terça-feira, 25 de março de 2008

Fasciszóide!...


Vamos acreditar no acaso!
Façamos, colectivamente, esse exercício e saibamos tirar dele a devida conclusão.

No mesmo dia em que estudantes revelam que “vigilantes”, recrutados entre reformados das forças de segurança, estão de olho nos contestatários, nas diversas escolas, o governo do tal Pinto de Sousa, pela voz de um sub-secretário de Estado vem apelar a que os nubentes declarem, em ficha oficial existente, quem lhes pagou o vestido para a noiva e o fato para o noivo.

E querem também saber quanto e a quem pagaram para filmarem a cerimónia, quanto pagaram para as fotos… acho que se lhes escapou o quanto deram de gorjeta aos empregados que estavam de serviço ao banquete.

“Vigilantes” nas escolas, como nos maus velhos tempos do Veiga Simão, antes de 74. E os noivos obrigados (!!!) a descriminarem que prendas receberam e quem lhas deu.
Tudo em nome da transparência fiscal.
Tudo, quando se somam as notícias de grandes e tortuosas engenhocas das grandes empresas que operam em “off-shores” e que estão, de facto, a roubar o Estado.

A roubar-nos a nós todos.

Na ânsia de colectar impostos, o senhor Pinto de Sousa já deixou de pensar.


Segue, neste momento, de freio nos dentes e cuidado a quem se atreva a atravessar-se-lhe à frente.
Há motoristas particulares ao serviço do executivo que levam para casa mais dinheiro que alguns funcionários públicos a desempenhar cargos de chefia?
Que interessa isso perante o abominável que será oferecer a um casal de nubentes um serviço completo de chá, e não o declarar no impresso do IRS?
Está tudo doido.

E já nem falo aqui – agora – de outros exemplos porque não faço a mínima ideia de quem vai ler isto. Sim. Tenho MEDO.


Este “governo” socialista está a enveredar por práticas pidescas e o que nos vale a nós, hoje, é estarmos – podermos estar – precavidos contra isso.

Enquanto empresas, sejam elas de contínuo exercício da restauração, ou prestadores de serviços eventuais; sejam elas vendedoras de flores, fotógrafos ou seja lá o que for, estão, por princípio, obrigadas a ter que prestar contas ao Estado.

Então… porque há-de o Estado, em mais um abominável apelo à delacção, querer obrigar os nubentes a preencher um formulário – sobre o qual tenho as minhas dúvidas quanto à sua legalidade – onde terão que dizer quem lhe prestou os serviços e quanto cobraram por eles?

É pidesco o método.
Não admira que se envergonhe até o Mário Soares que nunca me mereceu grande confiança por causa dos seus afamados jogos de cintura, capaz de negociar de forma a ficar de bem com deus e o diabo.
Se até este dinossauro socialista se interroga…

São as polícias a tentar saber que professores se preparam para se manifestar; é, agora, esta denuncia – não negada – de que a mesma polícia, a mando do Estado, está a tentar controlar os alunos; é todo um turbilhão de acontecimentos que nos embrulha e deixa sem saber o que pensar… e, em caso de dúvida, pensemos o pior.

Somemos tudo.
O senhor José Pinto de Sousa, o Governo chefiado pelo senhor José Pinto de Sousa, está a cercar o comum dos cidadãos, apertando-os num laço que lhes tolhe os movimentos, que os condiciona, que os amedronta…
Bem ao estilo daquilo que o doutor Oliveira Salazar fez durante 40 anos.

Quem o nega?
Quem se atreve a contrapor?

Pois se é verdade…

sexta-feira, 21 de março de 2008

Origens...


Há, dizem, animais no seu estado ainda selvagem, que percorrem centenas de quilómetros para irem morrer ao local onde nasceram.
Ninguém ainda sabe explicar porquê.
Eu tenho muitas saudades do meu Alentejo...

quinta-feira, 20 de março de 2008

E NÃO OS PODEMOS MANDAR CALAR?

