sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Falta de DECOro

Sou associado da DECO há já largos anos. Porque, enquanto consumidor, e sabedor de que os nossos direitos são multiplicadamente atropelados nas mais diversas situações, acho que devo ajudar a associação na sua subsistência.

Nunca precisei da sua intermediação... mas posso precisar amanhã. E há outros que vão precisando, no dia-a-dia. Não é exactamente barato ser associado da DECO, mas paga-se.

Na última edição da sua revista, a DECO-proTESTE julgou o funcionamento das estações dos CTT em Portugal. Já analisou, nestes anos todos, mil e uma situações, desde oficinas de automóveis a reparadores de torradeiras eléctricas. Como não tenho nem uma coisa nem outra, passei os olhos, lendo sem ler. Mas vou quase diariamente aos Correios.

Estranhei que a associação se abespinhasse porque os seus elementos, em média, esperaram mais de dez minutos para serem atendidos. Eu, normalmente, se me despachar no dobro do tempo já saio contente. Daí... li o resto.

Entretanto, ontem li o que Luís Nazaré, presidente dos CTT, disse ao Diário de Notícias e voltei à revista.

Ok, francamente, desta vez - mas fica a terrível dúvida: quantas vezes eu terei acreditado na boa fé da DECO? - a associação excedeu-se.

Um exemplo: propositadamente, o representante da associação, "enganou-se" no preenchimento do papelinho que temos que entregar quando registamos uma carta. Eu envio, por mês, duas cartas registadas há mais de dois anos. Já preenchi esse papelinho mais de 50 vezes.

E do que se queixa a DECO? Que o funcionário dos CTT "deixou passar" o erro/armadilha (a troca do número de polícia, no enderesso do destinatário. 43 no papelinho, 13 no envelope da carta).

Diz, e muito bem, o presidente dos CTT, que é do interesse do cliente preencher correctamente o dito papelucho mas o que me deixou piurso foi a lata da DECO. Então queixa-se que levaram 10 minutos a serem atendidos e refilam porque os funcionários não lêem, seguindo com o dedo para comparar o envelope e o papelinho, os nomes e direcções que o cliente, ele próprio escreveu?

Caramba!, um dia destes o meu tempo de demora passa dos 20 para os 40 minutos, se vamos obrigar os funcionários a emendar os erros que o cliente comete. De propósito ou não.

Não DECO, por aí não.

E volto atrás. Quantas vezes terei sido levado ao engano nos outros aprofundados estudos que me apresentam mensalmente.

E espero, sinceramente, que o objectivo de uma associação que existe para ajudar o consumidor anónimo não seja aquele que Luís Nazaré aponta.

É que, outra vez, dá para desconfiar.

A verdade é que, não raro, a revista da DECO dá grandes "notícias", até de abertura de telejornais.

Que o ego da DECO não se sobreponha à sua verdadeira missão cívica.

Existe para auxiliar o consumidor, não para ir mostrando jovens advogados nos diversos telejornais.

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