo problema foi legislado há um ano atrás, respeitou-se a identidade e a vontade de todos.
Dos donos dos espaços – que não são tão públicos assim, porque há alguém a pagar impostos para os ter abertos – e dos seus frequentadores.

Cada um podia estipular se deixava, ou não, que no seu espaço se pudesse fumar.
Parece-me justo. É justo!
Ninguém saía prejudicado.

O meu café favorito, aquele onde, depois do almoço, vou tomar a bica – e fumar dois cigarros – ou ao fim da tarde beber uma cerveja decide-se por interditar os cigarros no seu espaço? Amigos como antes.

Mas eu passo para o outro café ao lado onde posso fumar.

Foi assim em Espanha.
Mas Portugal tinha que ser diferente.

De fachada. Sempre.

São tantos os vícios privados que é canina a vontade de mostrar públicas virtudes.

Os proprietários – donos, que pagam impostos – dos espaços não podem sequer fazer contas. Isto porque aquilo que deveria ser uma opção pessoal – legítima – deixa de o ser quando para se poder fumar em qualquer estabelecimento de hotelaria é obrigatória a instalação de um equipamento que… nem sequer existe.

Não há! Está provado.

Não há equipamento que impeça que uma atmosfera marcada pelo fumo do tabaco, gasosa, como é, não ocupe outros espaços adjacentes.

O que a Lei pede é impossível de ser concretizado.

Depois, a mesma Lei dá a qualquer cidadão a autoridade para se sobrepôr à… autoridade. Aqui o legislador desmascara-se. O primeiro e único objectivo – do qual, aliás, é possível encontrar irmãos gémeos – é o de que cada cidadão passe a policiar o seu vizinho.

E com isso alargar a possibilidade de o Estado poder vir a cobrar… mais multas.

Dinheiro, dinheiro, dinheiro…
Para um Governo Socialista não está mal.

O Doutor Oliveira Salazar teria gostado de conhecer o licenciado José Sócrates. Provavelmente ter-lhe-ia dado a bênção, tal a forma obscura e com o único intuito de… limitar, limitar, limitar… as liberdades dos cidadãos com que vem a governar.

O meu problema é, de facto, o não poder, livremente… ser eu.
E eu… fumo.

E pago as refeições como qualquer outro.
E daqui a cinco dias não sei onde posso ir comer.

Melhor… sei.

Não posso ir a lado nenhum, sem deixar de ser eu.

Para que os outros – mesmo que seja a maioria (será?) – garantam os seus direitos… os meus são atropelados.

Agora, e entrego as minhas esperanças todas na redacção chefiado pelo Pedro Tadeu – que foi meu colega n’A Capital, onde começou a fazer suplementos comerciais – para que no dia 2 de Janeiro possamos ter noticiário devidamente documentado com as necessárias fotos de que alguns figurões – com um bocadinho de sorte, até algum membro do governo – não dispensaram o charuto após o lauto almoço no Gambrinus ou no Tavares Rico.
Ou enquanto degustavam um Cardhu no Pabe.

E que não me apanhem no Degrau e lixem a vida ao meu amigo Manel.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Faz o que eu digo, não faças o que eu faço…

A notícia vem na edição de hoje do Expresso.
Num dos pólos de uma das escolas de Formação Profissional geridas pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, vulgo… CGTP, dos 12 professores em funções, dez estão a recibo verde.

Têm os mesmos deveres que os outros dois, que estão no quadro, mas nenhum direito.

Não têm subsídio de férias nem de Natal; pagam, do que recebem, a contribuição para a Segurança Social e, se por qualquer motivo perderem o posto de trabalho… não terão direito ao subsídio de desemprego.

A senhora que é citada na condição de Directora-geral da Escola Profissional Bento de Jesus Caraça admite que o tal pólo – cito na cidade de Famalicão – até está para fechar e esclarece que aquele estabelecimento, cito: “Respeita integralmente as regras do ensino particular e cooperativo”. Fim de citação…

Caiu-me… “aquilo” aos pés!
Mas então… que moral tem a CGTP para usar aquele blá, blá, blá, com cheiro a cassette mil vezes passada, em relação a quem… não faz mais do que aquilo que a própria central sindical faz?

O que é que virá a seguir?
Que há funcionários do PCP (ou da CGTP) com salários em atraso?
Bem… nesta ficámos a saber que há – e neste caso concreto – 83% de precários…

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

E um dia ele ainda vai, de alguma forma, mandar em mim!...

O meu velho pai vai que não vai, aproveitando os momentos que compartilhamos, conta-me histórias que vai rebuscar ao seu tempo de menino-obrigado-a-trabalhar-menino-ainda-porque-tinha-que-ajudar-no-susento-da-casa.

Está bem, o meu pai. Assim eu pudesse estar quando e se chegasse à idade dele. Mas às vezes já vai falhando. E conta-me hoje as mesmas histórias que já tinha contado há dois dias. Repete-se, portanto. Não se lembra que já contara…

Mas eu oiço sempre tentando mostrar a maior atenção possível.

Uma das histórias que mais vezes me contou reza assim:
(Recuemos 50 anos na nossa história…)

Trabalhando num montetraduzindo de alentejano para português, quer dizer, numa grande herdade (o latifúndio sempre foi a imagem de marca do Alentejo) – num final de tarde um companheiro de labuta, vendo passar a correr o filho mais novo do patrão, terá dito “devíamos era apertar-lhe o pescoço antes que comece a fazer mal à gente!”.

Contado pelo meu pai, homem perfeitamente apolítico, que tanto se lhe dá como se lhe deu, temos que despir daquela frase quaisquer conotações políticas e duvido mesmo que quem a terá proferido o tenha feito com tal intenção. O que saberia um assalariado agrícola nos anos 50 do Século passado e em pleno Alentejo acerca de política…

Eu sempre achei graça à piada, na forma como a interpretei. Ninguém faria mal ao jovem mais-do-que-certo-futuro-patrão, é evidente.

Mudaram os tempos, mudaram (mudaram?) as políticas e a verdade é que, depois de ler ou ouvir alguns jovens líderes das juventudes – seja lá de que partido forem – confesso que me lembro daquela estória e dou comigo a pensar exactamente o mesmo:

Devíamos era apertar-lhes o pescoço antes que cresçam mais e cheguem a mandar na gente.

Reparem nesta notícia (da Agência LUSA) que respiguei de um outro Blog de um amigo meu.

Líder da JP acusa deputado de...

"distúrbios revolucionários"

O líder da Juventude Popular (JP) apontou ontem o presidente do grupo parlamentar do PCP, Bernardino Soares, como um dos principais protagonistas dos "distúrbios revolucionários" do Verão Quente de 1975 – altura em que o deputado comunista tinha apenas quatro anos.
No almoço do CDS/PP que assinalou o aniversário da operação militar do 25 de Novembro de 1975, na Amadora, Pedro Moutinho disse ser preciso "apontar com frontalidade" alguns dos principais responsáveis por actos como os "sequestros e incêndios às sedes do CDS/PP logo após a revolução de Abril de 1974 e que continuam hoje no activo".
"Falo do actual presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que mais tarde se renderia às virtudes do capitalismo. Falo também das bombas das FP-25 de Abril e de políticos actuais como Francisco Louçã, Luís Fazenda, Jerónimo de Sousa, Odete Santos e Bernardino Soares", referiu o dirigente centrista.
Segundo os registos da Assembleia da República, o actual líder parlamentar do PCP, Bernardino José Torrão Soares, nasceu no dia 15 de Setembro de 1971, tendo por isso quatro anos quando se deu o 25 de Novembro de 1975.
Já em relação às Forças Populares 25 de Abril – organização citada pelo líder da JC como estando na mesma linha política do Movimento das Forças Armadas –, não consta nenhum registo de que tenham actuado em 1975.
Esta organização conotada com a extrema-esquerda terá sido formalmente fundada em 1980 (no período do primeiro Governo da AD), ano em que começou a desenvolver a sua actividade.

Perante esta… lição de puro analfabetismo politico-social, dada por um mais que provável futuro deputado do Centro Democrático Social (CDS), digam lá… não apetecia mesmo lançar uma recolha de assinaturas a favor do aborto… com efeitos retroactivos?

terça-feira, 13 de novembro de 2007

A Guerra

Provavelmente este será o mais tolo apelo de sempre, porque há, de certeza, muito mais gente (vezes cem mil) a ver a RTP do que a ler este cantinho... mas se, por mero acaso ainda alguém não o marcou na agenda, não percam o documentário A Guerra, do Joaquim Furtado, que passa na RTP.1 às terças à noite...
Estou a reaprender a ser português.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Quem Percebeu a Mensagem?

Não sei quantos, dos muitos milhares – o número ultrapassará, largamente, o milhão – dos habituais espectadores do Telejornal da RTP1 identificaram ontem a sublime mensagem deixada pelo (creio que ainda) Director de Informação do Canal Público, antes disso – no sentido de mais importante do que isso – um Jornalista respeitável e respeitado, que nas últimas semanas se viu envolvido num caso que, infelizmente, é só mais um dos muitos que nos últimos meses nos foi oferecido por um mui sui generis governo Socialista no qual não se pode dizer que o PM se intitulou, indevidamente, como engenheiro (que não é), onde ciosos subordinados, à boa maneira dos velhos bufos de má memória – que, com o somatório de casos, já nos leva a pensar antes dizer qualquer coisa, se perto está alguém que não conhecemos -, correm a denunciar… uma piada que seja.