"Quem quer ser Miliomário"

Pergunta: Para além do alemão e do francês, qual é a oura língua oficial do Luxemburgo?
Hipóteses para a resposta: Português, Inglês, Luxemburguês e Basco...

O "concorrente" pediu ajuda ao público...

Culturalmente analfabetos mas incapazes de resistir ao "apelo" de podere ter CINCO MINUTOS de... "fama" na TV.

Triste país o nosso em que não se sabe mais do que vai para além do fundo da nossa ruazinha...

Professores... estou Convosco!

O TeleJornal da estação pública abriu hoje com imagens chocantes de uma já espigadota aluna a lutar com uma – aparentava, pelo menos – quarentona professora, pela posse de um telemóvel que esta lhe terá apreendido.

Antes da indignação, tentamos ser objectivos.

A professora foi levada a tirar o telemóvel à moçoila – que por acaso já tem bom corpo para levar uns chapadões na cara – porquê?
Porque sim? Porque embirra com telemóveis? Porque embirra com a moçoila?

Eu já não acredito no menino jesus nem no pai natal – e assim que descobrir como é que ele põe os ovos, deixarei, de certeza, de acreditar no coelhinho da páscoa -, por isso sou levado a deduzir que a adolescente mal educada estava a usar o aparelhilho no decurso da aula.
O que fará em todas as aulas, mas na desta professora as coisas deram para o torto.

Pelo meio deixo uma confissão: eu jamais seria professor.

Não, neste momento. Aliás, não, desde de há duas décadas para cá.
E não seria professor porque, provavelmente, seria expulso pelo Ministério da Educação, coagido a isso por veemente protesto de uma meia dúzia de pais.

Retomo o assunto, tentando não confundir o leitor.
Ser professor, hoje em dia, é uma profissão de risco.

Não tenho a mínima dúvida em escrever isto e sustento-o.

Jornalista enviado-especial para cenário de guerra?

Uma brincadeira.
E depois, não acontece isso todos os semestres.

O professor tem de tentar sobreviver oito ou nove horas por dia, cinco dias por semana, 40 semanas por ano.
São uns heróis.

O drama é que a actual… (falsa) forte personalidade dos jovens é mentira.
É falta de educação; é falta de respeito para com terceiros; é uma manifesta falta de cultura social. Cada um destes jovens senhores do seu nariz pensa que o mundo gira à volta do filho da mãe do piercing que tem implantado no umbigo.

Depois, são malcriados por culpa dos pais.
E não me venham com cenas, tipo, ah! os pais trabalham todo o dia, não têm tempo…

Ok, eu caminho para os 50 anos e a minha realidade não tem nada a ver com esta, mas a minha mãe, era eu pequenininho, trabalhava no campo e na época da monda do grão, a tarefa era para cumprir entre as 4 ou 5 da manhã, até às 8 ou nove. E o meu pai teve que emigrar…

Não foi por isso que eu não aprendi a respeitar os mais velhos, os professores, os chefes… conforme os degraus que todos subimos ao longo das nossas vidas.

O que há minutos atrás vimos era impensável no “meu tempo”, mas não deveria acontecer nos dias de hoje.

Uma adolescente em luta corpo-a-corpo com uma professora bem mais idosa que a sua própria mãe e o resto da turma a rir-se, enquanto um deles filmava a cena.

Que depois pôs na Internet.
Inconscientemente, melhor, sem o mínimo de tino – o que o coloca ao lado da valentona – proporcionou que uma das muitas, muitas, muitas – demasiadas – cenas de violência em salas de aulas tenha saído daquelas quatro paredes.

O que, infelizmente, teria acontecido de imediato se a professora – a senhora até é franzina, talvez por isso, mais não fez do que esquivar-se às investidas da recém desmamada armada em gente grande que luta pelos seus direitos -, dizia, o mesmo não teria acontecido se a professora (ou se fosse um professor) lhe tivesse espetado uma bela bofetada com quantos dedos tem na mão.

