quinta-feira, 28 de junho de 2007

Brilhantemente... simples

Não sei se viram esta noite a "Grande Entrevista", na RTP1.
Acho que nunca tinha assistido a uma performance tão intocável como a do ministro Luís Amado. Esmagou completamente a Judite de Sousa.

As habituais perguntas armadilhadas, que se costumam fazer aos políticos/comentadores e/ou candidatos a isso que, na resposta, dão sempre uma no cravo e outra na ferradura... chegaram a raiar o ridículo, ante a postura serena, impenetrável e segura de Luís Amado. Nem submisso, nem arrogante.

O engraçado é que foram mais do que muitas, as vezes em que a jornalista/estrela de televisão tropeçou e, mais do que isso, caiu estrondosamente em praticamente todas e cada uma das "rasteiras" que tentou por no caminho do entrevistado.

Judite de Sousa não apareceu mal preparada. Mostrou-se, mais do que tudo, mal... habituada.
E foi notório o seu nervosismo.

Este Luís Amado está bem cotado nas apreciações do público - nas chatérrimas sondagens semanais que os jornais fazem -, eu não tinha ainda reparado nele mas confesso: se os políticos fossem todos como ele, talvez, talvez... eu voltasse a acreditar na política.

E gostei, sobretudo, numa situação em Judite de Sousa - que já perdera totalmente o controlo da entrevista - tentou "encurralar" Luís Amado com a insistência no "mas você, como Ministro dos Negócios Estrangeiros não fala com o Presidente da República?", este, mantendo o low-profile que sempre demonstrou, respondeu: "O senhor Presidente da República não tem que falar comigo. A falar, fala com o Primeiro Ministro."

Ah!... Se fosse outro, se não fosse, como mostrou ser, um gentleman, teria respondido: "Se for esse o caso, o seu Director-geral chama o jornalista para pedir uma opinião, ou passar um raspanete... ou chama o Director de Informação?"

Tenho a certeza que, aí, a Judite de Sousa não teria outra saída que não abandonar o estúdio.
Há dias assim.
E só porque a maioria dos políticos não almeja outra coisa que não ser "simpático" para com o entrevistador, visando, de longe, que o público o veja como... simpático, não quer dizer que não haja ainda gente com coluna vertebral na política.

Eu aqui, e sem problemas de consciência, digo: obrigado senhor Luís Amado.
Lá na sua rua há mais políticos assim?

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