sábado, 29 de setembro de 2007

Todos em pé de igualdade. Isso seria bonito

Isto escrito por um Jornalista pode parecer qualquer coisa muito próximo do lesa-compromisso que todos assumimos em escrever (ou dizer) a verdade, só a verdade, dentro daquilo que conseguimos saber. Mas a verdade.

Enquanto cidadãos, todos temos tendências políticas, todos temos tendências… clubistas. Que é de futebol que vou escrever. Temos uma das profissões mais bonitas que há. Temos acesso a informações que a esmagadora maioria dos cidadãos não tem e temos à nossa disposição meios para as veicular.

E temos que ser honestos e justos porque a tal imensa maioria, estando de fora, começa por acreditar em tudo o que dizemos ou escrevemos. Crescem as nossas responsabilidades.

Mas nós somos apenas um peça no grande puzzle daquilo que é a informação. Porque esta envolve terceiros. Que têm que ser percebidos, cujas palavras não podem ser retiradas do respectivo contexto, que não podem ter um tratamento especial, segundo pertençam, ou não, à nossa tribo. Política ou desportiva. Melhor dizendo, futebolística.

Entremos, definitivamente na área do futebol. Que é sempre um barril de pólvora, à espera que alguém acenda o rastilho. E isto é potenciado pela outra grande facção, a da política.

Quantos mais “casos” forem criados em torno do futebol, quanto mais tempo o simples cidadão gastar a discutir um penalti que o foi ou nem por isso, não está a discutir o que realmente é importante para as nossas vidas.

E o futebol, hoje em dia (quase) totalmente televisionado é o “escudo” que os políticos agradecem.

Houve, num Hospital Público e devido ao uso de um produto fora de prazo (ou seja lá o que tenha sido) levou, depois de meia dúzia de intervenções cirúrgicas aos olhos de outros tantos cidadãos, um caso em que foi necessário fazer a ablação de um olho a um deles? Houve outra que entrou a ver mal e saiu completamente cega?
Quem se interessa?

O que interessa é que houve um penalti mal assinalado – num jogo que não vi (eu não vejo futebol!) – a favor de um dos Grandes e a visão (passe a ironia) do técnico da equipa pretensamente prejudicada, que aceitou o erro do árbitro como… humano (quem é que nunca errou?) é publicada porque cada um dos jornais tem receio daquilo que o outro venha a escrever.

Hoje, porque coincidiu com a minha hora de jantar, vi a primeira do Benfica – Sporting. E foi sem qualquer espécie de problemas que, terminado o jantar recolhi ao meu canto, desvalorizando o facto de ser um Benfica-Sporting. Não me interessa.

Receio, isso sim, que precisando de ser submetido a uma intervenção cirúrgica, não saia do bloco operatório pior do que entrei. Isso sim, devia ser discutido. E devia juntar-se, solidariamente, toda a gente às vítimas. A quem se entrega nas mãos de “especialistas” e sai de lá pior do que entrara.

Quero lá saber se o penalti da Amadora foi penalti ou não? Cagando.

Isto porque não vi o jogo, como não costumo ver. Mas hoje vi a primeira parte do Benfica-Sporting.
E vi o quê? Por exemplo… vi um lance dentro da área do Benfica – parece que houve outro na área contrária, mas na 2.ª parte que não vi – em que um jogador da equipa da casa, num relvado extremamente molhado pela chuvada que se abateu sobre Lisboa terá, ao nele deslizar, tocado um adversário.
Alguém gritou penalti? Só muito timidamente, apesar de tudo, o relator (não, não vou dizer a estação que estava a ouvir) que não consegue, NUNCA O CONSEGUIU, “despir” a camisola.

Depois vêm as “n” “repetições” e, aí… o comentador de serviço – que ignoro quem seja – dá o seu amem. Quem sintonizava aquela estação de rádio, e segundo a côr que perfilhou, vai ter assunto para amanhã, entre um copo de tinto e o seguinte.

Isto despertou um clique na minha cabeça. Ora, se o árbitro – se os árbitros – não têm acesso às repetições da televisão… será justo que os comentadores o tenham?

Descodificando: à primeira, o relator (são jornalistas porquê?) vendo o lance como adepto, puxou a brasa à sua sardinha. O comentador ficou calado. À espera da repetição. E assinou por baixo a opinião do "colega", com quem, a seguir ao jogo, terá ido jantar.

Eu também vi as várias repetições e vi um atleta a tentar defende a sua baliza de estendeu a perna, que deslizou numa relva ensopada e que, falhando a intercepção da bola “colheu” o seu adversário. Que não teria – porque também estava em queda – a mínima hipótese de dar seguimento ao lance. Mas isto é futebol ou não?

(Mas alguém se interessa por isso? Amanhã fará manchetes...)

O árbitro teve uma fracção de segundo para ajuizar o lance. Ele, que está à chuva, como os jogadores, achou que não devia apitar.
Quem estava no camarote, climatizado – refiro-me ao comentador – não se atreveu a afirmar, no momento, que era falta merecedora da penalidade máxima. Depois, vistas as várias repetições, optou por aparelhar com o narrador. E o árbitro – que não tem hipóteses de ver repetições – ficou ali conotado com o facto de ter beneficiado um dos contendores.

Somam-se, semana após semana, as criticas – para não dizer outra coisa – em relação aos árbitros. Porque cometem erros perfeitamente visíveis? Não, porque nas repetições, apresentadas sob vários ângulos, se consegue perceber que erraram.

Ontem, numa curta saída até aos Correios, de onde enviei a prologação da minha baixa médica, à Caixa e ao patrão, no regresso encontrei um amigo e fomos beber um café. Falaríamos de quê? De futebol, pois então…

E, depois de ele – que até é adepto de um grande clube da Cidade do Porto – ter mastigado e cuspido o árbitro do Estrela da Amadora-Benfica, chegando a exigir que o homem – que eu não sei quem foi – fosse simplesmente afastado dos campos de futebol, eu, mui naïfamente – porque ele insistia que o juíz tinha demonstrado não ter estado à altura – disse que os dois jogadores da equipa do seu coração, os dois que falharam os penalties, teriam, naquela ordem de ideias, que sofrer a mesma sanção.

Mais… porque são profissionais pagos – de um forma ofensiva para o português médio – a peso de ouro, se calhar deveriam ser proíbidos de voltar a pisar um relvado.

Que não era nada disso! – apressou-se a responder.
A conversa ficou por ali.

Mas isso deu-me uma ideia, que agora venho aqui expôr.

Que os comentadores, da Rádio ou da Televisão, dêem a sua opinião no momento.
Em vez de esperarem pelas repetições que o árbitro não pode ver.
Que raio de homens são?
Esperam que a televisão lhes dê aquilo a que o árbitro não tem direito, para depois o zurzirem?

Caramba!

O árbitro, depois de ter visto o que os outros viram poucos segundos depois, veio reconhecer que errara.

Eu tenho uma ideia. Acabem-se, nos directos, com as repetições dos lances.

Os comentadores – que ganham (e bem) a vida a cavar sepulturas – teriam que avalizar o lance tal como o árbitro.
Sim… ou não?
Teriam que o assumir.

Mais tarde, no final da partida, ou no dia seguinte, mostravam-se as repetições e via-se quem tinha razão.

E haveria “comentadores” que arriscavam o nome numa apreciação NO MOMENTO.

Teria que haver.

O que é quase pornográfico é que um – o árbitro – tenha uma fracção de segundos para julgar um lance, e que outros, no fofinho, e depois de verem quatro, cinco repetições, o condenem ali, publicamente.
E no caso dos comentadores das rádios, quando sabem que nas bancadas os estão a ouvir.


Haverá algum que tenha a coragem de, até porque não está preocupado com mais nada, abdique do auxílio das imagens de televisão para, com o mesmo tempo que o árbitro tem, dar a sua opinião?
Que depois pode vir a ser desmentida pelas repetições, APÓS o jogo?

Não creio.
Mas, mais do que injusto é desonesto.
E há tanta gente que ganha a vida desonestamente.

Que sabe que o faz, e não demonstra a mínima vergonha por isso.
É nesses que devemos acreditar?
Eu acho que não…

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Se ISTO é Justiça... EU TENHO VERGONHA!

Há uma frase que, apesar de aceite como definição diz que, a Democracia é uma treta, mas também é o melhor regime político dos existentes.
O que não deixa de significar que seja… uma treta.