A notícia de abertura do TeleJornal teria sido outra.
Infelizmente teria sido outra e teríamos tido os pais – que nem merecem o nome, porque não sabem educar os filhos – a perorar contra a pobre da professora.

A questão que a nossa sociedade tarda em entender é que, com este ambiente, os professores não conseguem – não podem – levar a bom termo a sua missão.

Há algo de comum entre ser-se professor e ser-se jornalista, talvez por isso eu os entenda.

E tenho uma irmã – mais nova – que é professora.
E sou obrigado a reconhecer que a sua actividade comporta maiores riscos que a minha, mesmo que meia dúzia de atrasados mentais (com a ressalva de que não me refiro a quem sofre de doenças limitativas), só porque são apaniguados de uma determinada cor, tenha vontade de me chegar a roupa ao pelo por causa das minhas opiniões.

Quando os professores se queixam, se manifestam, quando reclamam – mesmo em relação à questão de avaliação (*) – o cidadão, que tem filhos na escola, que conta com a escola para colmatar a sua própria falta de presença (não se escandalizem, é verdade, há pais que lamentam que os filhos só estejam 12 horas na escola, porque com eles em casa às sete da tarde já não podem ir jantar fora), quando os professores se queixam… têm razão.

“arcanjos” que ainda se perguntam, raiva esmagada no ranger de dentes, porque é que os professores têm medo da avaliação?

Perguntem-se, se - como eu penso, são pessoas de bem - como é que os professores AGUENTAM ser o elo mais fraco desta política de educação.
Sem preconceitos.

Não é medo da avaliação.

Pelo menos para a maioria porque em todas as profissões há bons e maus profissionais,

Será aquela nuance, normalmente escondida do grande público.
Um professor, hoje em dia, é um – passe a expressão – boneco nas mãos dos seus alunos.
Porque se estes não são ensinados a respeitar os próprios pais, como é que respeitarão um desconhecido?
E depois os jovens são, está provado que são, mais espertos até de quem escreve as Leis e os regulamentos.
Sabem que podem enfrentar um professor.
Sabem que este não pode responder à letra, sob o risco de se ver acusado de exercício desajustado de poder.

Que poder?
Que poder têm hoje os professores?
E, valha-nos aquele que a maioria ainda acredita existir e se dá por deus.
Deus uma ova.

* Tenho uma estória engraçada, que aconteceu há para aí 20 anos.
Existia, aqui em Alverca, uma rádio, das chamadas piratinhas.

Eu era o Director de Antena, o que significa, director-executivo.

Personagem mais, chamemos-lhe… “respeitável” – eu era operário fabril e ele estudante de medicina – foi convidada pela Escola Secundária Gago Coutinho, aqui em Alverca, para conduzir uma aula sobre Comunicação Social.
À ultima hora não pode estar e uma aluna do curso – que também era colaboradora da Rádio (a Elsa Frazão) – pediu-me para que lá fosse porque “o pessoal está muito entusiasmado com a rádio”.
E eu fui.

Ainda eu não estava a falar há cinco minutos e já o bueréré se sobrepunha ao que eu dizia. Olhei a professora que me devolveu o olhar, desarmada.

Desci do estrado – que coloca o professor um pouco acima do plano onde ficam os alunos – dirigi-me ao “palhaço” (uso o termo porque ele a ele se proporcionou, num claro decalque do que aconteceria nas outras aulas) e mandei-o para a rua.

Como eu estava, claramente, fora da área docente – e porque o rapazola, não me conhecendo, não sabia como reagir – não desistindo eu, junto à cadeira que ele ocupava, de o mandar sair imediatamente, ele saiu.

E os outros, que até se mostravam interessados no Jornalismo, participaram vivamente na “aula” sem que mais alguém se atrevesse a… ser “engraçado”!