Um governo que controla (ou quer controlar) eventuais manifestações sindicais anti-sistema. Um governo que não admite poder interferir, via administração a ele subordinada, de forma a “controlar” o Departamento de Informação do mais poderoso meio de CS do País. A RTP. Mas a verdade, e essa é inegável, é que passando por cima – logo esvaziando-a nas suas competências – da Direcção de Informação, a administração do Canal Público conseguiu colocar num ponto-chave, na rede de correspondentes uma jornalista sexta classificada num concurso interno para o lugar que ia ficar vago em Madrid.

A verdade é que, após uma entrevista do Director de Informação, e no próprio dia em que essa entrevista saiu – entrevista onde se leu que não estava afastada a hipótese de haver influências directas da Teixeira Gomes sobre a administração da empresa, no sentido de “controlar” a Informação, este já não apresentou o Telejornal, o que só voltou a acontecer este fim-de-semana.

Pois!...
Yo no creo en brujas, pelo que las hay, hay…

Mas o que é que eu vi há pouco, e me pergunto quantos mais terão percebido a mensagem?

O Telejornal fechou com a notícia da passagem dos 25 anos sobre a morte de Adriano Correia de Oliveira, talvez o mais puro, o mais “engajado” e interveniente dos chamados Cantores de Intervenção [política].
Umas das vozes mais ouvidas, desde os finais dos anos 60 até 1982, quando morreu, inesperadamente. Com apenas 40 anos.

Com a música em fundo, o Jornalista despediu-se com o habitual “até amanhã” e um – que até nem foi original [fá-lo muitas vezes] – discreto piscar de olho.
A música em fundo… que depois foi “puxada” a primeiro plano, na interpretação original de Adriano Correia de Oliveira antes de passar para a versão numa voz feminina que inclui o disco de homenagem aos 25 anos sobre a morte do saudoso cantautor era, nem mais nem menos, entre tantas que podia ter sido, a “Trova do Tempo que passa”, de Manuel Alegre, que tem quatro dos versos mais emblemáticos da resistência ao regime de antes de 1974: “Mesmo na noite mais triste; em tempo de servidão; há sempre alguém que resiste… há sempre alguém que diz não.”

Já agora, e como homenagem a Adriano Correia de Oliveira, que morreu, subitamente, há 25 anos, com apenas 40 anos de idade, deixo o poema completo de Manuel Alegre, que ele (Adriano) musicou e cantou, transformando-o numa autêntica “bandeira”.

TROVA DO VENTO QUE PASSA
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio - é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

domingo, 14 de outubro de 2007

E nós, Sociedade Civil… Que Fazemos?

Li, entre o último fim-de-semana e este, a entrevista que Catalina Pestana deu à revista Tabu, do semanário Sol. Não levei oito dias para ler a entrevista, esta é que foi dividida em duas partes, publicadas nos dois últimos números.

Se fiquei chocado? Não…
O pouco que sei sobre o “caso” Casa Pia e a opinião que já tinha formada, não foram em nada abalados. Antes pelo contrário…

… fiquei foi, inesperadamente abalado!
Então… a ex-provedora da Casa Pia – a que teve de segurar o barco quando este parecia ir ao fundo – vem confirmar denúncias que já antes fizera, insiste em nomes (diz que sabe de muitos mais mas, porque os crimes terão prescritos, recusa-se a atirá-los no ar só por atirar), confirma, para quem quiser ler, que um ex-governante (socialista) que chegou a ser preso mas depois foi posto à solta, é mesmo culpado – e anda por aí… – e não há um Juiz a quem a consciência mande fazer justiça.

Fixei uma frase de Catalina Pestana – que, evidentemente, foi alvo de várias queixas de… “puros inocentes” que produziram outros tantos processos – diz que não tem medo de ir a julgamento. Mas adianta, cito: “Prefiro mil vezes um juíz severo a um juíz medroso. Não há coisa pior para a Justiça do que um juíz medroso”.

As declarações de Catalina Pestana parecem-me credíveis. Algo naquela figura de avó me inspira confiança, e ela estica a corda e aponta o dedo a forças (muito) poderosas, como a Maçonaria. “… não é uma associação de malfeitores, mas tem um defeito tenebroso: os seus elementos protegem-se uns aos outros.”

Vem-me à cabeça um nome. O do juíz espanhol Baltazar Garzón.

Que assumiu, numa luta quase pessoal, a “guerra” ao terrorismo em Espanha.
Traz-me de volta uma velha série de TV, o Polvo, na qual, é também um juíz, praticamente sozinho, quem faz frente à máfia…

Há, nesta longa entrevista, dados que, ao longo dos últimos meses (anos) nos foram sonegados. Alguns, mais do que um, dos rapazes que testemunharam e que, já foram eliminados. Sem eufemismos, mortos.
Overdoses, acidentes… incidentes que, desligados do “caso” Casa Pia são apenas números, estatísticas.
Mas onde ela encontra ligações.

Admirei a coragem da senhora. E adivinho que ela sabe que corre riscos.
Sabe o nome de muita gente implicada. Não de “gente”, mas de gente importante.

Revela que os nomes estão compilados e foram entregues a quem lhe sobreviva de forma a que, daqui a 25 anos – quando o caso já não existir em concreto porque há prazos (que eu diria quase criminosos, em si mesmo) – se publiquem, se revelem então TODOS os nomes.

E sublinha-se a vergonhosa “emenda” acrescentada ao Código Penal, aprovada na Assembleia da República com os votos favoráveis do… Partido Socialista e do PSD! Crimes com igual enquadramento – descodificando, o mesmo crime perpetrado em continuado sobre a mesma pessoas – contam apenas como… UM crime.

Como não se pode matar “várias vezes” a mesma pessoa… sobra o quê?

Assaltos continuados ao mesmo banco?
Ou violação continuada sobre menores? Sendo que esta hipóteses é a mais macabra…
Não parece que é uma Lei feita à medida! É uma Lei feita à medida.

Catalina Pestana está agora envolvida num movimento de Cidadãos que, àparte dos sistemas judicial ou governamental, que não deixe morrer o “caso” Casa Pia.

Mas volto quase ao princípio.
O que é que está a emperrar a Justiça?
E só o facto de admitirmos que a Justiça está a ser… emperrada, é terrivelmente penalizador do nosso sistema judicial.

E porque é que a CS ignora isto?
Porquê? Porquê?

Mas há mais, Catalina Pestana garante que continuam a acontecer os mesmos casos na mesma instituição.
Quem, que coisa, que monstro está por trás de tudo isto que se acha tão inatingível que se ria da Justiça?

E onde é que está a resposta da Justiça?
Que Justiça?
Que País somos nós?
Em que país é que eu vivo?

As crianças que vão para a Casa Pia já são desprotegidos pelo destino.
Será sina delas continuarem desprotegidas para toda a vida?
E qual é o nosso – dos Cidadãos – papel?
Ficar a ver de longe?
Ignorar porque um dia optámos por um partido político e – aparentemente – é dentro desse mesmo que há mais desvios… ao aceite como normal?

Catalina Pestana fala, com amargura, do caso do tal dirigente socialista que chegou a estar preso, mas acabou por ser solto… e fala de tal forma que ninguém ficará com mais um pingo de dúvida. Aquele homem está envolvido.
E está aí… à solta, com uma vida… “normal”…

Que raio de país é este? E não estou a falar da não aceitação da candidatura de uma estação de rádio local. Estou a falar de seres humanos.

E se o prof. Marcelo ignora esta entrevista… já não sei quem poderá, abertamente, forçar a reabertura da discussão pública sobre o caso.

Daqui a 25 anos também eu já cá não estarei.
Quem seriam os velhinhos… devidamente acompanhados pelos seus delfins, que iam à Casa Pia escolher, como se de animais se tratassem, os miúdos que usariam, ou de quem se deixariam utilizar, para perversas práticas que me arrastam ao vómito.

Será que vamos mesmo ter que esperar… 25 anos?

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Hasta Siempre, Comandante!...

Passaram hoje 40 anos sobre o fuzilamento, por parte de um exército fantoche da Bolívia, que era, de facto, formado por operacionais da estadunidense CIA, de Ernesto Guevara. "Che", para a porterioridade.

Filho de um família da classe média - que cursou e tirou o curso de medicina - Che apaixonou-se pelo ideal de um Mundo onde, se as diferenças de classe fossem esbatida, seria um Mundo melhor.

Com Fidel Castro derrubou o governo do torcionário Fulgêncio Baptista, implementando o regime que, ainda hoje, vinga em Cuba. Foi ministro de vários ministérios, teve muito poder nas mãos, mas não era isso o que ambicionava.

Um dia, deixou Cuba para ir para África, envolvendo-se em mais uma batalha em prol da igualdade entre seres humanos, todos nascidos da mesma maneira, iguais, portanto.

Mas não ficou poa aí. Voltou à sua América - era argentino de nascimento - para, outra vez, se envolver noutras batalhas.

Na Bolívia, em Outubro de 1967 foi capturado pelas forças que operavam sob o comando dos Estados Unidos.