Mas não é de Democracia que quero falar porque nela se albergam conceitos tão amplos quanto perniciosos.

No campo do direito, por exemplo.

O que é um Juíz?
A figura de juíz – mesmo que assim não se chamasse – deve ser das mais antigas da estrutura social do Homem, enquanto ser pensante e, mais do que isso, desde que passou a ser gregário.
Desde que passou a viver em comunhão com outros homens.

Desde sempre terão havido questiúnculas, desavenças… Resolvidas, num primeiro estágio, pela força da… força.

Mas desde que os Homens se juntaram em tribos, primeiro, depois em pequenas comunidades e depois se congregaram em nações – que não tem nada a ver com a figura de país, ou conglomerado de países, como hoje o vemos – que existe a figura de juíz. O que ajuíza. O que mede razões e decide. Para um ou para o outro lado. Com força de Lei. Mesmo quando o conceito de Lei ainda não existia.

Por isso esse papel pertenceria sempre ao ancião – ou ao conselho de anciões – da aldeia, aglomerado de aldeias… nações.

Ouviam-se as partes e aceitava-se a decisão assente na sabedoria de quem já tinha vivido muito. Por quem já, antes, tinha tido necessidade de decidir.

Como a Sociedade era uma máquina bem mais simples, as decisões quase sempre eram justas. Logo, aceites sem discussão.

A Sociedade evoluiu. Inventaram-se classes e daí até se inventar aquilo a que hoje chamamos influências (que só funciona porque há influenciáveis) foi um passo. Pequeno. Mesquinho. Vergonhoso.

A Juíz chega quem tem posses – ou porque atrás dele há quem tem posses.
Deixou de ser o sábio – por acumulação de experiências vividas, para ser… alguém decide que há-de ser. Apesar de, no caso concreto dos juízes, ser o topo de uma carreira na qual, acredito – quero acreditar – não é fácil atingir.

Mas hoje em dia um Juíz pode ser – e o caso que justifica este artigo já será revelado – ou um Homem Bom, ou apenas mais uma peça de um sistema que está caduco, minado, que olha o réu que se lhe apresenta com olhos diferentes. Consoante a sua proveniência de entre os vários extractos sociais.

Ou pode ser apenas uma “máquina” fria que se limita ao a fazer cumprir o Código Penal. Será que dorme todas as noites de consciência tranquila porque, a tempo, conseguiu decidir-se pelo artigo “x” do Código Penal… e não pelo “y”?

Há Juízes, tenho a certeza que há, que assim alicerçam a sua carreira. Ainda por cima marcando pontos em causas mediáticas com o supremo sentimento do dever cumprido.
A sua consciência, ao aceitarem não ser mais do que simples peça do todo que é uma máquina infernal e não totalmente controlada e que resume a Justiça, deixa-os tranquilos.

Serão, estes, bons Juízes?

Só porque cumprem à letra o que outros, com tanta experiência de vida vivida como ele escreveram?
Se está tudo escrito, porque raio precisamos de juízes?

Qualquer funcionário público, desde que com acesso ao Código Penal, pode – mesmo que leve mais tempo – acabar por encontrar o artigo certo no qual se enquadra o ilícito.

E lá está escrito a pena a aplicar.

Porque precisamos de Juízes?
Porque é que eu acho que precisamos de Juízes?

Porque cada caso é um caso e a introdução, no meio do que está friamente escrito seja lá em que código for, do factor sentimento humano é fundamental.

Foi sempre assim. Desde o tempo dos Conselhos de Aldeia. O mais idoso – porque a ele se reconhecia ter mais experiência de vida – haveria de, pesando os argumentos de cada uma das partes, decidir.

Mais do que com Justiça. Com Justeza.

Refiro-me aqui ao caso da pequenita de Rio Maior. Confesso que nem sei o seu nome, apenas que o pai adoptivo é militar.

E confesso que a Comunicação Social, nomeadamente a televisão, sem a sombra dos tripés das câmaras de estações internacionalmente conhecidasperde gás.

Não tem iniciativa.
Não dá opinião.
Não esclarece.
Abdica do seu DEVER de informar.

Não que o sargento da GNR foi detido. Isso é folclore.


Não que a avó paterna da menina diz que a sua casa – humilde, mas não irei por aí – tem três quartos de dormir e até um corredor, onde a criança pode brincar.

Este que, espero que alguém com mais e melhores qualificações do que eu um dia destes venha a assumir publicamente a sua defesa, é um caso ERRADO desde o princípio.

E errado porquê?
Porque o que está a ser julgado não é se um pai, ausente desde o princípio – e nem falo da mãe, que dessa nada sei – tem ou não direitos em relação à filha que, tanto quanto percebo, ignorou durante CINCO anos.
O que está a ser, não é julgado, é JOGADO, é o futuro de uma criança.

Uma criança que não reconhece a mãe biológica; que tem medo do pai biológico e que, durante anos afundou, bem fundo, as raízes familiares com quem a acolheu.

Em que circunstâncias? Também não sei. Quem sabe?

Por isso misturo o papel da Comunicação Social em tudo isto.
Explicaram-nos o quê?

Deram-nos imagens da pequena, em momentos de privacidade com a SUA REAL FAMÍLIA? Mostraram-nos o quão bem se sente?
Ouvimo-la chamar PAI ou MÃE a quem esteve presente quando os primeiros dentinhos nasceram, quando teve as primeiras febres, quando foi uma criança a precisar de uns PAIS e os teve?

Não eram aqueles que em dez minutos a conceberam?
Então… ONDE ESTÃO ESSES?
PORQUE É QUE DURANTE TODO ESTE TEMPO se mantiveram afastados?

Porque é que agora a reclamam como se de um bibelot perdido se tratasse?
Quem um dia, lá para trás, achou ser descartável, mas que agora, e vá lá saber-se porquê, exigem de volta.
Com que direitos?

E volto ao princípio.
Que raio de Juíz, regendo-se apenas pelo que está escrito num livro que provavelmente nem leu todo ainda, decreta que… a criança que já não é tão criança assim, que já criou laços, já lançou raízes na sua pequena família, a única que conheceu… que raio de Juíz – que é um Homem, provavelmente com filhos – olhando apenas para o espírito da Lei decreta que essa criança tem que deixar a sua FAMILIA, a única, para ser entregue a um pai que nem se sabe por onde anda…

Não se trata de Leis aqui.
Trata-se de senso comum.
E que raio de Juíz é este que não tem senso comum.

E o Estado, essa besta que falta todos os dias, em cada uma das horas desse dia, em cada um dos minutos dessas horas… às suas obrigações sociais, esse estado suporta a decisão desse homem que alguém fez Juíz.

Mais… disponibiliza psicólogos e pedopsiquiatrias aos molhos…
Quem quer? Quem precisa?
Temos por aqui muitos… (sem fazer nada, acredito!)
… E esquece a ÚNICA coisa que deveria neste momento estar em discussão: NADA… NADA! MESMO NADA se deveria sobrepôr ao bem-estar desta criança.
E a solução é só uma: DEIXÁ-LA FICAR COM QUEM DEIXOU DE DORMIR, POR CAUSA DAS PRIMEIRAS DORES QUANDO OS DENTINHOS COMEÇARAM A NASCER; COM QUEM PERDEU HORAS NA FILA PARA AS PRIMEIRAS VACINAS; com quem a quer como se fosse A SUA FILHA DE SANGUE.

EU NÃO QUERO UMA JUSTIÇA CEGA
.
Não assim.
Envergonha-me. Mais… causa-me asco.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Jornalista: profissão em vias de extinção

Temos a doce mania – o que não deixa de nos dar, confesso que sim, um certo ar naïf-liberal – de nos compararmos com tudo. Com todos.
Comecemos pelos Estados Unidos – que servem perfeitamente, no caso, como exemplo – onde não há UM jornal nacional. Também não podia haver.
Como o não há em países bem mais pequenos, geograficamente, como a Grã-Bretanha e a França. Ou a Espanha.
Isso de jornais nacionais é coisa de país pequenininho – repito: pequenininho – como Portugal. Ou Andorra.

E em países onde há vintena e meia de jornais de referência – como os Estados Unidos – ou, pelo memos, uma dezena, como a Grã Bretanha – ou ainda… cinco ou seis, como a França – mesmo quatro ou cinco, como a Espanha – aparecer a figura de um jornal gratuito que condense (com seis décadas de atraso em relação às Selecções do Reader's Digest, no campo dos livros) as principais notícias dos principais jornais… em países onde se vive contra-o-relógio… até se aceita.