Eu sei que isto não pode acontecer com o professor, no dia-a-dia.
Só porque amanhã vai ter o mesmo engraçadinho na mesma aula…

Isto foi só um exemplo, mas tinha que o escrever aqui para sustentar o que a seguir vou escrever.

Naquela turma, naquela escola – Carolina Micaelis, no Porto – aquela franganota não punha mais as asinhas…
Os pais que se preocupassem com a sua educação. Na MINHA aula… NUNCA MAIS.

Agora, mesmo os pais exemplares que têm filhos exemplares – que são objectivamente prejudicados por estas “madonas” – são capazes de sair em defesa da professora?

Tenho, infelizmente, a certeza de que não.
Primeiro, porque isso obrigaria a mais uma preocupação… estar atento e responder em consciência ao mais pequeno pormenor do que acontece na escola.

Depois, porque – mentes pequenas, pensamentos descartáveis – a maioria dos pais acha que os professores não tem razão.

Isso viu-se nas últimas semanas, por causa da luta dos professores.
Li alevoseidades extremas.

Insanas.

Porque é que os Profs não aceitam "esta" forma de avaliação?

Porque não têm a certeza da justeza dessa própria avaliação...

ESPLICADO OU É PRECISO FAZER UM BONECO????

Não vale a pena insistir.
O exemplo hoje dado a conhecer a todo o País pela RTP corta tudo pela raiz.

Que valor terá a avaliação de uma professora, mais de 40 anos, mãe; provavelmente… avó, que é publicamente, perante toda a turma, desautorizada?,Que é VIOLANTADA, por um rebento de mulher (porque já não era tão jovem assim)?

Para quem pergunta… porque é que os professores têm medo de ser avaliados?
Eu respondo: quem defende os professores que esborracham o nariz, num soco bem direccionado num aluno que leva para a Escola a má – a falta – de educação que lhe é dada em casa?

O que cultivamos em casa já não serve – definitivamente, já não serve – para estabelecer um determinado padrão.

E lembro-me da “Balada de Hill Street”.
O Sargento dizia sempre… “Let’s Go Out There, But… Be carefull”

Este artigo estendeu-se – e teve chamadas à parte – no entanto eu não vou deixar de vincar aquilo que realmente penso.
O que EU PENSO.
Que sei que muitos professores pensam mas eles não podem fazer.

Eu DAVA UM BOM PAR DE CHAPADAS à chavala que vi na abertura do Telejornal.
Se calhar depois tinha que dar ao pai também…

domingo, 16 de março de 2008

Ao Contrário de Vocês... Nós Sabemos Respeitar

A companheira do senhor José Pinto de Sousa, por acaso primeiro-ministro de Portugal, gasta hoje mais uma página da notícias-magazine – ela é jornalista - com um mui sublime acto de propaganda pró-governo.
O motivo: passaram 78 dias (é nisto precisa) desde que entrou em vigor a Lei-anti-fumadores e parou o espernear por parte destes.

Mentira. Fossem os fumadores tão fundamentalistas quanto os que lhes deu para embirrar com eles e teríamos por aí uma guerra-aberta.
Ao contrário de vocês, nós sabemos respeitar...

De certeza que, até para bem da harmonia do (seu) lar, seria preferível que as preocupações do PM se centrassem em dois ou três casos (que seriam sempre de polícia) de alguns fumadores fundamentalistas do que ter que aturar 300 mil professores em manifestação.
Mas os amaldiçoados fumadores deram a todos uma grande lição cívica.
Apesar de hoje nos sentirmos – eu sinto-me – completamente descriminados.

É verdade! Saio para desentorpecer as pernas e já dei comigo a olhar com alguma inveja – principalmente nestes dias em que choveu – para o interior dos cafés onde algumas pessoas lêem o jornal, fazem as palavras cruzadas… passam o seu tempo.

Eu, para passar o meu tempo, desço a Avenida, vou ao fundo da Quinta da Vala e volto para trás pela Estrada da Estação. Atravesso a Nacional 10 frente ao cemitério velho, vou até ao largo do Mercado, atravesso de novo a Nacional 10 e… desço a Avenida.

