A notícia trá-la o Correio da Manhã na sua edição de terça-dfeira (na página 15).
Algarve, evacuação aérea o título da peça – assinada pelos companheiros Rui Pando Gomes, mais A. M. S. e J. M. G. – “TRANSPORTE FATAL”, obrigaram-me a lê-la.
Devo confessar, sem falsos pretensiosíssimos, que “adivinhando” o que me fez arrepiar.
Curiosamente, dos 14 comentários postados na edição on-line do jornal, nem um fez a ligação. Será tudo gente relativamente jovem.
Deduzo.
E o pior é que estou a falar de duas situações que aconteceram com um intervalo de… 24 anos! Já perceberam que a comparação é com o acidente – e o que depois aconteceu – do qual haveria de morrer o nosso grande Joaquim Agostinho.
Uma senhora sofreu um traumatismo craniano, no passado domingo, dia 25 de Maio de 2008, depois de uma queda em casa de familiares na… QUARTEIRA.
A senhora foi transportada para o Centro de Saúde de Loulé;
tal qual aconteceu com Agostinho;
Daí, foi transferida para o Hospital de Faro…
como o Agostinho;
Perante a gravidade do caso, o INEM desaconselhou o transporte por helicóptero...
Em 1984 nem havia helicópteros, ou a solução nem foi equacionada;
Foi transportada por estrada – aqui a diferença entre as estradas que temos hoje a ligar Faro à capital é abissal, em relação às que havia há 24 anos – mas houve um hiato de tempo, demasiado longo porque, se havia ambulâncias, não havia ventiladores.
A senhora chegou a Lisboa 10 horas – DEZ HORAS – e dez minutos depois de ter sido accionado o primeiro alerta, para o CODU local, ainda foi operada, mas não resistiu.
O óbito foi declarado às zero horas de terça-feira.
São ou não assustadoras as coincidências com o caso do Joaquim Agostinho?
Aconteceu 24 anos depois.
Clicando na foto podem vê-la maior e, à direita, em gráfico, está a cronologia dos acontecimentos.
Para quem não leu, e já não tem hipóteses de ler – não sei se a versão on-line se mantém visitável – transcrevo a seguir a notícia do Correio da Manhã.
28 Maio 2008 - 10h00
Algarve: INEM recusou evacuação aérea devido a situação clínica
Transporte fatal
Seis horas de espera fatal. Foi este o tempo que uma vítima de traumatismo craniano grave demorou até ser transferida do Hospital Central de Faro (HCF) para o Hospital de São José, em Lisboa, por não haver ambulâncias com ventilador disponíveis e o INEM ter desaconselhado a evacuação de helicóptero, devido à situação clínica da paciente.
O caso aconteceu no passado domingo.
Maria Ramalho, de 69 anos e professora de Estremoz, acabou por não resistir às complicações neurológicas que a espera lhe causou e morreu ontem, no São José. A família está revoltada e vai avançar judicialmente contra o HCF, garantiu ao CM um familiar próximo, que trabalha numa outra unidade hospitalar.
Ao que o CM apurou, a última opção foi activar uma ambulância da Cruz Vermelha de Castro Marim (a 100 km de distância) sem ventilador, disponibilizando o HCF o equipamento para o transporte. Mas, quando os enfermeiros preparavam a transferência, repararam que 'os três ventiladores portáteis do Hospital estavam avariados', revelou fonte hospitalar.
A solução passou por pedir emprestado um ventilador da ambulância da Cruz Vermelha, estacionada no Aeroporto de Faro.
A unidade de saúde garante que 'a transferência foi feita mediante o cumprimento de todos os protocolos clínicos adequados'.
AVARIAS DOS VENTILADORES SEM EXPLICAÇÃO
O Hospital de Faro não esclareceu a razão de não ter ventiladores portáteis em funcionamento para transferências de emergência entre hospitais. Apenas explicou ao CM que 'inicialmente foi considerada a hipótese de evacuação aérea e contactado o Centro de Orientação de Doentes Urgentes do INEM. Contudo, a situação clínica da utente desaconselhou a utilização deste transporte'.
Para o transporte por via terrestre, a unidade de saúde algarvia esclareceu que só 'a 4ª entidade contactada informou dispor de viatura para o efeito'.
O pedido de transporte foi feito segundo o que 'está protocolado com as entidades da região que efectuam transporte de doentes'.
Rui Pando Gomes / A.M.S./J.M.G.
De toda esta (triste) história, sobressai uma realidade: no Algarve ainda há corporação de bombeiros – e a culpa não será destes – sem ventiladores portáteis;
e o Hospital Central de Faro tê-los-á, mas estarão avariados.
Quanto custará um ventilador portátil?
Quanto custará salvar uma vida?
Façamos umas contas… esquisitas.
700 € x 23 jogadores = 16.100 €
mais 1.700 € do senhor Scolari = 17.800 €
Simplificando a coisa, se o mister ganha mais mil euros que os jogadores, os seus adjuntos – Murtosa, Schneider e Brassard – não devem receber menos de 1.000 €…
17.800 € + 3.000 € = 20.800 €
E ainda falta saber quanto recebem roupeiros, técnicos de… calçado, cozinheiro e adjuntos… o representante permanente da FPF, mais um possível RP, mais um possível RPI…
Façamos as contas por baixo…
Por dia, o Grupo de Trabalho da Selecção de Portugal receberá, mais euro, menos cêntimo, digamos… 23.000 euros.
QUATRO MIL E SEISCENTOS CONTOS, na moeda antiga.
POR DIA!
Quantos ventiladores se comprarão com 4.500 contos?
Nem que seja apenas UM!!!!
PS: Não cobro nada pela ideia, mas podem imprimir também este artigo e, sei lá, enviá-lo por fax para Viseu. Pode ser que os artistas da bola até consigam ser solidários. Afinal é só o valor de UM dia dos muitos que vão receber.
Se quiserem, eu assino.
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