E os Estados Unidos, ao contrário do que pensarão, é um excelente exemplo em comparação com Portugal porque, sendo o “padrão” da nova cultura ocidental, não deixa de ser o país com a maior taxa de ileteratia, dos Urais para ocidente, logo, aquele em que muitas fotos e poucas letras é o ideal num jornal.

Os jornais gratuitos eram qualquer coisa que todos devíamos estar à espera. Até que chegaram atrasados. Só que, como em quase tudo… em Portugal não há fome que não dê em fartura e neste momento, contas por alto, já temos tantos gratuitos como a pagar. E a onda ainda não morreu na praia.

Os primeiros apareceram decalcados e como extensão do que já pululava pela Europa civilizada. Com os mesmos nomes até. Só que, bem à portuguesa, peritos que somos no desenrascanso… eis que surge uma segunda via. Os Newspaper Digest das principais empresas já por si dominadoras do mercado. Com uma fórmula infantilmente antes ignorada. Diria mais… desdenhada.

Um formato que condensa as principais notícias de uma série de títulos de um mesmo Grupo. É o Ovo de Colombo. Visto a partir das poltronas de cabedal genuíno das salas dos CA instaladas no último andar de edifícios de 12 andares com vista sobre a cidade.

Mas é o Ovo de Colombo… como?
O Global, por exemplo, e porque o tenho à minha frente.

Será que me convence a comprar o 24 Horas, o Diário de Notícias, o Jornal de NotíciasO Jogo? Claro que não!
O conceito é cumprido à risca. As notícias principais estão lá, condensadas.
Para que hei-de gastar mais dinheiro – ou gastar dinheiro, que este é à borla – se fico a saber a mesma coisa, mais parágrafo, menos parágrafo?

É o Ovo de Colombo para as administrações.
As continhas são feitas à parte e a publicidade angariada pelo Global deixa-o, desde logo, em posição privilegiada.
Consolidando-se o projecto, o Global vai dar lucros enormes em comparação com os títulos por si legalmente pirateados.

E as diferenças serão tais que a administração – comum – mais dia, menos dia vai por em causa a existência de outros títulos do Grupo.

Sejam ou não lidos – para a publicidade o que interessa são os números de jornais impressos que, no caso dos gratuitos, se esgotam todos os dias (ninguém controla as estruturas metálicas onde são depositados, nem se as senhoras da limpeza das estações da CP ou do Metro os deitam às dezenas para o lixo) – são muito mais baratos, em termos gerais, do que aqueles que os alimentam.


E se não forem seis… serão cinco. E se não forem cinco serão quarto e se não forem quatro serão três… até chegar-mos à insana hipótese de um jornal com redacção própria se ver pirateado por um “irmão” que, sem gastos, para além do da impressão, naturalmente dará mais lucro.

Qual vai ser, então o passo a seguir?
Extinguir títulos, nos Grupos que têm vários – o que foi a primeira fase desta intentona contra os jornalistas – e, depois, diminuir os corpos redactoriais nos remanescentes.
E sempre, mas sempre, o gratuito, que usa, de borla, as notícias que custaram, de uma forma ou de outra, dinheiro ao que tem que ser pago, terá mais lucros.
E elimina-se mais um título… ou despendem-se mais jornalistas.
Para condensar as notícias feitas pelos jornalistas seniores, qualquer estagiário serve.

(Devia ser ao contrário, mas não é…)

Enquanto houver UM jornal no conceito tradicional de jornal, haverá notícias que o gratuito pirateia sem custos. Isto é… este continuará SEMPRE a ter resultados financeiros melhores que o primeiro.

Claro que as empresas não podem ACABAR com TODOS os jornais pagáveis.

Senão, onde iriam buscar as notícias de borla?
Mas que, em termos de administração a tendência será sempre a de cortar nas despesas dos que dão menos lucros… disso quem duvida?

Daqui a dez anos já não haverá jornalistas da minha geração.

Dos que foram formados nas redacções.
Todos os outros já devem ter percebido como a máquina funciona. Não há ninguém não descartável.
Na busca do lucro imediato, em menos de um lustro deixará de haver jornalistas a trabalhar nos jornais.

Perguntem-lhe!... Perguntem-lhe...

Luís Felipe Scolari nunca foi uma figura consensual malgrado o trabalho feito e que ficará para sempre na História do nosso futebol. E também não são consensuais os motivos das muitas… azias que têm como motivo o não gostarem dele. Ou porque não vai ver os jogos aos estádios, ou porque não vai aos estádios fora de Lisboa, ou porque fez da Selecção uma espécie de “família-Scolari” e, teimoso, dali não sai.
Ou porque ganha muitooooo dinheiro.
E nós, portugueses, sempre fomos muito invejosos deus nos abençoe...

Há um opinador, na área do futebol, com pouso na SIC-Notícias e nas páginas do Correio da Manhã e do Record, que então, esse é que não lhe perdoa. Nada.

Mas opinador (o que ele é) é uma coisa, e opinion-maker (o que ele acha que é)… outra muito diferente.
Quem se lembra do calendário/relógio – porque para ele aquilo era uma questão arrumada – a marcar as saídas de Nani e João Moutinho do Sporting?

Pois bem, no último sábado, na página inteira que tem no generalista, “lembrou-se” de uma coisa da qual… “jamais” alguém se lembraria: com o Scolari em “baixo” o que é que são “favas contadas”? Exactamente, como anunciava em título: “Mourinho na Selecção”.

Que a qualificação – sem Scolari, claro – é inevitável e que, com Mourinho – claro –, chegar ao título europeu era apenas uma questão de ir somando vitórias.

(Como se o Mourinho – digo eu que não sou especialista em futebol nem quero ser – definitivamente prisioneiro da imagem que criou para si próprio -, alguma vez, no futuro, queira pegar nalguma coisa a meio e depois vir a ser obrigado a dividir louros!)

Entretanto o Mourinho dá uma entrevista, ainda em Londres, aos OCS lusos e descarta liminarmente a hipóteses Selecção antes de chegar à idade da pré-reforma.

O que aliás, e se ele tem uma virtude é a de ser coerente, sempre disse.

“Amuado” o opinador por ver a sua “iluminada previsão” derretida como fatia de manteiga em frigideira quente, hoje, no Record toma posição e “decreta”: “Caridade, não!”.

Eu, que não sou especialista em sociologia, nem em comportamentos – na verdade, não sou especialista em nada – sorri. E lembrei-me de um velho episódio do qual muitos ainda se lembrarão.

Em finais dos anos 80 do Século passado, numa altura de crise na Selecção, um jornalista – já não me lembro quem! – num programa com um painel de convidados, perguntou directamente ao inesquecível Zé Neves de Sousa: Quem acha que poderia vir a treinar a Selecção? E ele respondeu sem pestanejar: Eu!...

Estou convencidíssimo que é essa a pergunta que este opinador espera há anos.

Perguntem-lhe lá quem é que ele acha que deveria treinar a Selecção que o homem está com a resposta entalada.
Ou perguntem-lhe quem deveria treinar o Benfica, o Sporting, o FC Porto ou mesmo o Leixões…

A resposta, tenho a certeza, seria a mesma!

domingo, 23 de setembro de 2007

Nunca fomos mais do que Figurantes

Em relação ao caso-Little Maddie...

Enquanto os jornais e as televisões portugueses serviram os interesses dos McCann, estes apareciam todos os dias, mesmo antes de lavarem os dentes, para quotidiárias declarações e os primeiros faziam, quer quatro páginas ou 20 minutos de abertura nos telejornais.
Não acrescentaram nem uma linha na história que ainda está por contar.

Os media britânicos piraram-se com o casal actualmente mais conhecido a nível global e as nossas televisões, assim que deixaram de ter como "décor" as câmaras e os microfones dos colegas da SkyNews ou da BBC, perderam a verve.
Não têm nada para dizer.

Aliás, nunca tiveram. Mas aparecer em primeiro plano, com aqueles "adereços" em fundo dava estatuto. Aos jornalistas em campo e aos editores, em Lisboa. Perante os seus superiores.

Os ingleses foram-se. Estão, ao que tudo indica, a cozinhar um história paralela. E os portugueses, que nem disso são capazes, meteram as violas (leia-se microfones e câmeras) no saco e voltaram ao rame-rame das redacções. Presos a um número de telefone de uma pretensa eventual fonte.