Apetecia-me sair da chuva. Apetecia-me sentar-me numa mesa de café e ler o jornal.
Fazer as palavras cruzadas enquanto fumava um cigarro...
Não posso.
Está-me interdito.

A Lei-anti-fumadores está ferida de inconstitucionalidade porque, para proteger uns, descrimina ostensivamente outros.

Devia ter sido como em Espanha. Cada proprietário era livre de decidir se na sua casa se fumava ou não. Sem essa ridícula necessidade de se instalar um equipamento que ainda ninguém conseguiu encontrar no mercado.

Como eu sou obrigado a passar pelos dísticos que me avisam que lá dentro não se pode fumar, porque é que os que não querem apanhar fumo não terão de ser obrigados a passar por uma ou duas casas até encontrarem uma onde não se sentissem incomodados?

Os que queriam fumar saberiam que não podiam entrar nuns, e os que não suportam o fumo, sabiam que nesses não deviam entrar.
Procurassem um onde fosse proibido.

Democracia é poder escolher.
Com o senhor José Pinto de Sousa estamos a aprender que, a bem da nação, escusamos de nos preocupar com isso, que alguém no governo escolherá por nós.

António de Oliveira Salazar pensava exactamente da mesma maneira.
Porque haveria o Zé Povinho de se preocupar a escolher?
Não, ele providenciava as escolhas e o povo só tinha que acatar o emanado de cima.

Agora, o governo socialista (!!!) decidiu… decidir quem é que pode usar piercings e tatuagens.
Um dia destes decidirá quem é que pode andar sentado nos transportes públicos, e quem é que terá de viajar de pé…
Depois seguir-se-ão os restaurantes para quem vai de fato e gravata;
as casas de banho e os bebedouros públicos que podem ser utilizados por uns, e por outros…
Ainda se lembram da África do Sul do apartheid?

Embora a Serra da Estrela fique no meio, em linha recta Santa Comba Dão não é tão distante assim da Covilhã. E, esteja lá onde estiver, o velho Botas há-de estar a olhar para nós com um sorriso malandro nos lábios.
E orgulhoso deste José Pinto de Sousa.

Que, infelizmente, não tinha mesmo jeito para fazer projectos de casas tipo maison, com marquises de alumínio e teve que se dedicar à política.
Para mal dos nossos pecados.

Eu tenho uma ideia!
Porque não avançar – e o mais depressa possível – com a avaliação dos nossos políticos?

País Filho da Puta

Os factos, já os sabia.
Tinha lido.
A conclusão do processo é que me surpreendeu.
Veio tudo n’O MIRANTE.

Dois putos, entrando no comboio em Alverca e só porque sim, chegaram-se junto a um passageiro e, presumo que delicadamente, pediram-lhe que lhes oferecesse o seu telemóvel.
Este, porque provavelmente tinha estima no seu aparelhinho, não os satisfez e foi vítima de agressão com socos e pontapés (leiam aqui).

Um dos meliantes ainda sacou de uma brinquedo em forma de bastão com dois palmos mais ou menos bem medidos, que só não usou porque entretanto apareceu o revisor que… apelou à calma (sic).

Conjugaram-se os astros para que, com a coisa mais ou menos controlada, o comboio parou na estação seguinte, a Póvoa, onde estava uma patrulha da divisão Metro/CP, da PSP, à qual o agredido apresentou queixa, identificando os agressores.

São jovens. Não pensam.
Aguadaram o julgamento em liberdade e a Senhora Juíz, quando do julgamento, mesmo reconhecendo que os actos provados tinham sido graves, mas porque os candidatos a meliantes ainda são dois jovenzinhos de 17 e 18 anos, suspendeu-lhes a pena de dois anos de prisão, que enquadra o crime, por… dois anos.