Conta a história que, perante o pelotão de fuzilamento bradou com raiva:
"Atirem, cobardes,
vocês vão matar apenas um homem!"

Errado.

Perpectuaram a imagem de um herói.
Um herói que foi símbolo para uma certa juventude de há 25 anos atrás.
Também eu tenho uma réplica da mais famosa foto do Mundo.

Em relação ao resto... ainda há dois ou três dias vi um documentário na televisão sobre a Cuba actual.

A Cuba onde grassa a pobreza, onde os cubanos não se podem aproximar das cosmopolitas praias como Varadero... Que enchem de dólares o governo porque os que "deus nos acuda, Fidel é um bárbaro"... INCLUÍNDO DEZENAS DE MILHAR DE PORTUGUESES... vão gastá-los lá! Sem o mínimo de pudor ou coerência.

(Podiam ir para a Caparica e ajudar a levantar os molhes que evitarão que as praias desapareçam...)

Cuba onde do pré-primário ao fim do curso universitário o ensino é gratuito.
E onde entram os melhores, sem olhar a classes sociais.

Cuba, onde, nos últimos meses, dezenas de portugueses têm ido para serem medicamente tratados... gratuitamente.

Não têm condomínios privados, com segurança electrónica a guardar a casinha que vão pagar até aos 125 anos... ou, se morrerem antes, alguém terá que assumir a dívida; não têm carros de marca, não têm dois carros por família.

Não os deixam ver as telenovelas brasileiras nem as séries americanas... as refeições são o mínimo essencial.

Mas onde, por exemplo, a educação e a saúde são gratuítas.

Deixemos os novos-ricos das periferias de Lisboa e do Porto estrebucharem.
Perguntem aos abandonados pela sorte, ditada por este Partido Socialista, se não gostavam que os filhos tivessem ensino gratuíto até ao fim do curso niversitário, ou se os velhos pais tivesses assistência médica a troco de nada...
Perguntem...
Porque couve com batatas JÁ É A ÚNICA COISA QUE PODEM COMER...

Se um dia, de cima, não do Estado, mas de quem MANDA no estado, que são os grandes grupos financeiros, vier a ordem para que todas as dívidas de todos os cidadãos, sejam pagas em 24 horas... ficaremos com os condomínios video-vigilados entregues aos ratos e, passados dois, três anos... não haverá diferenças em relação a Cuba.

A não ser aquelas.
A escola lá é gratuíta; a saúde lá é gratuíta...
As casas são muito pobrezinhas, mas todos têm a sua.

Não seria este, no seu todo, o ideal de Che Guevara, mas ele deixou mais do que provado que não era homem para gabinetes e para os zigues-zagues da política.

Acreditava num ideal. Lutou por ele.
Morreu por ele.
Faz hoje 40 anos.
Hasta Siempre Comandante!

sábado, 29 de setembro de 2007

Todos em pé de igualdade. Isso seria bonito

Isto escrito por um Jornalista pode parecer qualquer coisa muito próximo do lesa-compromisso que todos assumimos em escrever (ou dizer) a verdade, só a verdade, dentro daquilo que conseguimos saber. Mas a verdade.

Enquanto cidadãos, todos temos tendências políticas, todos temos tendências… clubistas. Que é de futebol que vou escrever. Temos uma das profissões mais bonitas que há. Temos acesso a informações que a esmagadora maioria dos cidadãos não tem e temos à nossa disposição meios para as veicular.

E temos que ser honestos e justos porque a tal imensa maioria, estando de fora, começa por acreditar em tudo o que dizemos ou escrevemos. Crescem as nossas responsabilidades.

Mas nós somos apenas um peça no grande puzzle daquilo que é a informação. Porque esta envolve terceiros. Que têm que ser percebidos, cujas palavras não podem ser retiradas do respectivo contexto, que não podem ter um tratamento especial, segundo pertençam, ou não, à nossa tribo. Política ou desportiva. Melhor dizendo, futebolística.

Entremos, definitivamente na área do futebol. Que é sempre um barril de pólvora, à espera que alguém acenda o rastilho. E isto é potenciado pela outra grande facção, a da política.

Quantos mais “casos” forem criados em torno do futebol, quanto mais tempo o simples cidadão gastar a discutir um penalti que o foi ou nem por isso, não está a discutir o que realmente é importante para as nossas vidas.

E o futebol, hoje em dia (quase) totalmente televisionado é o “escudo” que os políticos agradecem.

Houve, num Hospital Público e devido ao uso de um produto fora de prazo (ou seja lá o que tenha sido) levou, depois de meia dúzia de intervenções cirúrgicas aos olhos de outros tantos cidadãos, um caso em que foi necessário fazer a ablação de um olho a um deles? Houve outra que entrou a ver mal e saiu completamente cega?
Quem se interessa?

O que interessa é que houve um penalti mal assinalado – num jogo que não vi (eu não vejo futebol!) – a favor de um dos Grandes e a visão (passe a ironia) do técnico da equipa pretensamente prejudicada, que aceitou o erro do árbitro como… humano (quem é que nunca errou?) é publicada porque cada um dos jornais tem receio daquilo que o outro venha a escrever.

Hoje, porque coincidiu com a minha hora de jantar, vi a primeira do Benfica – Sporting. E foi sem qualquer espécie de problemas que, terminado o jantar recolhi ao meu canto, desvalorizando o facto de ser um Benfica-Sporting. Não me interessa.

Receio, isso sim, que precisando de ser submetido a uma intervenção cirúrgica, não saia do bloco operatório pior do que entrei. Isso sim, devia ser discutido. E devia juntar-se, solidariamente, toda a gente às vítimas. A quem se entrega nas mãos de “especialistas” e sai de lá pior do que entrara.

Quero lá saber se o penalti da Amadora foi penalti ou não? Cagando.

Isto porque não vi o jogo, como não costumo ver. Mas hoje vi a primeira parte do Benfica-Sporting.
E vi o quê? Por exemplo… vi um lance dentro da área do Benfica – parece que houve outro na área contrária, mas na 2.ª parte que não vi – em que um jogador da equipa da casa, num relvado extremamente molhado pela chuvada que se abateu sobre Lisboa terá, ao nele deslizar, tocado um adversário.
Alguém gritou penalti? Só muito timidamente, apesar de tudo, o relator (não, não vou dizer a estação que estava a ouvir) que não consegue, NUNCA O CONSEGUIU, “despir” a camisola.

Depois vêm as “n” “repetições” e, aí… o comentador de serviço – que ignoro quem seja – dá o seu amem. Quem sintonizava aquela estação de rádio, e segundo a côr que perfilhou, vai ter assunto para amanhã, entre um copo de tinto e o seguinte.

Isto despertou um clique na minha cabeça. Ora, se o árbitro – se os árbitros – não têm acesso às repetições da televisão… será justo que os comentadores o tenham?

Descodificando: à primeira, o relator (são jornalistas porquê?) vendo o lance como adepto, puxou a brasa à sua sardinha. O comentador ficou calado. À espera da repetição. E assinou por baixo a opinião do "colega", com quem, a seguir ao jogo, terá ido jantar.

Eu também vi as várias repetições e vi um atleta a tentar defende a sua baliza de estendeu a perna, que deslizou numa relva ensopada e que, falhando a intercepção da bola “colheu” o seu adversário. Que não teria – porque também estava em queda – a mínima hipótese de dar seguimento ao lance. Mas isto é futebol ou não?

(Mas alguém se interessa por isso? Amanhã fará manchetes...)

O árbitro teve uma fracção de segundo para ajuizar o lance. Ele, que está à chuva, como os jogadores, achou que não devia apitar.
Quem estava no camarote, climatizado – refiro-me ao comentador – não se atreveu a afirmar, no momento, que era falta merecedora da penalidade máxima. Depois, vistas as várias repetições, optou por aparelhar com o narrador. E o árbitro – que não tem hipóteses de ver repetições – ficou ali conotado com o facto de ter beneficiado um dos contendores.

Somam-se, semana após semana, as criticas – para não dizer outra coisa – em relação aos árbitros. Porque cometem erros perfeitamente visíveis? Não, porque nas repetições, apresentadas sob vários ângulos, se consegue perceber que erraram.

Ontem, numa curta saída até aos Correios, de onde enviei a prologação da minha baixa médica, à Caixa e ao patrão, no regresso encontrei um amigo e fomos beber um café. Falaríamos de quê? De futebol, pois então…

E, depois de ele – que até é adepto de um grande clube da Cidade do Porto – ter mastigado e cuspido o árbitro do Estrela da Amadora-Benfica, chegando a exigir que o homem – que eu não sei quem foi – fosse simplesmente afastado dos campos de futebol, eu, mui naïfamente – porque ele insistia que o juíz tinha demonstrado não ter estado à altura – disse que os dois jogadores da equipa do seu coração, os dois que falharam os penalties, teriam, naquela ordem de ideias, que sofrer a mesma sanção.

Mais… porque são profissionais pagos – de um forma ofensiva para o português médio – a peso de ouro, se calhar deveriam ser proíbidos de voltar a pisar um relvado.

Que não era nada disso! – apressou-se a responder.
A conversa ficou por ali.

Mas isso deu-me uma ideia, que agora venho aqui expôr.