E os jornais fizeram o mesmo. Nos dois semanários, este fim-de-semana repisou-se no já escrito. Não têm mais nada e não podem sair de fininho. Ou melhor... É isso que estão a fazer. A sair de fininho.

Com as eleições internas no PSD aposto que o caso-Maddie rebaixará a uma breve.

Fálo do quê?
Da inexistente vertente do Jornalismo de Investigação em Portugal.
E não será só porque falta formação aos profissionais da informação neste campo muito sensível do Jornalismo.

Aliás... terá passado ao lado dos menos atentos, mas a última grande tentativa de um jornal - de referência - em mergulhar numa história das chamadas... sujas, na nossa sociedade - por acaso era sobre futebol e sobre um tal... Apito Dourado - a única (autoproclamada) jornanista de investigação acabou por... escrever a biografia da sua mais proeminente figura!...

Entretanto... num "simples" caso de rapto - ou "morte acidental"... o que é que nos dão os ingleses? Nada mais nada menos que... a "desinteressada" demissão de um senhor, de um cargo no Governo para ser... "porta-voz" do casal!

Perguntamo-nos todos: seriam os ingleses capazes de abafar um crime, mesmo que não intencional, em nome... do nome de todos os ingleses?
Não digo nada!...

E como é que nós, depois de termos levantado todo um circo à volta da coisa saímos disto?
À portuguesa!
Se há muita gente num restaurante, os empregados estão pelos cabelos sem conseguir dar conta do recado e estamos pertinho da porta de saída... mesmo que a conta do jantar seja de 17,50 € por quatro pessoas... tentamos sair de fininho.

E vamos gozar para outra freguesia.

As velhas Noites da Rádio...

SAUDOSISTA? SIM… ASSUMO-O SEM COMPLEXOS

A notícia li-a, pequenina, na Actual, do Expresso. Acabou o programa “As Horas…”, do António Sérgio, na Rádio Comercial.
A Rádio dos anos 80 e 90 ofereceu-nos grandes, extraordinários, programas “de Autor”. Os nomes, embora tenham ficado na memória, pouco queriam dizer… foram os seus autores/apresentadores que cativaram milhões de ouvintes. Fiéis. Mesmo muito antes de serem inventadas – em claro conluio com as grandes editoras/distribuidores – as famigeradas playlists. Quando nem se sonhava que entregando a gestão de um programa de rádio a um computador, este geraria centenas de programas diferentes… sempre com a mesma dúzia e meia de músicas.

Sempre gostei dos “Programas de Autor”!
Na minha – reconhecida e, sem complexos, assumida – pequenez, cheguei a defendê-los na minha passagem, saudosa (para mim, claro, que não sou assim tão pretensioso) passagem pelas ondas da Rádio.

O fim de “As Horas…” do António Sérgio eram o último programa de Autor que ainda podíamos ouvir.

Não… o “Oceano Pacífico”, que muitos, incluindo eu, ainda ouvem… todos o sabemos que não é mais do que mais uma versão de um “enlatado” onde até a voz do João Chaves é adicionada. Ainda o oiço, claro que sim… mas assim que uma música entre em fade… eu já sei qual é a que vem a seguir, muito antes dos primeiros acordes.

Li a notícia esta tarde. E, assim que a li, espremi a memória para ver se me lembrava do maior número possível de programas com “marca de” e não com A MARCA de…

“Morrison Hotel”, do Rui Morrison e, mais ao menos pela mesma altura, um que jamais esquecerei… “Pretérito Quase Perfeito!”. Não consigo lembrar-me quem era o autor? Era do Morrison também?... Não…

O pior é que depois as memórias embaralham-se e não sei se vou conseguir por o “filho” nas vozes dos “pais” legítimos… mas deixem-me tentar.

Começo, naturalmente, pelo próprio António Sérgio, com o “A Hora do Lobo” ou o “Som da Frente”!
“Voo de Pássaro” do Júlio Montenegro. Era dele o “Pretérito…” ?
Maldita dúvida.
Ou era do Paulo Coelho que me prendia à telefonia ao fim da tarde para ouvir o “Circulo em FM”?
E o “Intima Fracção”, do Francisco Amaral? – que recuperei na Net…

Tchiii... quem é que, com mais de 40 anos não se lembra d’”As Noites Longas do FM Estério”, do António Santos?

E o “Passageiro da Noite”, do Cândido Mota… ok, já num estilo diferente… tal como o “Circulo em FM”…

Não havia televisão por cabo, logo não havia MTV, VH1 nem nenhum outro…
Não havia Internet… e as milhentas possibilidades de procurar, achar e… piratear.

“Roubei” muitos dos programas de que atrás falei. Gravando-o nas velhas cassettes, num velho rádio-gravador. Talvez o meu primeiro grande sonho conquistado com os primeiros ordenados que ganhei, quando comecei a trabalhar aos 17 anos a ganhar… 35,00 € por mês.

A Rádio que, ainda pior do que a televisão, luta para sair de um charco de areias movediças chapinhando exactamente no mesmo charco que as outras – irão todas ao fundo – lentamente vêm a abdicar dos Programas de Autor.


É verdade que, há 25, 30 anos… não só esses autores já dispunham de uma colecção privada de discos aos quais nós já não tínhamos acesso, como tinham hipóteses de chegar a outros antes de eles serem editados em Portugal.
ERA TUDO NOVIDADE.

E a televisão fechava à meia-noite e não havia Internet.
Saudosista? Eu? Neste campo... definitivamente! E assumo-o por completo.

Hoje, oiço a RFM. Apanho aparte final do “Oceano Pacífico” quando me deito… começo a ouvir o João Porto. Mas acontece sempre o mesmo… mal um tema entra em fade away eu começo a trautear o que vem a seguir.
Malditas playlists.

Reencontrei a “Intima Fracção” na net. Pode ser que o António Sérgio assuma o mesmo caminho… então reganharei o prazer de ouvir a sua selecção muito pessoal.

Que sempre admirei. Que admiro.
Que gostava de poder continuar a ouvir.

Em sua substituição lá virá mais uma playlist. Talvez com critérios mais apurados, mas será sempre a diferença entre uma TelePizza e uma PizzaHut.
Nenhuma!

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Queimaram a Maddie?

Li ontem - e ao ver a manchete do Correio da Manhã confesso que estremeci das unhas dos pés à ponta dos cabelos - que a Polícia Judiciária nas últimas semanas andou a investigar... fornos crematórios que, ainda que ilegais, existem no Algarve onde é grande a comunidade de britânicos residentes.
E o Correio da Manhã tentou falar com os donos (holandeses) de um deles.
O tentar, eu percebo. Significa que soube da sua existência.
Não confio se lá foram ao não.
Soube que existe, que funciona e fez um telefonema.
Não responderam? Não faz mal chega para a notícia.

Mas porque é que há fornos crematórios no Algarve se, e esta informação tenho-a como válida, em Portugal só mesmo o do Cemitério Oriental (vulgo, do Alto de São João) está em funcionamento?
Se bem que o Cemitério dos Olivais também tenha um, desactivado, e na mui insuspeita vila de Ferreira do Alentejo, onde eu vivi entre os sete e os dez anos, há outro, mandado construir por um benemérito que não queria que a sua carcassa, depois de morta, fosse devorada pelos vermes.
Mas que também está desactivado...

Porque é que há crematórios no Algarve?
Pois bem - e aqui é precisa alguma fleuma para perceber a maneira de estar dos britânicos - para que os seus "pets" (cãozinhos, gatinhos e outros bixinhos que fazem companhia aos reformados de terras de Sua Majestade que escolheram o Algarve para gozarem as suas reformas) tenham um fim digno daquilo que foram: os melhores amigos dos seus donos.
A alternativa, em Portugal, é atirar os bichos para o contentor do lixo.
Sem respeito por eles, nem por quem, mui honradamente tem que viver do limpar do lixo que todos nós fazemos.

E por isso, parece que há - há de certeza, segundo o Correio da Manhã - crematórios, ainda que ilegais no Algarve. Ilegais só porque não são licenciados - e nós devemos ser os melhores do Mundo a "castigar", no sentido de multar, quem faz aquilo que o Estado devia fazer mas não faz.

Morre o nosso querido Bobby, morre o nosso querido Tareco - e eu já tive cão e gatos, e já morreram e foram (dignamente) enterrados num descampado aqui perto de onde habito - e, num último gesto de reconhecimento... os seus corpos mortos são cremados.
Não me admiraria - nem sequer tenho nada contra - que as cinzas voltem para casa.
Já não para a alcofazinha, mas pelo menos... não são atirados ao lixo.
Esqueçam toda esta parte!