Quando em trabalho, faço a viagem Lisboa-Alverca todas as noites e já tive de suster a respiração, não por ameaça concreta, mas por latente situação que pode descambar para o roubo com ou sem violência.
Sei que não estou livre destes jovens a quem, juízes como esta Senhora – que, evidentemente, não andam de comboio às duas da manhã – acham poder dar uma segunda oportunidade parecendo que não percebem a festa que terá sido quando ambos terão chegado à sua zona de residência e acolhidos como heróis.

E, é mais do que certo que, por mais que não seja para poderem gabar-se do mesmo, outros compinchas já planearam – provavelmente já perpetraram – valentia idêntica.

O que aqui está em causa é a defesa do direito de qualquer cidadão em poder usar um transporte público sem se sentir amedrontado, muito menos atacado, seja física, seja verbalmente, por estes jovens heróis.

Imagino-me cansado, ao fim de mais de 12 horas de trabalho, mal comido, com vontade de me deixar cair na minha cama, medindo a olho os quilómetros que me separam da estação de Alverca – de onde, depois, ainda tenho de fazer dois quilómetros a pé até minha casa – e, de repente, um daqueles ganguezinhos que não raro entram ali pela gare do Oriente, se me dirige a pedir-me, de bastãozinho na mão, o meu telemóvel.
Ou o meu relógio.
Ou a minha pasta que, parecendo uma vulgar pasta de computador portátil, não leva mais do que os jornais do dia que comprara de manhãzinha na ida para o trabalho.

Que faço?
Dar-lhe o que é meu, nem pensar.

Vejo-me a tentar manter a calma, a meter a mão no interior do casaco e, não vá o diabo tecê-las, antes de dizer… surpresa! ora vejam, disparar a arma para a qual tenho licença de porte e uso para defesa pessoal.
O que me agonia é ter quase a certeza de que não encontrarei, quando do julgamento por ter disparado, a mesma Senhora Juiz para deliberar, tendo em conta a minha conduta irrepreensível, enquanto cidadão que até paga impostos, e livrar-me da prisão.

Filho da puta, País este.

quarta-feira, 12 de março de 2008

E os Burros São Eles…

Não há muitos dias que li, ainda que de relance, um dos opinion-makers da nossa praça a referir-se em termos menos graciosos aos concursos que assentam na Cultura Geral e que os diversos canais de televisão transmitem. O melhor exemplo é, sem dúvida, o “Quem Quer Ser Milionário”.

O “Preço Certo” conquistou o seu espaço porque é um jogo de sorte pura – mesmo que se tenha mais ou menos a ideia de quanto custa uma depiladora para… homens (!!!) – até porque se for o último a responder, pode acontecer que um dos três anteriores a palpitarem já tenham acertado, e porque junta o povão.

Vejo e entretenho-me.

Ora, se o objectivo é esse, o de entreter os telespectadores, há muito que a aposta foi ganha. E depois não concordo nem um bocadinho com os militantes da maledicência que – não será dor de corno? – acusam o bonacheirão do Fernando Mendes de interesseiro e abrutalhado quando o tema descai para a comida.

O Gordinho gosta de comer e não o esconde; fala de petiscos, brinca com a sua gordura mas expõe-se totalmente.

Isto é, dá – propositadamente, tenho a certeza, eu que já tive o privilégio de o cumprimentar no Restaurante A Floresta de Moscavide (um ninho de lagartos, sem ofensa, até porque lá tudo é bom, do serviço à qualidade da comida) -, dizia eu, dá o flanco porque ele é assim mesmo e está-se nas tintas para os falsos moralistas.

E o programa tem o sucesso que tem porque é ele a apresentá-lo.

Imaginem – não é difícil porque foi o primeiro a apresentá-lo – o Jorge Gabriel (que no já jurássico ano de 1991 foi meu companheiro na Volta a Portugal, ele pela TSF, eu pel’A Capital, mas fazendo a Volta juntos).