Que os comentadores, da Rádio ou da Televisão, dêem a sua opinião no momento.
Em vez de esperarem pelas repetições que o árbitro não pode ver.
Que raio de homens são?
Esperam que a televisão lhes dê aquilo a que o árbitro não tem direito, para depois o zurzirem?

Caramba!

O árbitro, depois de ter visto o que os outros viram poucos segundos depois, veio reconhecer que errara.

Eu tenho uma ideia. Acabem-se, nos directos, com as repetições dos lances.

Os comentadores – que ganham (e bem) a vida a cavar sepulturas – teriam que avalizar o lance tal como o árbitro.
Sim… ou não?
Teriam que o assumir.

Mais tarde, no final da partida, ou no dia seguinte, mostravam-se as repetições e via-se quem tinha razão.

E haveria “comentadores” que arriscavam o nome numa apreciação NO MOMENTO.

Teria que haver.

O que é quase pornográfico é que um – o árbitro – tenha uma fracção de segundos para julgar um lance, e que outros, no fofinho, e depois de verem quatro, cinco repetições, o condenem ali, publicamente.
E no caso dos comentadores das rádios, quando sabem que nas bancadas os estão a ouvir.


Haverá algum que tenha a coragem de, até porque não está preocupado com mais nada, abdique do auxílio das imagens de televisão para, com o mesmo tempo que o árbitro tem, dar a sua opinião?
Que depois pode vir a ser desmentida pelas repetições, APÓS o jogo?

Não creio.
Mas, mais do que injusto é desonesto.
E há tanta gente que ganha a vida desonestamente.

Que sabe que o faz, e não demonstra a mínima vergonha por isso.
É nesses que devemos acreditar?
Eu acho que não…

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Se ISTO é Justiça... EU TENHO VERGONHA!

Há uma frase que, apesar de aceite como definição diz que, a Democracia é uma treta, mas também é o melhor regime político dos existentes.
O que não deixa de significar que seja… uma treta.

Mas não é de Democracia que quero falar porque nela se albergam conceitos tão amplos quanto perniciosos.

No campo do direito, por exemplo.

O que é um Juíz?
A figura de juíz – mesmo que assim não se chamasse – deve ser das mais antigas da estrutura social do Homem, enquanto ser pensante e, mais do que isso, desde que passou a ser gregário.
Desde que passou a viver em comunhão com outros homens.

Desde sempre terão havido questiúnculas, desavenças… Resolvidas, num primeiro estágio, pela força da… força.

Mas desde que os Homens se juntaram em tribos, primeiro, depois em pequenas comunidades e depois se congregaram em nações – que não tem nada a ver com a figura de país, ou conglomerado de países, como hoje o vemos – que existe a figura de juíz. O que ajuíza. O que mede razões e decide. Para um ou para o outro lado. Com força de Lei. Mesmo quando o conceito de Lei ainda não existia.

Por isso esse papel pertenceria sempre ao ancião – ou ao conselho de anciões – da aldeia, aglomerado de aldeias… nações.

Ouviam-se as partes e aceitava-se a decisão assente na sabedoria de quem já tinha vivido muito. Por quem já, antes, tinha tido necessidade de decidir.

Como a Sociedade era uma máquina bem mais simples, as decisões quase sempre eram justas. Logo, aceites sem discussão.

A Sociedade evoluiu. Inventaram-se classes e daí até se inventar aquilo a que hoje chamamos influências (que só funciona porque há influenciáveis) foi um passo. Pequeno. Mesquinho. Vergonhoso.

A Juíz chega quem tem posses – ou porque atrás dele há quem tem posses.
Deixou de ser o sábio – por acumulação de experiências vividas, para ser… alguém decide que há-de ser. Apesar de, no caso concreto dos juízes, ser o topo de uma carreira na qual, acredito – quero acreditar – não é fácil atingir.

Mas hoje em dia um Juíz pode ser – e o caso que justifica este artigo já será revelado – ou um Homem Bom, ou apenas mais uma peça de um sistema que está caduco, minado, que olha o réu que se lhe apresenta com olhos diferentes. Consoante a sua proveniência de entre os vários extractos sociais.

Ou pode ser apenas uma “máquina” fria que se limita ao a fazer cumprir o Código Penal. Será que dorme todas as noites de consciência tranquila porque, a tempo, conseguiu decidir-se pelo artigo “x” do Código Penal… e não pelo “y”?

Há Juízes, tenho a certeza que há, que assim alicerçam a sua carreira. Ainda por cima marcando pontos em causas mediáticas com o supremo sentimento do dever cumprido.
A sua consciência, ao aceitarem não ser mais do que simples peça do todo que é uma máquina infernal e não totalmente controlada e que resume a Justiça, deixa-os tranquilos.

Serão, estes, bons Juízes?

Só porque cumprem à letra o que outros, com tanta experiência de vida vivida como ele escreveram?
Se está tudo escrito, porque raio precisamos de juízes?

Qualquer funcionário público, desde que com acesso ao Código Penal, pode – mesmo que leve mais tempo – acabar por encontrar o artigo certo no qual se enquadra o ilícito.

E lá está escrito a pena a aplicar.

Porque precisamos de Juízes?
Porque é que eu acho que precisamos de Juízes?

Porque cada caso é um caso e a introdução, no meio do que está friamente escrito seja lá em que código for, do factor sentimento humano é fundamental.

Foi sempre assim. Desde o tempo dos Conselhos de Aldeia. O mais idoso – porque a ele se reconhecia ter mais experiência de vida – haveria de, pesando os argumentos de cada uma das partes, decidir.

Mais do que com Justiça. Com Justeza.

Refiro-me aqui ao caso da pequenita de Rio Maior. Confesso que nem sei o seu nome, apenas que o pai adoptivo é militar.

E confesso que a Comunicação Social, nomeadamente a televisão, sem a sombra dos tripés das câmaras de estações internacionalmente conhecidasperde gás.

Não tem iniciativa.
Não dá opinião.
Não esclarece.
Abdica do seu DEVER de informar.

Não que o sargento da GNR foi detido. Isso é folclore.


Não que a avó paterna da menina diz que a sua casa – humilde, mas não irei por aí – tem três quartos de dormir e até um corredor, onde a criança pode brincar.

Este que, espero que alguém com mais e melhores qualificações do que eu um dia destes venha a assumir publicamente a sua defesa, é um caso ERRADO desde o princípio.

E errado porquê?
Porque o que está a ser julgado não é se um pai, ausente desde o princípio – e nem falo da mãe, que dessa nada sei – tem ou não direitos em relação à filha que, tanto quanto percebo, ignorou durante CINCO anos.
O que está a ser, não é julgado, é JOGADO, é o futuro de uma criança.

Uma criança que não reconhece a mãe biológica; que tem medo do pai biológico e que, durante anos afundou, bem fundo, as raízes familiares com quem a acolheu.

Em que circunstâncias? Também não sei. Quem sabe?

Por isso misturo o papel da Comunicação Social em tudo isto.
Explicaram-nos o quê?

Deram-nos imagens da pequena, em momentos de privacidade com a SUA REAL FAMÍLIA? Mostraram-nos o quão bem se sente?
Ouvimo-la chamar PAI ou MÃE a quem esteve presente quando os primeiros dentinhos nasceram, quando teve as primeiras febres, quando foi uma criança a precisar de uns PAIS e os teve?

Não eram aqueles que em dez minutos a conceberam?
Então… ONDE ESTÃO ESSES?
PORQUE É QUE DURANTE TODO ESTE TEMPO se mantiveram afastados?

Porque é que agora a reclamam como se de um bibelot perdido se tratasse?
Quem um dia, lá para trás, achou ser descartável, mas que agora, e vá lá saber-se porquê, exigem de volta.
Com que direitos?

E volto ao princípio.
Que raio de Juíz, regendo-se apenas pelo que está escrito num livro que provavelmente nem leu todo ainda, decreta que… a criança que já não é tão criança assim, que já criou laços, já lançou raízes na sua pequena família, a única que conheceu… que raio de Juíz – que é um Homem, provavelmente com filhos – olhando apenas para o espírito da Lei decreta que essa criança tem que deixar a sua FAMILIA, a única, para ser entregue a um pai que nem se sabe por onde anda…

Não se trata de Leis aqui.
Trata-se de senso comum.
E que raio de Juíz é este que não tem senso comum.

E o Estado, essa besta que falta todos os dias, em cada uma das horas desse dia, em cada um dos minutos dessas horas… às suas obrigações sociais, esse estado suporta a decisão desse homem que alguém fez Juíz.

Mais… disponibiliza psicólogos e pedopsiquiatrias aos molhos…
Quem quer? Quem precisa?
Temos por aqui muitos… (sem fazer nada, acredito!)
… E esquece a ÚNICA coisa que deveria neste momento estar em discussão: NADA… NADA! MESMO NADA se deveria sobrepôr ao bem-estar desta criança.
E a solução é só uma: DEIXÁ-LA FICAR COM QUEM DEIXOU DE DORMIR, POR CAUSA DAS PRIMEIRAS DORES QUANDO OS DENTINHOS COMEÇARAM A NASCER; COM QUEM PERDEU HORAS NA FILA PARA AS PRIMEIRAS VACINAS; com quem a quer como se fosse A SUA FILHA DE SANGUE.