O que realmente interessa é que a PJ á andou a investigar os crematórios que, parece, são mais do que muitos pelo Algarve.

E isto deixa-me aterrado.
Com falta de ar...
E com um rancor - se eu acreditasse em deus, apressar-me-ia a pedir-lhe perdão - de morte em relação aos McCann.

Eles estão tão seguros de que o corpo da sua pequena filha não será encontrado que até desafiaram, no sítio que têm na Internet, a PJ a encontrá-lo para depois os prender...

Eu não quero nem imaginar que tenham tido a coragem - porque até para os maiores actos de cobardia é preciso ter alguma coragem - de terem enfiado o corpito da sua própria filha num caixote qualquer e mandado cremar como se de um simples "pet" se tratasse.

Primeiro: não poderiam ter sido eles a fazê-lo o que junta mais um MONSTRO a esta história; segundo... se isso aconteceu, é evidente que a(s) pessoa(s) donas desses tais crematórios para "pets" jamais terão pensado que estavam a cremar outra coisa que não... um animal de estimação.

Eu sei o que é a Imprensa Sensasionalista.
Também sei que as pessoas que lá trabalham, a maioria, é porque não conseguem um lugar num jornal melhor, mais credível, mas nem admito a hipótese de esta notícia ter sido inventada.
Era abaixo de... não, não era de "pet", era mesmo abjecta.
Por isso considero a hipótese como... provável.

Será que, no meio daquele grupo de amigos britânicos que "só" estavam a passar umas feriazinhas no Algarve... houve uma cabeça demente que se lembrou que a melhor maneira de se livrarem do cadáver da Maddie seria... queimá-lo, como se de um cãozinho se tratasse?

Estou a suar.
Suores frios... só de pensar nisto.
Principalmente porque, se tiver sido esse o caso, a verdade é que jamais se encontrará o corpo.

Não me digam que deus existe, e é melhor para ele que não exista mesmo porque se eu desse de caras com ele usava-o como qualquer trapo molhado para dar na focinheira de quem acredita que ele existe.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Claro Que Somos Xenófobos

Claro que somos xenófobos. Pior do que isso – o que nos torna ainda mais pequeninos – somos invejosos em relação aos sucessos alheios.
E devíamos ter vergonha disso.

Dizendo de outra forma, não somos ostensivamente xenófobos, somo-lo… – e é aí que se centra o vil da questão –, cobardemente xenófobos.
Em que raio de cadinho terá sido moldado o carácter do português?

No que é que se tornou aquele povo que ganhou direito a fazer parte da história da humanidade? Dos intrépidos descobridores, dos valentes combatentes… dos grandes geradores de consensos.

Vejo-me obrigado a vasculhar a minha biblioteca na busca de livros que me sustentem, com histórias provadas, que já fomos grandes.
Agora somos pequeninos.
Vilmente pequeninos.

Somos um povo que “berra” contra as portagens – como se não fosse de todo justo que os seus utilizadores paguem a manutenção de uma via que utilizam – defendendo, mais ou menos ostensivamente, que essa pequena comparticipação (de alguns milhares) seja diluída nos impostos gerais para os quais contribuem 1000 vezes mais pessoas que nem sabem o que é uma auto estrada.
Porque não lhes passa nenhuma perto das suas rotas normais, porque nem sequer têm carro…

Somos, e eu sei bem disso, um povo que, nos respectivos empregos curva sem o menor amor-próprio a espinha a um qualquer “chefe” que lhes é imposto e que eles sabem não reúne o mínimo de conhecimentos para ser chefe de seja o que fôr. À nossa frente, nesta clara falta de personalidade – e de coragem – só sei dos brasileiros que tratam por doutor tudo o que não vista calças de ganga e t’shirt. Mas os brasileiros são um “produto” de Portugal.

Aonde é que eu quero chegar?
Ao “caso” Scolari.

O Senhor Luis Felipe Scolari é uma figura.

Do alto do seu estatuto de treinador Campeão do Mundo – ao que se juntará uma evidente falta de modéstia (mas será isso mesmo um defeito?) e de uma auto-estima acima da média –, Scolari, que foi contactado para dirigir a Selecção Nacional, a quem foram oferecidas condições que, naturalmente, negociou e, é óbvio, fez vingar as suas ideias, chegou a Portugal e, como não é estúpido, rapidamente percebeu os diversos “lobbies” que vingavam e fez aquilo que NENHUM português teria sido capaz de fazer.

Traçou uma linha, manteve-se fiel a essa linha e, como se diz… aos costumes disse nada!

E começou a ganhar.
E, apesar de estrangeiro, soube, de uma forma irrepreensível, cavar o tão fundo quanto era preciso até trazer de novo à superfície os valores de um país que nem era o seu.

Em menos de metade do tempo que o anterior seleccionador levou a desbaratar um terço do capital social da empresa de que é sócio nos casinos de Macau e Hong-Kong – o que foi, merdosamente, branqueado por TODOS os jornalistas que o acompanharam, que sabem mas cobardemente calaram – com medo de quê? – “puxou” a bandeira de Portugal para milhões de janelas – onde, em muitos milhares delas ainda flutuam – e devolver ao Povo português a ideia de Pátria. Ainda que através do futebol.

Foram poucos, muitos poucos e, de entre esses, apenas os do costume - os que protestam quando chove para exigirem sol, e bramem quando faz sol, exigindo chuva - os que se atreveram a escrever contra Scolari.

É evidente porquê. Porque nem eles – porque não qualificados – nem nenhum dos elegíveis para o lugar de Seleccionados Nacional e a quem devem inconfessáveis favores, jamais conseguiriam fazer igual ao que o… brasileiro fez!

E Scolari levou Portugal tão alto como não acontecia desde 1966.
Levou Portugal a vice-campeão Europeu e ao 4.ª lugar no Mundial que se seguiu.

É evidente que, se há clubes – por acaso radicalmente presidencialista – em que é permitido (ou foi, na última temporada) que, cada vez que a equipa marcava um golo, os jogadores corriam para o banco para festejarem com… o guarda-redes suplente, ignorando o técnico da equipa, a Scolari terá de ser reconhecido o direito de… não permitir isso.

E enquanto ganhou jogos, salvo um ou outro papagaio, que se repete, e repete, e repete… ao ponto de já não haver pachorra para o ler, ninguém teve coragem para o contestar.

Somos, endemicamente cobardes.

Ou, dizendo de outra forma, provavelmente mais perto da verdade, somos compulsivos “lambedores de botas”.

Mas pronto… não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe e a Selecção portuguesa está alguns (muitos) furos abaixo daquilo que mostrou valer nos últimos anos.

Era inevitável.

As figuras da nossa Selecção já não eram novas e, sobretudo, estão “podres” de ricos.

Não se esqueçam disto os comentadores encartados quando opinarem sobre a Selecção.

E tentem disfarçar aquilo que poucos conseguem disfarçar: somos xenófobos, sim! Se fosse um técnico português…

Mas há mais. Era inevitável uma remodelação, quase total, da Selecção. E isso acarreta riscos. Que Luís Felipe Scolari correu.

Quem não corre – pelo menos o que deles se esperava – são alguns dos jogadores.

O senhor Deco, que deve a Scolari o passaporte português e o facto de ter conseguido um contrato multimilionário com o Barcelona (onde já não se sente bem, o que é indício mais do que certo de que há na fila quem já está a querer oferecer-lhe mais), devia suar sangue em campo. Porque fica bem a um homem o manter-se reconhecido a quem, um dia, lhe deu a mão…

Mas o futebol é apenas um jogo, e se se soubesse, de antemão, quem ia ganhar… não tinha interesse nenhum.

Desculpem… estou mesmo a chegar ao fim.

É claro que isto tem a ver com o acontecido na 4.ª feira.
Se o jogador sérvio não tem tido aquela reacção reflexa de atirar a cabeça para trás… ah!, se calhar tinha ficado sem um dente ou dois. Scolari “abriu” o braço para bater. Não há dúvidas…

E vai pagar por isso.

E vai haver quem ache – seja qual fôr a sentença que vier a ser proferida – que o castigo foi demasiado leve ou demasiado pesado, conforme o ponto de vista.

