quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Recuso a descriminação... e depois?

Nota prévia: Sei que fumar faz mal. Sei ler e, se tal não bastasse, jamais poderia invocar desconhecimento, de tal forma tem sido intensiva a campanha anti-tabaco.

Importante: Tenho-me como um bom cidadão.
Respeitador, no que concerne às obrigações; mais do que isso, sensível em relação a eventuais mal-estares que possa causar a terceiros. Fui educado no sentido de respeitar os outros. Todos os outros.

Em troca… sempre esperei ser respeitado. Nada mais justo… pensava eu.

Daqui a cinco dias o meu pequeno vício – o de fumar – vai fazer de mim cidadão de segunda categoria. Pago os meus impostos? Pago! Pago ainda mais por ser fumador? Pago. Mas vou ser empurrado para a rua.


Porque tenho que tomar as minhas refeições fora de casa, e porque entre o aperitivo e a refeição, e entre esta e o cafézinho não vou poder ter o prazer – porque para mim é um prazer – de um cigarrinho… vou ter que acatar uma decisão que limita a minha liberdade de escolha.

Eu escolhi fumar, apesar dos malefícios que reconheço no tabaco, mas daqui a cinco dias serei proscrito.

Eu aceito que no local de trabalho, onde os meus colegas que não fumam também têm direitos, me seja interdito fumar. Mas isso porque eles TÊM QUE LÁ ESTAR. É, também, o seu local de trabalho.

Eu não discuto que em edifícios públicos, onde TODA a gente terá, mais ou menos vezes, que ir, não se fume…
Como nas estações do metro, como nos autocarros, como nos comboios urbanos, em que as viagens são, no máximo, de – em média – 25 a 30 minutos.

E há outros casos que nem sequer são passíveis de discussão.
E eu sempre aceitei e cumpri a interdição de fumar.

Daqui a cinco dias, uma lei perfeitamente autista – como tantas outras a que temos que nos submeter e feitas por políticos de aviário – vai impedir-me de me juntar com dois, três ou quatro amigos e, enquanto bebemos um café, queimamos um ou dois cigarros.

Porque a Lei é autista.

Porque somos ridiculamente provincianos.
Porque abdicamos de pensar pela nossa cabeça e adoptamos regras decalcadas de outros lados. Onde a tendência para a uniformização dos cidadãos parece ser a única forma de os ter controlados.

Aqui ao lado, em Espanha, onde o mesmo problema foi legislado há um ano atrás, respeitou-se a identidade e a vontade de todos.
Dos donos dos espaços – que não são tão públicos assim, porque há alguém a pagar impostos para os ter abertos – e dos seus frequentadores.

Cada um podia estipular se deixava, ou não, que no seu espaço se pudesse fumar.
Parece-me justo. É justo!
Ninguém saía prejudicado.

O meu café favorito, aquele onde, depois do almoço, vou tomar a bica – e fumar dois cigarros – ou ao fim da tarde beber uma cerveja decide-se por interditar os cigarros no seu espaço? Amigos como antes.

Mas eu passo para o outro café ao lado onde posso fumar.

Foi assim em Espanha.
Mas Portugal tinha que ser diferente.

De fachada. Sempre.

São tantos os vícios privados que é canina a vontade de mostrar públicas virtudes.

Os proprietários – donos, que pagam impostos – dos espaços não podem sequer fazer contas. Isto porque aquilo que deveria ser uma opção pessoal – legítima – deixa de o ser quando para se poder fumar em qualquer estabelecimento de hotelaria é obrigatória a instalação de um equipamento que… nem sequer existe.

Não há! Está provado.

Não há equipamento que impeça que uma atmosfera marcada pelo fumo do tabaco, gasosa, como é, não ocupe outros espaços adjacentes.

O que a Lei pede é impossível de ser concretizado.

Depois, a mesma Lei dá a qualquer cidadão a autoridade para se sobrepôr à… autoridade. Aqui o legislador desmascara-se. O primeiro e único objectivo – do qual, aliás, é possível encontrar irmãos gémeos – é o de que cada cidadão passe a policiar o seu vizinho.

E com isso alargar a possibilidade de o Estado poder vir a cobrar… mais multas.

Dinheiro, dinheiro, dinheiro…
Para um Governo Socialista não está mal.

O Doutor Oliveira Salazar teria gostado de conhecer o licenciado José Sócrates. Provavelmente ter-lhe-ia dado a bênção, tal a forma obscura e com o único intuito de… limitar, limitar, limitar… as liberdades dos cidadãos com que vem a governar.

O meu problema é, de facto, o não poder, livremente… ser eu.
E eu… fumo.

E pago as refeições como qualquer outro.
E daqui a cinco dias não sei onde posso ir comer.

Melhor… sei.

Não posso ir a lado nenhum, sem deixar de ser eu.

Para que os outros – mesmo que seja a maioria (será?) – garantam os seus direitos… os meus são atropelados.

Agora, e entrego as minhas esperanças todas na redacção chefiado pelo Pedro Tadeu – que foi meu colega n’A Capital, onde começou a fazer suplementos comerciais – para que no dia 2 de Janeiro possamos ter noticiário devidamente documentado com as necessárias fotos de que alguns figurões – com um bocadinho de sorte, até algum membro do governo – não dispensaram o charuto após o lauto almoço no Gambrinus ou no Tavares Rico.
Ou enquanto degustavam um Cardhu no Pabe.

E que não me apanhem no Degrau e lixem a vida ao meu amigo Manel.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Faz o que eu digo, não faças o que eu faço…

A notícia vem na edição de hoje do Expresso.
Num dos pólos de uma das escolas de Formação Profissional geridas pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, vulgo… CGTP, dos 12 professores em funções, dez estão a recibo verde.

Têm os mesmos deveres que os outros dois, que estão no quadro, mas nenhum direito.

Não têm subsídio de férias nem de Natal; pagam, do que recebem, a contribuição para a Segurança Social e, se por qualquer motivo perderem o posto de trabalho… não terão direito ao subsídio de desemprego.

A senhora que é citada na condição de Directora-geral da Escola Profissional Bento de Jesus Caraça admite que o tal pólo – cito na cidade de Famalicão – até está para fechar e esclarece que aquele estabelecimento, cito: “Respeita integralmente as regras do ensino particular e cooperativo”. Fim de citação…

Caiu-me… “aquilo” aos pés!
Mas então… que moral tem a CGTP para usar aquele blá, blá, blá, com cheiro a cassette mil vezes passada, em relação a quem… não faz mais do que aquilo que a própria central sindical faz?

O que é que virá a seguir?
Que há funcionários do PCP (ou da CGTP) com salários em atraso?
Bem… nesta ficámos a saber que há – e neste caso concreto – 83% de precários…