EU NÃO QUERO UMA JUSTIÇA CEGA
.
Não assim.
Envergonha-me. Mais… causa-me asco.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Jornalista: profissão em vias de extinção

Temos a doce mania – o que não deixa de nos dar, confesso que sim, um certo ar naïf-liberal – de nos compararmos com tudo. Com todos.
Comecemos pelos Estados Unidos – que servem perfeitamente, no caso, como exemplo – onde não há UM jornal nacional. Também não podia haver.
Como o não há em países bem mais pequenos, geograficamente, como a Grã-Bretanha e a França. Ou a Espanha.
Isso de jornais nacionais é coisa de país pequenininho – repito: pequenininho – como Portugal. Ou Andorra.

E em países onde há vintena e meia de jornais de referência – como os Estados Unidos – ou, pelo memos, uma dezena, como a Grã Bretanha – ou ainda… cinco ou seis, como a França – mesmo quatro ou cinco, como a Espanha – aparecer a figura de um jornal gratuito que condense (com seis décadas de atraso em relação às Selecções do Reader's Digest, no campo dos livros) as principais notícias dos principais jornais… em países onde se vive contra-o-relógio… até se aceita.

E os Estados Unidos, ao contrário do que pensarão, é um excelente exemplo em comparação com Portugal porque, sendo o “padrão” da nova cultura ocidental, não deixa de ser o país com a maior taxa de ileteratia, dos Urais para ocidente, logo, aquele em que muitas fotos e poucas letras é o ideal num jornal.

Os jornais gratuitos eram qualquer coisa que todos devíamos estar à espera. Até que chegaram atrasados. Só que, como em quase tudo… em Portugal não há fome que não dê em fartura e neste momento, contas por alto, já temos tantos gratuitos como a pagar. E a onda ainda não morreu na praia.

Os primeiros apareceram decalcados e como extensão do que já pululava pela Europa civilizada. Com os mesmos nomes até. Só que, bem à portuguesa, peritos que somos no desenrascanso… eis que surge uma segunda via. Os Newspaper Digest das principais empresas já por si dominadoras do mercado. Com uma fórmula infantilmente antes ignorada. Diria mais… desdenhada.

Um formato que condensa as principais notícias de uma série de títulos de um mesmo Grupo. É o Ovo de Colombo. Visto a partir das poltronas de cabedal genuíno das salas dos CA instaladas no último andar de edifícios de 12 andares com vista sobre a cidade.

Mas é o Ovo de Colombo… como?
O Global, por exemplo, e porque o tenho à minha frente.

Será que me convence a comprar o 24 Horas, o Diário de Notícias, o Jornal de NotíciasO Jogo? Claro que não!
O conceito é cumprido à risca. As notícias principais estão lá, condensadas.
Para que hei-de gastar mais dinheiro – ou gastar dinheiro, que este é à borla – se fico a saber a mesma coisa, mais parágrafo, menos parágrafo?

É o Ovo de Colombo para as administrações.
As continhas são feitas à parte e a publicidade angariada pelo Global deixa-o, desde logo, em posição privilegiada.
Consolidando-se o projecto, o Global vai dar lucros enormes em comparação com os títulos por si legalmente pirateados.

E as diferenças serão tais que a administração – comum – mais dia, menos dia vai por em causa a existência de outros títulos do Grupo.

Sejam ou não lidos – para a publicidade o que interessa são os números de jornais impressos que, no caso dos gratuitos, se esgotam todos os dias (ninguém controla as estruturas metálicas onde são depositados, nem se as senhoras da limpeza das estações da CP ou do Metro os deitam às dezenas para o lixo) – são muito mais baratos, em termos gerais, do que aqueles que os alimentam.


E se não forem seis… serão cinco. E se não forem cinco serão quarto e se não forem quatro serão três… até chegar-mos à insana hipótese de um jornal com redacção própria se ver pirateado por um “irmão” que, sem gastos, para além do da impressão, naturalmente dará mais lucro.

Qual vai ser, então o passo a seguir?
Extinguir títulos, nos Grupos que têm vários – o que foi a primeira fase desta intentona contra os jornalistas – e, depois, diminuir os corpos redactoriais nos remanescentes.
E sempre, mas sempre, o gratuito, que usa, de borla, as notícias que custaram, de uma forma ou de outra, dinheiro ao que tem que ser pago, terá mais lucros.
E elimina-se mais um título… ou despendem-se mais jornalistas.
Para condensar as notícias feitas pelos jornalistas seniores, qualquer estagiário serve.

(Devia ser ao contrário, mas não é…)

Enquanto houver UM jornal no conceito tradicional de jornal, haverá notícias que o gratuito pirateia sem custos. Isto é… este continuará SEMPRE a ter resultados financeiros melhores que o primeiro.

Claro que as empresas não podem ACABAR com TODOS os jornais pagáveis.

Senão, onde iriam buscar as notícias de borla?
Mas que, em termos de administração a tendência será sempre a de cortar nas despesas dos que dão menos lucros… disso quem duvida?

Daqui a dez anos já não haverá jornalistas da minha geração.

Dos que foram formados nas redacções.
Todos os outros já devem ter percebido como a máquina funciona. Não há ninguém não descartável.
Na busca do lucro imediato, em menos de um lustro deixará de haver jornalistas a trabalhar nos jornais.

Perguntem-lhe!... Perguntem-lhe...

Luís Felipe Scolari nunca foi uma figura consensual malgrado o trabalho feito e que ficará para sempre na História do nosso futebol. E também não são consensuais os motivos das muitas… azias que têm como motivo o não gostarem dele. Ou porque não vai ver os jogos aos estádios, ou porque não vai aos estádios fora de Lisboa, ou porque fez da Selecção uma espécie de “família-Scolari” e, teimoso, dali não sai.
Ou porque ganha muitooooo dinheiro.
E nós, portugueses, sempre fomos muito invejosos deus nos abençoe...

Há um opinador, na área do futebol, com pouso na SIC-Notícias e nas páginas do Correio da Manhã e do Record, que então, esse é que não lhe perdoa. Nada.

Mas opinador (o que ele é) é uma coisa, e opinion-maker (o que ele acha que é)… outra muito diferente.
Quem se lembra do calendário/relógio – porque para ele aquilo era uma questão arrumada – a marcar as saídas de Nani e João Moutinho do Sporting?

Pois bem, no último sábado, na página inteira que tem no generalista, “lembrou-se” de uma coisa da qual… “jamais” alguém se lembraria: com o Scolari em “baixo” o que é que são “favas contadas”? Exactamente, como anunciava em título: “Mourinho na Selecção”.

Que a qualificação – sem Scolari, claro – é inevitável e que, com Mourinho – claro –, chegar ao título europeu era apenas uma questão de ir somando vitórias.

(Como se o Mourinho – digo eu que não sou especialista em futebol nem quero ser – definitivamente prisioneiro da imagem que criou para si próprio -, alguma vez, no futuro, queira pegar nalguma coisa a meio e depois vir a ser obrigado a dividir louros!)

Entretanto o Mourinho dá uma entrevista, ainda em Londres, aos OCS lusos e descarta liminarmente a hipóteses Selecção antes de chegar à idade da pré-reforma.

O que aliás, e se ele tem uma virtude é a de ser coerente, sempre disse.

“Amuado” o opinador por ver a sua “iluminada previsão” derretida como fatia de manteiga em frigideira quente, hoje, no Record toma posição e “decreta”: “Caridade, não!”.

Eu, que não sou especialista em sociologia, nem em comportamentos – na verdade, não sou especialista em nada – sorri. E lembrei-me de um velho episódio do qual muitos ainda se lembrarão.

Em finais dos anos 80 do Século passado, numa altura de crise na Selecção, um jornalista – já não me lembro quem! – num programa com um painel de convidados, perguntou directamente ao inesquecível Zé Neves de Sousa: Quem acha que poderia vir a treinar a Selecção? E ele respondeu sem pestanejar: Eu!...

Estou convencidíssimo que é essa a pergunta que este opinador espera há anos.

Perguntem-lhe lá quem é que ele acha que deveria treinar a Selecção que o homem está com a resposta entalada.
Ou perguntem-lhe quem deveria treinar o Benfica, o Sporting, o FC Porto ou mesmo o Leixões…

A resposta, tenho a certeza, seria a mesma!

domingo, 23 de setembro de 2007

Nunca fomos mais do que Figurantes

Em relação ao caso-Little Maddie...

Enquanto os jornais e as televisões portugueses serviram os interesses dos McCann, estes apareciam todos os dias, mesmo antes de lavarem os dentes, para quotidiárias declarações e os primeiros faziam, quer quatro páginas ou 20 minutos de abertura nos telejornais.
Não acrescentaram nem uma linha na história que ainda está por contar.

Os media britânicos piraram-se com o casal actualmente mais conhecido a nível global e as nossas televisões, assim que deixaram de ter como "décor" as câmaras e os microfones dos colegas da SkyNews ou da BBC, perderam a verve.
Não têm nada para dizer.

Aliás, nunca tiveram. Mas aparecer em primeiro plano, com aqueles "adereços" em fundo dava estatuto. Aos jornalistas em campo e aos editores, em Lisboa. Perante os seus superiores.