O que eu quero mesmo dizer é que, para mim, o Luís Felipe Scolari continua a ser o mesmo Homem, com letra grande, que sempre foi. Que dá a cara, que dá o peito às balas. Teve dez segundos marcados por atitude reprovatória.
Reprovemo-la!
Ninguém tem o direito de bater em ninguém, ainda por cima, sem motivos válidos.

Mas não sejamos tão radicais que aceitamos como “despejado” naquele movimento do braço esquerdo do homem tudo o que ele conquistou para Portugal.

Sabemos todos que há meia dúzia de “delfins” de outras tantas figuras no desemprego.

E que o lugar de Seleccionador nacional podia pagar muitos favores.

Mas pensem duas vezes.

Scolari perdeu a cabeça?
Que ponha a sua própria no tronco, a quem a isso ainda não aconteceu.

Mas, principalmente àqueles que acham que percebem alguma coisa de futebol, não esqueçam que foi ele, Luis Felipe Scolari, quem agarrou numa dúzia de rapazes jeitosos com a bola, fez com eles uma equipa – UMA EQUIPA – que fez tremer os poderosa da Europa e do Mundo, e acaba por estar ligado ao facto de, hoje, os nossos seleccionados virem de meia dúzia de países diferentes, onde representam uma dúzia de clubes do primeiro plano mundial.

Eu VOTO pela continuação de Scolari.

E como sou chato, insisto: pior do que a tentativa de agressão, a quente, e na sequência de quatro jogos em que os JOGADORES não corresponderam à estratégia DESTE técnico… aconteceu no Mundial da Coreia/Japão onde o técnico, na altura, perdia horas no casino, e onde o “adjunto” tinha como função principal recrutar prostitutas.

Estavam lá duas dezenas de jornalistas.

Não me perguntem a mim.
Perguntem-lhes a eles.
Que sabem, com certeza o que se passou naquelas três semanas.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Vejam lá a minha "pontaria"!...

Eu, que nem gosto por aí além de futebol, que não vou a um estádio há sete anos que, mesmo que tenha a televisão sintonizada num canal onde está a dar um jogo de futebol... aproveito para fazer outra coisa e só levanto os olhos ao aumento dos "bruás", eu resolvi ontem escrever aqui um artigo onde vinquei que... gosto (do trabalho) do senhor Luíz Felipe Scolari.

Depois do que vi ontem tenho que acrescentar: mas detesto cenas de wrestling!

Pequeno "grão de areia" no plano para uma... Grande Noite!


Não sei se toda a gente percebeu, mas o “caso da pequena Maddie ficou hoje deslindado.
E, francamente, é nestas situações que eu tenho pena – imensa pena – que, e não sou eu quem os porá em causa, os “direitos do cidadãos” se revelam uma faca de dois gumes.


Pudessem os homens da Polícia Judiciária – em quem acredito piamente – “apertar” devidamente a senhora Kate McCann – sei lá… com tudo! azeite a ferver, arrancando unhas, deixando as formigas morderem-lhe os pés lambuzados de mel – e teríamos o caso resolvido.
E volto ao princípio. Não sei se toda a gente percebeu, mas o “caso da pequena Maddie ficou hoje concretamente resolvido quando, no site que os pais mantêm desde o seu “desaparecimento”, é lançado o “desafio” à PJ portuguesa: encontrem o corpo e então incriminem-nos.

Eles sabem que o corpo não será encontrado!

Passou completamente a fase do “Find Madeleine!”.
Acabou a farsa das missas e das velinhas mais das fitinhas amarelas.
Nem eles – os pais – souberam fingir.

Algumas amigas minhas já mo tinham dito. “Se um filho meu tivesse desaparecido, assim… na hipótese de rapto, eu não dormia, eu não comia, eu não me passeava frente às câmaras de televisão.”

“Eu morria!” – disse-mo uma amiga muito especial.
E eu acredito nela.

Passado todo este tempo, interiorizada toda a informação disponibilizada, hoje já ninguém pode dizer que acredita na hipótese do rapto da criança.

Ok… poderia ter acontecido.


Afinal, os pais são ambos médicos mais ou menos bem sucedidos, mas o primeiro cenário – nisto do desaparecimento de crianças desta idade – é sempre o abjecto móbil da venda.
Sim, da venda.

Às não menos abjectas redes de pedofilia mundial.
Tremo, só de escrever isto.

E foi isso que, no princípio da história, me fez sentir endemicamente solidário com os pais.

E nós – todos nós – postos perante dramas deste calibre até rejeitamos qualquer pensamento menos… coincidente.

Mas passaram os dias, as semanas… os meses.
Ou nos mantemos interessados no assunto – logo, menos fechados a eventuais desvios em relação à história inicial – ou esquecemos. Problema deles.

Mas quem é que pode considerar problema “deles” uma situação que pode acontecer com todos?

E é então que passamos a ser mais racionais.
É evidente – passe a má publicidade, que não é esse o meu objectivo – que quem só lê Correio da Manhã e 24 Horas foi sendo alimentado com a papinha que queria comer.
Aliás, esta chamada de atenção só acontece na sequência do que li noutros OCS.

Li, inclusivé, que, com os seus jornalistas de referência – na secção que cobria o caso – de férias, a cobertura do caso ficou entregue a estagiários ou a quem há muito pouco tempo ainda o era. E li que houve muita prosa que o povão – adepto dos jornais de escândalos – leu e não passava de efabulações. Nada de concreto. Nenhum contacto… apenas o preencher da página inventando o que foi preciso inventar.

Não me admiro nem um pouquinho.

Mas retomemos o essencial.

Aquilo que, de facto, é do conhecimento público.

Sete adultos – três casais mais um descasalado –, todos britânicos e em férias no Algarve, no dia do nefasto… “desaparecimento”, às sete e picos da tarde – em Portugal e em Agosto, quando ainda há, pelo menos, mais duas horas de sol – estão a jantar.

Para nós, é cedo para jantar, mas pronto… respeitemos o relógio biológico de quem nos visita (em Espanha, a essa hora, não tinham mesa para se sentar para um jantar…)

Embora só se fale do casal McCann, havia outros com filhos e, confesso, ainda não percebi se as crianças foram todas postas no mesmo apartamento ou não.
Seria importante saber… como seria importante saber se todas as crianças às sete da tarde bebiam um xarope que as fazia dormir com o sol ainda alto.

Aqui acho que a PJ precisa mesmo de alguém muito forte, incisivo e… sem medo de por o pescoço na guilhotina.

Havia mais casais com filhos. Eu acho que li quase tudo, mas a única informação de que me lembre, assim, agora, é de que os três filhos dos McCann estavam a… dormir.

E os outros?
Eu, francamente, não me lembro de quaisquer referências…

Não posso esquecer a conversa que tive com a minha amiga. Mãe.
Como é que raio, às sete da tarde, com o sol a pino, se põem três – porque das outras ninguém falou – crianças a dormir?
Com sedativos, é claro.

Aliás, e já nestes últimos dias, houve mais um dado novo lançado para uma hipotética discussão mas que não foi aproveitado.

Depois de espoletada a situação do desaparecimento da pequena Maddie, quando todos nós imaginamos um louco vai-e-vem no apartamento, desses momentos só sabemos uma coisa: os gémeos continuaram a dormir o sono dos anjos!

Caramba!
Sono pesado tenho eu… mas ninguém entra no meu quarto que eu não dê por isso.
Ou, pelo menos, e no caso de qem tem três ou quatro anos de idade, pelo menos rabujar.

Depois, e isto já é informação corrente, para além de, segundo o que li, às sete e picos da tarde o grupo de sete adultos já ter “despachado” oito garrafas de vinho, mesmo não questionando que tivessem mantido a previamente combinada “ronda” para ver como estavam as crianças – aquelas três ou todas? Esta informação foi-se diluindo e hoje já não sei ao certo – será que quem saía para a tal ronda… ainda ia em condições de trazer uma informação correcta?

Até aqui mantive-me dentro daquilo que todos puderam ler em todos os jornais e ver e ouvir na televisão.

Acrescentamos novidades.

Que também li, claro, que não estava no Algarve e não conheço essa gente de lado nenhum…

O grupinho de amigos – adultos e contra os quais, neste aspecto, não teço qualquer espécie de juízo – era adepto de uma coisa que nem todos saberão o que é. Trata-se do “swing”, isto é… troca de pares em jogos (chamemos-lhe assim...) de teor sexual.

Hei, hei, hei… nada disso! Não estamos a antever um bacanal de “todos contra todos”, mas da “simples”… troca de parceiro.