Trazia-se um bolo para lhe oferecer? Um boneco que salta de uma caixa?
Profissional imaculado, como o é, o Jorge levaria a brincadeira, mas o Gordo é o Gordo. Está muito mais próximo do tal povão, que é o alvo do programa, e que municia o grosso dos concorrentes.
O “Preço Certo” está bem entregue.

O que a seguir vou escrever não quer dizer que o “Quem Quer Ser Milionário” não está bem entregue ao mesmo Jorge Gabriel.

Não! Antes pelo contrário…
Mas desviei-me um pouco do objectivo deste artigo.

O que está em causa não são os concursos, não são os apresentadores, mas sim… os concorrentes.

É confrangedora a preparação – sendo que o Concurso apela à Cultura Geral – dos concorrentes.

Hoje mesmo, há minutos atrás, um jovem estudante de Medicina é confrontado com uma pergunta – e só tem que escolher entre quatro respostas, nem tem que levar os livros decorados – sobre um caso médico… não soube responder.

Repito: um estudante de medicina não conseguiu identificar entre quatro termos médicos, aquele que correspondia à resposta da pergunta que lhe foi feita. Deus nos acuda de cair no seu consultório. Digo eu que sou agnóstico!...

Como seria de esperar, os candidatos a concorrentes deste “Quem Quer Ser Milionário” são, na esmagadora maioria – para não arriscar o na totalidade -, mais jovens e vindos de um extracto social bem mais alto do que as cabeleireiras, as donas de casa e os aposentados que preenchem o “Preço Certo”.

A vida – por mais tempo de antena que o PS nos faça pagar (claro que somos nós que pagamos!) – está mal para a esmagadora maioria e só o “carneirismo” leva a que larga – por enquanto – franja dos “comidos” ainda ache que os professores não têm razão.

Os jovens não têm perspectiva de futuro, não têm casa para morar, não têm empregos… vale-lhes a esperança no Euromilhões e, aos mais desenrascados (ou inconscientes?) o “Quem Quer Ser Milionário”.

Com que cara – se é que alguém lhe ensinou esse valor, o de ter vergonha na cara – aquele jovem estudante de medicina aparecerá amanhã na faculdade depois de ter falhado uma resposta de Trivial, ligada à área que era suposto ele dominar?

Mas o drama nem foi posto a descoberto hoje. Não!

Basta todos os dias ficarmos à espera deste… concurso, para ver que, gente com preparação superior à média nacional tropeça em perguntas de algibeira que qualquer pessoa da minha geração – aprendíamos os rios e seus afluentes, mais as linhas férreas, não só da… Metrópole, mas também de Angola e Moçambique… na 4.ª Classe – responderia com muito maior facilidade.

Refraseio: o drama nem é este.
O Drama é que serão estes jovens que daqui a meia dúzia de anos vão mandar em nós.
Que o Diabo nos ajude!...

domingo, 9 de março de 2008

Gestos Simples com Significado


Moro num pequeno bairro sem ostentações, onde mora gente simples.
Toda a gente se conhece, mesmo que alguns [acuso-me] cultivem a sua independência, mantendo um distanciamento confortável para evitar confianças exageradas.

Moro num pequeno bairro que, no todo, forma uma grande família.

Moro num pequeno bairro que tem um pequeno centro de convivio, à frente do qual estão três mastros onde, em datas festivas, se hasteiam as bandeiras nacional, da cidade e da associação de moradores.

Moro num pequeno bairro que se une à volta dos que passam por momentos difíceis.
Onde as perdas de uns são assumidas por todos.

Moro num pequeno bairro que sobe a meio mastro a bandeira quando morre um dos seus. Nunca tinha reparado nisso!
Vi-o há pouco.
Não há muitos bairros que comunguem, assim, a dor da perda de um dos seus.

Gente simples, sem ostentações, mas solidária.
É o meu bairro.

Não é para reflectir, é para ficarmos indignados mesmo

Façam o favor de ler... (aqui)

E envergonhemo-nos...
Todos!