Os ingleses foram-se. Estão, ao que tudo indica, a cozinhar um história paralela. E os portugueses, que nem disso são capazes, meteram as violas (leia-se microfones e câmeras) no saco e voltaram ao rame-rame das redacções. Presos a um número de telefone de uma pretensa eventual fonte.

E os jornais fizeram o mesmo. Nos dois semanários, este fim-de-semana repisou-se no já escrito. Não têm mais nada e não podem sair de fininho. Ou melhor... É isso que estão a fazer. A sair de fininho.

Com as eleições internas no PSD aposto que o caso-Maddie rebaixará a uma breve.

Fálo do quê?
Da inexistente vertente do Jornalismo de Investigação em Portugal.
E não será só porque falta formação aos profissionais da informação neste campo muito sensível do Jornalismo.

Aliás... terá passado ao lado dos menos atentos, mas a última grande tentativa de um jornal - de referência - em mergulhar numa história das chamadas... sujas, na nossa sociedade - por acaso era sobre futebol e sobre um tal... Apito Dourado - a única (autoproclamada) jornanista de investigação acabou por... escrever a biografia da sua mais proeminente figura!...

Entretanto... num "simples" caso de rapto - ou "morte acidental"... o que é que nos dão os ingleses? Nada mais nada menos que... a "desinteressada" demissão de um senhor, de um cargo no Governo para ser... "porta-voz" do casal!

Perguntamo-nos todos: seriam os ingleses capazes de abafar um crime, mesmo que não intencional, em nome... do nome de todos os ingleses?
Não digo nada!...

E como é que nós, depois de termos levantado todo um circo à volta da coisa saímos disto?
À portuguesa!
Se há muita gente num restaurante, os empregados estão pelos cabelos sem conseguir dar conta do recado e estamos pertinho da porta de saída... mesmo que a conta do jantar seja de 17,50 € por quatro pessoas... tentamos sair de fininho.

E vamos gozar para outra freguesia.

As velhas Noites da Rádio...

SAUDOSISTA? SIM… ASSUMO-O SEM COMPLEXOS

A notícia li-a, pequenina, na Actual, do Expresso. Acabou o programa “As Horas…”, do António Sérgio, na Rádio Comercial.
A Rádio dos anos 80 e 90 ofereceu-nos grandes, extraordinários, programas “de Autor”. Os nomes, embora tenham ficado na memória, pouco queriam dizer… foram os seus autores/apresentadores que cativaram milhões de ouvintes. Fiéis. Mesmo muito antes de serem inventadas – em claro conluio com as grandes editoras/distribuidores – as famigeradas playlists. Quando nem se sonhava que entregando a gestão de um programa de rádio a um computador, este geraria centenas de programas diferentes… sempre com a mesma dúzia e meia de músicas.

Sempre gostei dos “Programas de Autor”!
Na minha – reconhecida e, sem complexos, assumida – pequenez, cheguei a defendê-los na minha passagem, saudosa (para mim, claro, que não sou assim tão pretensioso) passagem pelas ondas da Rádio.

O fim de “As Horas…” do António Sérgio eram o último programa de Autor que ainda podíamos ouvir.

Não… o “Oceano Pacífico”, que muitos, incluindo eu, ainda ouvem… todos o sabemos que não é mais do que mais uma versão de um “enlatado” onde até a voz do João Chaves é adicionada. Ainda o oiço, claro que sim… mas assim que uma música entre em fade… eu já sei qual é a que vem a seguir, muito antes dos primeiros acordes.

Li a notícia esta tarde. E, assim que a li, espremi a memória para ver se me lembrava do maior número possível de programas com “marca de” e não com A MARCA de…

“Morrison Hotel”, do Rui Morrison e, mais ao menos pela mesma altura, um que jamais esquecerei… “Pretérito Quase Perfeito!”. Não consigo lembrar-me quem era o autor? Era do Morrison também?... Não…

O pior é que depois as memórias embaralham-se e não sei se vou conseguir por o “filho” nas vozes dos “pais” legítimos… mas deixem-me tentar.

Começo, naturalmente, pelo próprio António Sérgio, com o “A Hora do Lobo” ou o “Som da Frente”!
“Voo de Pássaro” do Júlio Montenegro. Era dele o “Pretérito…” ?
Maldita dúvida.
Ou era do Paulo Coelho que me prendia à telefonia ao fim da tarde para ouvir o “Circulo em FM”?
E o “Intima Fracção”, do Francisco Amaral? – que recuperei na Net…

Tchiii... quem é que, com mais de 40 anos não se lembra d’”As Noites Longas do FM Estério”, do António Santos?

E o “Passageiro da Noite”, do Cândido Mota… ok, já num estilo diferente… tal como o “Circulo em FM”…

Não havia televisão por cabo, logo não havia MTV, VH1 nem nenhum outro…
Não havia Internet… e as milhentas possibilidades de procurar, achar e… piratear.

“Roubei” muitos dos programas de que atrás falei. Gravando-o nas velhas cassettes, num velho rádio-gravador. Talvez o meu primeiro grande sonho conquistado com os primeiros ordenados que ganhei, quando comecei a trabalhar aos 17 anos a ganhar… 35,00 € por mês.

A Rádio que, ainda pior do que a televisão, luta para sair de um charco de areias movediças chapinhando exactamente no mesmo charco que as outras – irão todas ao fundo – lentamente vêm a abdicar dos Programas de Autor.


É verdade que, há 25, 30 anos… não só esses autores já dispunham de uma colecção privada de discos aos quais nós já não tínhamos acesso, como tinham hipóteses de chegar a outros antes de eles serem editados em Portugal.
ERA TUDO NOVIDADE.

E a televisão fechava à meia-noite e não havia Internet.
Saudosista? Eu? Neste campo... definitivamente! E assumo-o por completo.

Hoje, oiço a RFM. Apanho aparte final do “Oceano Pacífico” quando me deito… começo a ouvir o João Porto. Mas acontece sempre o mesmo… mal um tema entra em fade away eu começo a trautear o que vem a seguir.
Malditas playlists.

Reencontrei a “Intima Fracção” na net. Pode ser que o António Sérgio assuma o mesmo caminho… então reganharei o prazer de ouvir a sua selecção muito pessoal.

Que sempre admirei. Que admiro.
Que gostava de poder continuar a ouvir.

Em sua substituição lá virá mais uma playlist. Talvez com critérios mais apurados, mas será sempre a diferença entre uma TelePizza e uma PizzaHut.
Nenhuma!

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Queimaram a Maddie?

Li ontem - e ao ver a manchete do Correio da Manhã confesso que estremeci das unhas dos pés à ponta dos cabelos - que a Polícia Judiciária nas últimas semanas andou a investigar... fornos crematórios que, ainda que ilegais, existem no Algarve onde é grande a comunidade de britânicos residentes.
E o Correio da Manhã tentou falar com os donos (holandeses) de um deles.
O tentar, eu percebo. Significa que soube da sua existência.
Não confio se lá foram ao não.
Soube que existe, que funciona e fez um telefonema.
Não responderam? Não faz mal chega para a notícia.

Mas porque é que há fornos crematórios no Algarve se, e esta informação tenho-a como válida, em Portugal só mesmo o do Cemitério Oriental (vulgo, do Alto de São João) está em funcionamento?
Se bem que o Cemitério dos Olivais também tenha um, desactivado, e na mui insuspeita vila de Ferreira do Alentejo, onde eu vivi entre os sete e os dez anos, há outro, mandado construir por um benemérito que não queria que a sua carcassa, depois de morta, fosse devorada pelos vermes.
Mas que também está desactivado...

Porque é que há crematórios no Algarve?
Pois bem - e aqui é precisa alguma fleuma para perceber a maneira de estar dos britânicos - para que os seus "pets" (cãozinhos, gatinhos e outros bixinhos que fazem companhia aos reformados de terras de Sua Majestade que escolheram o Algarve para gozarem as suas reformas) tenham um fim digno daquilo que foram: os melhores amigos dos seus donos.
A alternativa, em Portugal, é atirar os bichos para o contentor do lixo.
Sem respeito por eles, nem por quem, mui honradamente tem que viver do limpar do lixo que todos nós fazemos.

E por isso, parece que há - há de certeza, segundo o Correio da Manhã - crematórios, ainda que ilegais no Algarve. Ilegais só porque não são licenciados - e nós devemos ser os melhores do Mundo a "castigar", no sentido de multar, quem faz aquilo que o Estado devia fazer mas não faz.

Morre o nosso querido Bobby, morre o nosso querido Tareco - e eu já tive cão e gatos, e já morreram e foram (dignamente) enterrados num descampado aqui perto de onde habito - e, num último gesto de reconhecimento... os seus corpos mortos são cremados.
Não me admiraria - nem sequer tenho nada contra - que as cinzas voltem para casa.
Já não para a alcofazinha, mas pelo menos... não são atirados ao lixo.
Esqueçam toda esta parte!

O que realmente interessa é que a PJ á andou a investigar os crematórios que, parece, são mais do que muitos pelo Algarve.

E isto deixa-me aterrado.
Com falta de ar...
E com um rancor - se eu acreditasse em deus, apressar-me-ia a pedir-lhe perdão - de morte em relação aos McCann.

Eles estão tão seguros de que o corpo da sua pequena filha não será encontrado que até desafiaram, no sítio que têm na Internet, a PJ a encontrá-lo para depois os prender...