Agora…
Agora chega a altura de outra pergunta. Simples e que a polícia há-de ter feito.
Eu vou com a tua mulher para o meu apartamento… tu vais com a minha para o teu… ou porque estas coisas merecem sempre um festejo extra (com álcool, claro) funciona melhor se acontecer no mesmo espaço físico?

Um apartamento, daqueles, como o da Praia da Luz, para além do quarto dos miúdos ainda tem, pelo menos, mais três locais onde… cada um se divirta à vontade.

E volto atrás.

Havia mais casais com crianças. E destas, não ouvi, nem li, nada a respeito de indutores de sono. Só mesmo no caso dos McCann.

Imaginem. Eu, alentejano, sou obrigado a deduzir que a “party” estava planeada para o apartamento dos McCann!...

Por isso, TUDO o que li foi que os convivas – oito garrafas de vinho para sete não é má média, não senhora – ia de meia nem meia hora ver como estavam os miúdos no apartamento dos… McCann.

Que – e não sou eu que digo, apenas cito – aparentemente já tinham como hábito por as crianças a dormir com a ajuda de… sedativos.

Repito-me.
Imaginem…
Às sete da tarde, provavelmente num copo de leite, ou num sumo bem fresquinho, mais à medida do Algarve, as três crianças MaCann ingeriam um qualquer soporífero… que os faria dormir até de manhãzinha.

Entretanto, cada um dos “sete magníficos”, entre uma espetada de gambas e um prato de amêijoas à Bolhão Pato, ia espreitar se as crianças estavam bem.

Deus os louve por isso…

Mas imaginemos – e estamos apenas a imaginar – que numa dessas viagens ao apartamento… ao entrar, o “adulto” de serviço dá de caras com a pequena Maddie acordada e a vadiar pelo apartamento!

Não pode ser!
Foge ao plano estabelecido.

E o vinho, entretanto já bebido… tolda o raciocínio e pode levar a atitudes… extremas.

Que fazer? Estou certo que a primeira intenção foi a de repor o plano inicial.
Por a garota a dormir.

Só que, sem que ela soubesse que estava a ser induzida a dormir era uma coisa… obrigá-la a tomar, fosse o que fosse – ainda por cima com (pelo menos, 75 cl de vinho no bucho) era outra.

E é aqui que se centra todo o caso.

Haverá milhentas teorias mas não é isso que me impede de avançar com a minha própria teoria.

... e a Maddie estava acordada!

A pessoa que foi fazer a “ronda” antes da senhora Kate McCann voltou com a “novidade” de que a Maddie estava acordada.
Que chatice!...
Claro que caberia a um dos pais lá ir tentar repor a… normalidade.
Foi a mãe (custa-me escrever esta palavra….), tão sob os efeitos dos vapores do álcool como os demais.

O que é que aconteceu depois? Pois, se alguém soubesse, o caso estava resolvido.

Saltemos então essa parte se “sombra”.

A senhora McCann vai ver como estão os filhos, volta, talvez algo perturbada e que faz?
(Ainda não sabemos se a Maddie está lá ou não, se está bem, ou não.)
A senhora McCann voltou ao restaurante e sem demonstrar qualquer alteração no seu estado emocional, senão os empregados teriam notado, anuncia que a filha tinha desaparecido.

Façamos, como nos filmes, aqui um “corte” para juntar uma informação também ela confirmadíssima. Investigadas as chamadas feitas pelo seu telemóvel… ela primeiro ligou para uma amiga, jornalista de uma Televisão inglesa – a dizer que a filha tinha desaparecido – e só depois… demasiado tempo depois… ligou à GNR de Lagos (presumo eu, que há muitos anos atrás passei férias na Praia da Luz, mas aquilo ainda era um “deserto”...)

E quando a GNR chegou – sabendo nós o quanto são céleres as nossas polícias – já todo o complexo do “resort” de férias tinha – com a melhor das vontades, e serei o último a dizer o contrário – espezinhado caminhos, relvados, colocado impressões digitais em portas e janelas… tudo com a melhor das intenções de ajudar a procurar a menina

Eu não estou a dizer nada que a polícia não tenha investigado.
Certo que, tratando-se de uma família inglesa, até se compreenda que, antes de mais, tenha procurado ajuda junto dos seus mais próximos…

Mas depois vem o resto.
Aquele “ar” sempre meio “conformado” com o desaparecimento da pequena filha… a grande “prioridade” de arregimentar de imediato “apoios”… tudo coisas que, “a quente” nos passou despercebido a todos.

Mas passaram quatro meses.
Hoje, quem é pai/mãe já tem tempo para pensar um pouco…
Em vez de – e seria de todo aceitável – aparecerem a clamar por um maior empenhamento por parte da forças policiais… que aconteceu?
Começaram a distribuir folhas com a foto da menina, conseguiram o impensável, que foi que o padre da igreja da Praia da Luz lhes entregasse as chaves da igreja e… assumiram perante os diversos OCS um protagonismo que, hoje, a frio, já não é tão fácil de entender assim.

“Rádios? Televisões? Jornais? Fotos?... Eu, se um dos meus filhos tivesse desaparecido não queria ver era ninguém… E se desconfiasse que ele poderia ter sido morto, só queria morrer também!”, insiste em dizer-me uma amiga.

Mas ao que é que nós assistimos nos dias imediatos ao do desaparecimento da pequena Maddie?

Inocentemente, engolimos o isco que nos foi lançado e ficámos, solidários, ao lado dos pais que, no entanto, falavam a tudo o que era OCS.
E só agora podemos perceber isso.
Com uma grande frieza, sem um mínimo de sentimento, sem uma réstia palpável de dor.

Um peluche a rodar entre os dedos e palavras.

Palavras… só palavras.

E outra coisa deveras curiosa mas – lá está, quando se olham as coisas com a inocência que prevalece nos nossos sentimentos quem pensaria outra coisa? – retomo o raciocínio, outra coisa da qual ninguém desconfiou.

Desmontemos o caso, ignoremos os personagens… fiquemos apenas com uma criança desaparecida e os seus pais.
O que é que estes fariam primeiro?

Exactamente!... Se vissem nisso a hipótese de poderem recuperar o filho perdido, gastavam tudo o que tinham, começavam depois por pedir ajuda à família, seguir-se-iam os amigos… a comunidade local

Eu diria que ninguém, em verdadeira dor, se lembraria de abrir uma conta on-line num banco ao segundo dia após o desaparecimento de um filho.

MUITO MENOS sendo pessoas de uma classe média alta.

Afinal de contas, ambos são médicos.

Entretanto, tudo se descontrola.
Não acredito – e repito: NÃO ACREDITO – que a pequena Maddie tenha sido… assassinada. Mas que morreu, devido a um malfadado acidente – que não terá sido do grau mais leve, tendo em conta as últimas informações, e do qual não poderá ser alheio o mais ou menos estado de embriaguez do seu causador – disso, creio já não restam dúvidas.

Retomemos a cronologia dos factos.

Um dos elementos do grupo, cumprido a sua “escala” de verificação de que os miúdos estavam bem, voltou à mesa onde estavam todos. Mas a sua mensagem não terá sido tranquilizadora. A Maddie estava acordada. Então, a seguir foi a mãe.

Temos que confiar no profissionalismo da PJ.

E se a PJ tentou “apertar” a mãe por algum motivo foi.

Que terá acontecido?

A doutora Kate McCann tentou reforçar a dose do habitual – nestas circunstâncias porque, acreditem, não terá sido a primeira vez… – sedativo. A criança não colaborou.

A doutora McCann já tinha, estatisticamente, bebido uma garrafa de vinho mais um sétimo de uma outra… deu uma estalada na criança? É possível...

E esta bateu com a cabeça na parede, ou num móvel...

Fosse o que fosse, como médica, a doutora Kate McCann, quando voltou ao restaurante já sabia que a filha estava morta.

E foi naquele pequeno grupo, meio embriagado, que se definiu a estratégia a tomar.

Houve quem visse a figura de um homem a passar com uma criança nos braços, criança que não fez barulho, não esperneou, não esbracejou… como qualquer criança que estivesse a ser raptada faria.
Porque já estava morta.

Depois… depois foi todo o “circo” montado pelos próprios pais.

Francamente, não sei se a mãe chorou alguma vez ou não frente às câmaras de televisão. Também não me interessa.

Foi o abrir da conta, para ajudar na busca da criança “raptada”, as sucessivas missas… as viagens que chegaram até ao Vaticano, onde, inclusivé, estiveram com o papa…

A vinda dos cães especialistas – provavelmente, a única coisa que escapou ao macabro plano – o sangue, não só no apartamento, mas também num carro alugado três semanas depois do desaparecimento da criança que – e se vier a ser possível provar isto – significará que o corpo morto esteve três semanas debaixo do nariz dos polícias - os cabelos, muitos cabelos (fácil de serem desprendidos de um cadáver) descobertos no mesmo carro…
E a mais terrível das deduções.
Mesmo que acidentalmente, a Maddie foi morta pela mãe.

E o horroroso de tudo isto… pais e amigos encenaram toda uma estória tentando desviar a atenção dos investigadores.

Não fui chamado a ser júri, nem posso ser juiz porque para tal não tenho habilitações. Confirmando-se tudo o que suspeito… que a senhora Kate McCann possa vir a ter uma morte lenta e dolorosa. E na posse de todas as suas faculdades para que não deixe de pensar no que fez. Ou encobriu.

Que será das crianças quando as mães se abstiverem de serem as suas primeiras e mais fiáveis guardiãs?

Será... genético?!!! Não culpem o Scolari

Depois e nos termos “habituado” às fases finais, fosse dos Europeus, fosse dos Mndiais – estou a falar de futebol – olhando para a Selecção de Portugal faz-me lembrar aqueles velhos jogos populares de aldeia (que, entretanto, também se perderam). Erguia-se um poste na praça central da terra, um poste devidamente encebado e o desafio era… subir até ao cimo do poste.
Valia tudo (ou quase, dentro do “não-há-regras-escritas”) por isso, os mais espertos passavam as mãos na terra de forma a que esta contrariasse a escorregadela ao primeiro contacto.
Mas a terra ia ficando a cada palmo de poste conquistado e, não raro, já muito perto do topo o candidato lá escorregava por ali abaixo.

Foi um tempo bom, esse dos jogos de aldeia. Não havia pão, para além daquele que se fazia no forno próprio, não havia trabalho, para além daquele que a pequena jeira de família dava. O mínimo para enganar a fome. Umas couves, umas batatas…
Não vou dizer que fossem felizes esses tempos, mas a felicidade, como tanta coisa na vida, mede-se por comparação. E não havendo padrão melhor… sim, era-se feliz.
Pobre, muito pobre, vergonhosamente pobre num País propositadamente adiado, mas lá vinham, de tempos em tempos, as festas da aldeia e tudo se esquecia. Desempoeirava-se o fato que durava uma vida, que só se usava nos casamentos de família e em alguns baptizados e, por dois ou três dias esqueciam-se as agruras dos outros trezentos e tal, de cada ano.

A verdade é que foi isso mesmo que sempre aconteceu com o futebol nacional. Vestia-se o fato domingueiro, antecipava-se a festa – como se antecipava a glória raramente conseguida de se conseguir chegar ao topo do pau encebado – e depois, corrido o pano sobre o acontecimento, restavam os lamentos e as desculpas.

No futebol estamos exactamente no mesmo estado.

Faz-se a festa de véspera e depois sai-se a chorar o facto de não termos alcançado o topo do pau.

Sendo um desporto colectivo, o futebol, principalmente na última década, faz-se de figuras. Rara é a grande equipa que o é pelo colectivo. Não!
O Benfica tinha o Simão, o Sporting as suas jovens estrelas, o FC Porto o Quaresma, o Lucho, o Anderson…

No entanto, a subida ao estrelato – na maioria das vezes, para não dizer sempre – envergando a camisola da Selecção proporcionou a 180% dos bons jogadores nacionais contratos milionários em clubes estrangeiros.

Não, não é gralha. Não é possível haver 180 por cento de craques… o que acontece é que hoje, graças àquilo que a Selecção proporcionou, quem é português é craque. Ou então expliquem-me lá como é que uma equipa romena tem DEZ jogadores portugueses que, salvo uma ou duas excepções, ninguém conhece?

É o lado cigano do português. É verdade, temos muito de cigano no sentido em que eu entendo os ciganos. Gente boa, antes de tudo, mas que não consegue… exagerar sempre um pouco as suas capacidades.

Para nos impingir uma “Lacoste” que todos sabemos ser de contrafacção, para os CD que ao fim de cinco leituras deixam de se ouvir, para os DVD que à terceira passagem já não têm som e as imagens são, predominantemente cor-de-rosa.

Pronto… já perceberam que eu comprei.

Mas eu admiro os ciganos. Apátridas há centenas de anos, a sua primeira prioridade é a de tentarem sobreviver onde estiverem. Vendem CDs e DVDs piratas? Mas se nós sabemos que são piratas!...


Não são eles que nos enganam. Somos nós que – lá está, não sendo, no essencial, tão diferentes deles assim – arriscamos. Nos cinco DVDs que compramos pelo preço de um… se um se aguentar seis meses já ganhámos o sábado.

Não, não me esqueci que esta crónica é dedicada ao futebol.
E já vão perceber o porquê dos ciganos…

A Portugal, neste Grupo de qualificação calhou um lote de equipas para rir.

Sempre com o maior dos respeitos pelas convicções de cada um.

Ganhávamos este Grupo com as duas pernas às costas e uma venda nos olhos. Mas o que aconteceria depois? Se ganhássemos os jogos todos, os meninos mimadosmonetariamente mimados – iam pensar que, daqui para a frente, não precisariam mais do que aparecer, vestir a camisola e que a instalação sonora do estádio anunciasse o seu nome.

EU GOSTO DO FELIPE SCOLARI.
É, mais do que um bom treinador, um extraordinário condutor de homens.
E ele viu a coisa exactamente como eu a retratei nas últimas linhas.

Porque é que o Scolari insiste num dado grupo de jogadores em detrimento de outros? Porque, com uma cajadada mata dois coelhos. Eleva o moral aos primeiros e gere, conforme pode, a raiva dos segundos.

O que o Scolari não contou foi com a súbita entronização como “deuses” do futebol de alguns dos seus escolhidos. Nem teve tempo para emendar, depois, a mão. Até porque, como qualquer bom condutor de homens… é teimoso.

E a verdade é que, nos dois jogos em casa em que “deveríamos” ter carimbado o passaporte para a fase final deste Europeu… podemos ter hipotecado tudo.

E a raiva do Scolari, no final, quando até protagonizou uma cena que é de lamentar – mais, de condenar – foi a de ter visto que, ao fim de 180 minutos os “perna de pau” e os claramente fora de forma em que ele apostou, com aquele esperança de que se ultrapassariam… não passaram de medíocres intérpretes de uma táctica que ele há muito tinha engendrado.

Um, porque mudou recentemente de clube e não quer correr riscos que prejudiquem a sua carreira nesse mesmo novo clube; outro porque, castigado no campeonato onde joga, atrocina uma festa de arromba – não foi a festa, que na idade dele esse tipo de festas não fazem rombo o pior foram as consequências mediática… depois mais um ou dois que, com medo de decepcionarem o próprio Scolari – que, aparentemente, é o único que acredita neles – não arriscam tudo o que têm para dar…

Resultado… dois jogos em casa, com adversários que era preciso afastar do caminho… deram em dois empates. Por acaso os adversários directos não fizeram melhor, só que faltam menos jogos.

O culpado não é Scolari. Mas a verdade é que agora já não tem tempo para emendar a mão. E vai ser com estes mesmos… “protegidos” que vai ter que conseguir o apuramento para a fase final do Euro’08.

Agora uma coisa ficou completamente clara… apurados ou não, Scolari não vai ficar.


Encontrou um grupo – com as sabidas e honradas excepções que todos sabem – de pernas-de-pau, construiu uma Selecção mas os seus “perna-de-pau” hoje já jogam no estrangeiro.

Provavelmente nunca sequer lhes passou pela cabeça a influência que o trabalho que tiveram com Scolari teve para conseguirem atingir objectivos que muito poucos deles sonhariam sequer. E Scolari, também ele – o outro (se não houver mais) sou eu – também há-de estar com muitas saudades dos “zés-ninguém” que ele transformou em “estrelinhas” do futebol.

É evidente que já, já a seguir vai partir para outra… daqui a três anos três quartos das estrelas portuguesas que conseguiram contratos milionários à custa da Selecção estarão de volta.

O Benfica, o Sporting e o Porto se calhar já não lhes vão pegar… mas há sempre o Braga, o Belenenses ou o Leiria...