Eu não quero nem imaginar que tenham tido a coragem - porque até para os maiores actos de cobardia é preciso ter alguma coragem - de terem enfiado o corpito da sua própria filha num caixote qualquer e mandado cremar como se de um simples "pet" se tratasse.

Primeiro: não poderiam ter sido eles a fazê-lo o que junta mais um MONSTRO a esta história; segundo... se isso aconteceu, é evidente que a(s) pessoa(s) donas desses tais crematórios para "pets" jamais terão pensado que estavam a cremar outra coisa que não... um animal de estimação.

Eu sei o que é a Imprensa Sensasionalista.
Também sei que as pessoas que lá trabalham, a maioria, é porque não conseguem um lugar num jornal melhor, mais credível, mas nem admito a hipótese de esta notícia ter sido inventada.
Era abaixo de... não, não era de "pet", era mesmo abjecta.
Por isso considero a hipótese como... provável.

Será que, no meio daquele grupo de amigos britânicos que "só" estavam a passar umas feriazinhas no Algarve... houve uma cabeça demente que se lembrou que a melhor maneira de se livrarem do cadáver da Maddie seria... queimá-lo, como se de um cãozinho se tratasse?

Estou a suar.
Suores frios... só de pensar nisto.
Principalmente porque, se tiver sido esse o caso, a verdade é que jamais se encontrará o corpo.

Não me digam que deus existe, e é melhor para ele que não exista mesmo porque se eu desse de caras com ele usava-o como qualquer trapo molhado para dar na focinheira de quem acredita que ele existe.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Claro Que Somos Xenófobos

Claro que somos xenófobos. Pior do que isso – o que nos torna ainda mais pequeninos – somos invejosos em relação aos sucessos alheios.
E devíamos ter vergonha disso.

Dizendo de outra forma, não somos ostensivamente xenófobos, somo-lo… – e é aí que se centra o vil da questão –, cobardemente xenófobos.
Em que raio de cadinho terá sido moldado o carácter do português?

No que é que se tornou aquele povo que ganhou direito a fazer parte da história da humanidade? Dos intrépidos descobridores, dos valentes combatentes… dos grandes geradores de consensos.

Vejo-me obrigado a vasculhar a minha biblioteca na busca de livros que me sustentem, com histórias provadas, que já fomos grandes.
Agora somos pequeninos.
Vilmente pequeninos.

Somos um povo que “berra” contra as portagens – como se não fosse de todo justo que os seus utilizadores paguem a manutenção de uma via que utilizam – defendendo, mais ou menos ostensivamente, que essa pequena comparticipação (de alguns milhares) seja diluída nos impostos gerais para os quais contribuem 1000 vezes mais pessoas que nem sabem o que é uma auto estrada.
Porque não lhes passa nenhuma perto das suas rotas normais, porque nem sequer têm carro…

Somos, e eu sei bem disso, um povo que, nos respectivos empregos curva sem o menor amor-próprio a espinha a um qualquer “chefe” que lhes é imposto e que eles sabem não reúne o mínimo de conhecimentos para ser chefe de seja o que fôr. À nossa frente, nesta clara falta de personalidade – e de coragem – só sei dos brasileiros que tratam por doutor tudo o que não vista calças de ganga e t’shirt. Mas os brasileiros são um “produto” de Portugal.

Aonde é que eu quero chegar?
Ao “caso” Scolari.

O Senhor Luis Felipe Scolari é uma figura.

Do alto do seu estatuto de treinador Campeão do Mundo – ao que se juntará uma evidente falta de modéstia (mas será isso mesmo um defeito?) e de uma auto-estima acima da média –, Scolari, que foi contactado para dirigir a Selecção Nacional, a quem foram oferecidas condições que, naturalmente, negociou e, é óbvio, fez vingar as suas ideias, chegou a Portugal e, como não é estúpido, rapidamente percebeu os diversos “lobbies” que vingavam e fez aquilo que NENHUM português teria sido capaz de fazer.

Traçou uma linha, manteve-se fiel a essa linha e, como se diz… aos costumes disse nada!

E começou a ganhar.
E, apesar de estrangeiro, soube, de uma forma irrepreensível, cavar o tão fundo quanto era preciso até trazer de novo à superfície os valores de um país que nem era o seu.

Em menos de metade do tempo que o anterior seleccionador levou a desbaratar um terço do capital social da empresa de que é sócio nos casinos de Macau e Hong-Kong – o que foi, merdosamente, branqueado por TODOS os jornalistas que o acompanharam, que sabem mas cobardemente calaram – com medo de quê? – “puxou” a bandeira de Portugal para milhões de janelas – onde, em muitos milhares delas ainda flutuam – e devolver ao Povo português a ideia de Pátria. Ainda que através do futebol.

Foram poucos, muitos poucos e, de entre esses, apenas os do costume - os que protestam quando chove para exigirem sol, e bramem quando faz sol, exigindo chuva - os que se atreveram a escrever contra Scolari.

É evidente porquê. Porque nem eles – porque não qualificados – nem nenhum dos elegíveis para o lugar de Seleccionados Nacional e a quem devem inconfessáveis favores, jamais conseguiriam fazer igual ao que o… brasileiro fez!

E Scolari levou Portugal tão alto como não acontecia desde 1966.
Levou Portugal a vice-campeão Europeu e ao 4.ª lugar no Mundial que se seguiu.

É evidente que, se há clubes – por acaso radicalmente presidencialista – em que é permitido (ou foi, na última temporada) que, cada vez que a equipa marcava um golo, os jogadores corriam para o banco para festejarem com… o guarda-redes suplente, ignorando o técnico da equipa, a Scolari terá de ser reconhecido o direito de… não permitir isso.

E enquanto ganhou jogos, salvo um ou outro papagaio, que se repete, e repete, e repete… ao ponto de já não haver pachorra para o ler, ninguém teve coragem para o contestar.

Somos, endemicamente cobardes.

Ou, dizendo de outra forma, provavelmente mais perto da verdade, somos compulsivos “lambedores de botas”.

Mas pronto… não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe e a Selecção portuguesa está alguns (muitos) furos abaixo daquilo que mostrou valer nos últimos anos.

Era inevitável.

As figuras da nossa Selecção já não eram novas e, sobretudo, estão “podres” de ricos.

Não se esqueçam disto os comentadores encartados quando opinarem sobre a Selecção.

E tentem disfarçar aquilo que poucos conseguem disfarçar: somos xenófobos, sim! Se fosse um técnico português…

Mas há mais. Era inevitável uma remodelação, quase total, da Selecção. E isso acarreta riscos. Que Luís Felipe Scolari correu.

Quem não corre – pelo menos o que deles se esperava – são alguns dos jogadores.

O senhor Deco, que deve a Scolari o passaporte português e o facto de ter conseguido um contrato multimilionário com o Barcelona (onde já não se sente bem, o que é indício mais do que certo de que há na fila quem já está a querer oferecer-lhe mais), devia suar sangue em campo. Porque fica bem a um homem o manter-se reconhecido a quem, um dia, lhe deu a mão…

Mas o futebol é apenas um jogo, e se se soubesse, de antemão, quem ia ganhar… não tinha interesse nenhum.

Desculpem… estou mesmo a chegar ao fim.

É claro que isto tem a ver com o acontecido na 4.ª feira.
Se o jogador sérvio não tem tido aquela reacção reflexa de atirar a cabeça para trás… ah!, se calhar tinha ficado sem um dente ou dois. Scolari “abriu” o braço para bater. Não há dúvidas…

E vai pagar por isso.

E vai haver quem ache – seja qual fôr a sentença que vier a ser proferida – que o castigo foi demasiado leve ou demasiado pesado, conforme o ponto de vista.

O que eu quero mesmo dizer é que, para mim, o Luís Felipe Scolari continua a ser o mesmo Homem, com letra grande, que sempre foi. Que dá a cara, que dá o peito às balas. Teve dez segundos marcados por atitude reprovatória.
Reprovemo-la!
Ninguém tem o direito de bater em ninguém, ainda por cima, sem motivos válidos.

Mas não sejamos tão radicais que aceitamos como “despejado” naquele movimento do braço esquerdo do homem tudo o que ele conquistou para Portugal.

Sabemos todos que há meia dúzia de “delfins” de outras tantas figuras no desemprego.

E que o lugar de Seleccionador nacional podia pagar muitos favores.

Mas pensem duas vezes.

Scolari perdeu a cabeça?
Que ponha a sua própria no tronco, a quem a isso ainda não aconteceu.

Mas, principalmente àqueles que acham que percebem alguma coisa de futebol, não esqueçam que foi ele, Luis Felipe Scolari, quem agarrou numa dúzia de rapazes jeitosos com a bola, fez com eles uma equipa – UMA EQUIPA – que fez tremer os poderosa da Europa e do Mundo, e acaba por estar ligado ao facto de, hoje, os nossos seleccionados virem de meia dúzia de países diferentes, onde representam uma dúzia de clubes do primeiro plano mundial.

Eu VOTO pela continuação de Scolari.

E como sou chato, insisto: pior do que a tentativa de agressão, a quente, e na sequência de quatro jogos em que os JOGADORES não corresponderam à estratégia DESTE técnico… aconteceu no Mundial da Coreia/Japão onde o técnico, na altura, perdia horas no casino, e onde o “adjunto” tinha como função principal recrutar prostitutas.

Estavam lá duas dezenas de jornalistas.

Não me perguntem a mim.
Perguntem-lhes a eles.
Que sabem, com certeza o que se passou naquelas três semanas.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Vejam lá a minha "pontaria"!...

Eu, que nem gosto por aí além de futebol, que não vou a um estádio há sete anos que, mesmo que tenha a televisão sintonizada num canal onde está a dar um jogo de futebol... aproveito para fazer outra coisa e só levanto os olhos ao aumento dos "bruás", eu resolvi ontem escrever aqui um artigo onde vinquei que... gosto (do trabalho) do senhor Luíz Felipe Scolari.

Depois do que vi ontem tenho que acrescentar: mas detesto cenas de wrestling!

Pequeno "grão de areia" no plano para uma... Grande Noite!


Não sei se toda a gente percebeu, mas o “caso da pequena Maddie ficou hoje deslindado.
E, francamente, é nestas situações que eu tenho pena – imensa pena – que, e não sou eu quem os porá em causa, os “direitos do cidadãos” se revelam uma faca de dois gumes.


Pudessem os homens da Polícia Judiciária – em quem acredito piamente – “apertar” devidamente a senhora Kate McCann – sei lá… com tudo! azeite a ferver, arrancando unhas, deixando as formigas morderem-lhe os pés lambuzados de mel – e teríamos o caso resolvido.
E volto ao princípio. Não sei se toda a gente percebeu, mas o “caso da pequena Maddie ficou hoje concretamente resolvido quando, no site que os pais mantêm desde o seu “desaparecimento”, é lançado o “desafio” à PJ portuguesa: encontrem o corpo e então incriminem-nos.

Eles sabem que o corpo não será encontrado!

Passou completamente a fase do “Find Madeleine!”.
Acabou a farsa das missas e das velinhas mais das fitinhas amarelas.
Nem eles – os pais – souberam fingir.

Algumas amigas minhas já mo tinham dito. “Se um filho meu tivesse desaparecido, assim… na hipótese de rapto, eu não dormia, eu não comia, eu não me passeava frente às câmaras de televisão.”

“Eu morria!” – disse-mo uma amiga muito especial.
E eu acredito nela.

Passado todo este tempo, interiorizada toda a informação disponibilizada, hoje já ninguém pode dizer que acredita na hipótese do rapto da criança.

Ok… poderia ter acontecido.


Afinal, os pais são ambos médicos mais ou menos bem sucedidos, mas o primeiro cenário – nisto do desaparecimento de crianças desta idade – é sempre o abjecto móbil da venda.
Sim, da venda.

Às não menos abjectas redes de pedofilia mundial.
Tremo, só de escrever isto.

E foi isso que, no princípio da história, me fez sentir endemicamente solidário com os pais.

E nós – todos nós – postos perante dramas deste calibre até rejeitamos qualquer pensamento menos… coincidente.

Mas passaram os dias, as semanas… os meses.
Ou nos mantemos interessados no assunto – logo, menos fechados a eventuais desvios em relação à história inicial – ou esquecemos. Problema deles.

Mas quem é que pode considerar problema “deles” uma situação que pode acontecer com todos?

E é então que passamos a ser mais racionais.
É evidente – passe a má publicidade, que não é esse o meu objectivo – que quem só lê Correio da Manhã e 24 Horas foi sendo alimentado com a papinha que queria comer.
Aliás, esta chamada de atenção só acontece na sequência do que li noutros OCS.

Li, inclusivé, que, com os seus jornalistas de referência – na secção que cobria o caso – de férias, a cobertura do caso ficou entregue a estagiários ou a quem há muito pouco tempo ainda o era. E li que houve muita prosa que o povão – adepto dos jornais de escândalos – leu e não passava de efabulações. Nada de concreto. Nenhum contacto… apenas o preencher da página inventando o que foi preciso inventar.

Não me admiro nem um pouquinho.

Mas retomemos o essencial.

Aquilo que, de facto, é do conhecimento público.

Sete adultos – três casais mais um descasalado –, todos britânicos e em férias no Algarve, no dia do nefasto… “desaparecimento”, às sete e picos da tarde – em Portugal e em Agosto, quando ainda há, pelo menos, mais duas horas de sol – estão a jantar.

Para nós, é cedo para jantar, mas pronto… respeitemos o relógio biológico de quem nos visita (em Espanha, a essa hora, não tinham mesa para se sentar para um jantar…)

Embora só se fale do casal McCann, havia outros com filhos e, confesso, ainda não percebi se as crianças foram todas postas no mesmo apartamento ou não.
Seria importante saber… como seria importante saber se todas as crianças às sete da tarde bebiam um xarope que as fazia dormir com o sol ainda alto.

Aqui acho que a PJ precisa mesmo de alguém muito forte, incisivo e… sem medo de por o pescoço na guilhotina.

Havia mais casais com filhos. Eu acho que li quase tudo, mas a única informação de que me lembre, assim, agora, é de que os três filhos dos McCann estavam a… dormir.

E os outros?
Eu, francamente, não me lembro de quaisquer referências…

Não posso esquecer a conversa que tive com a minha amiga. Mãe.
Como é que raio, às sete da tarde, com o sol a pino, se põem três – porque das outras ninguém falou – crianças a dormir?
Com sedativos, é claro.

Aliás, e já nestes últimos dias, houve mais um dado novo lançado para uma hipotética discussão mas que não foi aproveitado.

Depois de espoletada a situação do desaparecimento da pequena Maddie, quando todos nós imaginamos um louco vai-e-vem no apartamento, desses momentos só sabemos uma coisa: os gémeos continuaram a dormir o sono dos anjos!

Caramba!
Sono pesado tenho eu… mas ninguém entra no meu quarto que eu não dê por isso.
Ou, pelo menos, e no caso de qem tem três ou quatro anos de idade, pelo menos rabujar.

Depois, e isto já é informação corrente, para além de, segundo o que li, às sete e picos da tarde o grupo de sete adultos já ter “despachado” oito garrafas de vinho, mesmo não questionando que tivessem mantido a previamente combinada “ronda” para ver como estavam as crianças – aquelas três ou todas? Esta informação foi-se diluindo e hoje já não sei ao certo – será que quem saía para a tal ronda… ainda ia em condições de trazer uma informação correcta?

Até aqui mantive-me dentro daquilo que todos puderam ler em todos os jornais e ver e ouvir na televisão.

Acrescentamos novidades.

Que também li, claro, que não estava no Algarve e não conheço essa gente de lado nenhum…

O grupinho de amigos – adultos e contra os quais, neste aspecto, não teço qualquer espécie de juízo – era adepto de uma coisa que nem todos saberão o que é. Trata-se do “swing”, isto é… troca de pares em jogos (chamemos-lhe assim...) de teor sexual.

Hei, hei, hei… nada disso! Não estamos a antever um bacanal de “todos contra todos”, mas da “simples”… troca de parceiro.

Agora…
Agora chega a altura de outra pergunta. Simples e que a polícia há-de ter feito.
Eu vou com a tua mulher para o meu apartamento… tu vais com a minha para o teu… ou porque estas coisas merecem sempre um festejo extra (com álcool, claro) funciona melhor se acontecer no mesmo espaço físico?

Um apartamento, daqueles, como o da Praia da Luz, para além do quarto dos miúdos ainda tem, pelo menos, mais três locais onde… cada um se divirta à vontade.

E volto atrás.

Havia mais casais com crianças. E destas, não ouvi, nem li, nada a respeito de indutores de sono. Só mesmo no caso dos McCann.

Imaginem. Eu, alentejano, sou obrigado a deduzir que a “party” estava planeada para o apartamento dos McCann!...

Por isso, TUDO o que li foi que os convivas – oito garrafas de vinho para sete não é má média, não senhora – ia de meia nem meia hora ver como estavam os miúdos no apartamento dos… McCann.

Que – e não sou eu que digo, apenas cito – aparentemente já tinham como hábito por as crianças a dormir com a ajuda de… sedativos.

Repito-me.
Imaginem…
Às sete da tarde, provavelmente num copo de leite, ou num sumo bem fresquinho, mais à medida do Algarve, as três crianças MaCann ingeriam um qualquer soporífero… que os faria dormir até de manhãzinha.

Entretanto, cada um dos “sete magníficos”, entre uma espetada de gambas e um prato de amêijoas à Bolhão Pato, ia espreitar se as crianças estavam bem.

Deus os louve por isso…

Mas imaginemos – e estamos apenas a imaginar – que numa dessas viagens ao apartamento… ao entrar, o “adulto” de serviço dá de caras com a pequena Maddie acordada e a vadiar pelo apartamento!

Não pode ser!
Foge ao plano estabelecido.

E o vinho, entretanto já bebido… tolda o raciocínio e pode levar a atitudes… extremas.

Que fazer? Estou certo que a primeira intenção foi a de repor o plano inicial.
Por a garota a dormir.

Só que, sem que ela soubesse que estava a ser induzida a dormir era uma coisa… obrigá-la a tomar, fosse o que fosse – ainda por cima com (pelo menos, 75 cl de vinho no bucho) era outra.

E é aqui que se centra todo o caso.

Haverá milhentas teorias mas não é isso que me impede de avançar com a minha própria teoria.