Está a ser perfeitamente incompetente a gestão, por parte deste Governo, das questões de Saúde. E eu pasmo.
Ao contrário do que poderia [poderá] acontecer noutras áreas da sociedade, acredito piamente que a centralização dos Serviços de Saúde é um passo muito importante para o Bem-estar de cada um de nós. É verdade, concordo com as medidas do Governo, só não percebo é porque não foi possível fazer passar uma mensagem tão importante quanto esta até ao… povão.
Atenção: concordo com tudo, menos com o encerramento da maternidade de Elvas. Acho humilhante – e eu não sou nada dado a nacionalismos bacocos – que bebés, filhos de portugueses, tenham que nascer em Espanha. Isso não!...
Acho muito bem que, quem vive relativamente perto da fronteira – ainda há fronteiras sim! Ainda somos um país diferente daquele que sempre foi nosso vizinho! – vá atestar o carrinho do lado de lá. Mais, dá-me um especial gozo que isso aconteça. Nada contra as pequenas empresas de distribuição de combustíveis, mas porque é uma das formas de chamar a atenção dos cinzentões que governam este país.
P’las minhas contas, dentro de dois anos – mais coisa menos coisa – a caça aos devedores de impostos chegará ao fim (ainda bem, que eu trabalho há 30 anos e sempre descontei para o Estado), e deixar escapar verbas, nomeadamente relativas ao IVA sobre os combustíveis, só porque mantemos preços mais altos, sendo que os espanhóis compram o crude exactamente onde nós o compramos, isso acho absurdo.
Eu, se morasse em Valença, Monção, Vilar Formoso, Caia ou Vila Real de Santo António, haveria de ir tomar a bica do lado de lá da fronteira. Não que seja mais barata (que eu saiba, e o café, pelo menos entre Vilar Formoso e Vila Real de Santo António - do lado de lá - até é Delta) mas porque poderia saborear o gostinho, que tanto gosto, do café expresso, ao mesmo tempo que podia fumar o meu cigarrinho…
Mas voltemos à questão da Saúde.
Mesmo dando de barato que – apesar de tudo – 75% da população portuguesa está como há 33 anos atrás, cega, quanto aos seus direitos e deveres de cidadania, engajada aos novos caciques, que são muitos dos presidentes de Câmara, se o Ministério tivesse começado a construir a casa como todas as casas se constroem, até o mais burro iria compreender.
Comentadores encartados, como Marcelo Rebelo de Sousa, já explicaram o fenómeno que vivemos.
O povão é parvo.
Estúpido e tem palas nos olhos, como os burros. E é facilmente manipulado por gentalha que, no fundo, se está perfeitamente nas tintas para o facto de se fecharem Urgências ou Maternidades.
Aliás, vê-se a forma como o semi-analfabeto – pelo menos no discurso – presidente do município da Anadia tem aproveitado em seu proveito – dele e só dele – as medidas que o Governo tomou e com as quais, repito, concordo no essencial.
A obrigação do Estado – e isso está consagrado na Constituição – é a de nos proporcionar a melhor assistência médica possível. E não será, com certeza, num Centro de Saúde ou mesmo num Hospital local, que poderemos ter os melhores médicos.
Faz todo o sentido que os concentremos em Unidades Hospitalares Regionais.
Aqui há que contar com uma outra realidade – e espanta-me que o Governo, o ministro, não tenham sabido lidar com isto – que é a da corrida às urgências dos Hospitais só porque se está constipado.
E aqui reforço o quanto o Governo não soube lidar com a situação.
Do ministro não sei qual a sua especialidade. É médico? Se o é, deve ter feito carreira como particular…
Não faz sentido que tenhamos Urgências abertas em hospitais, quando esse serviço é utilizado apenas por quem tem um torcicolo…
E pior ainda se, ao – adivinho – parco número de médicos residentes, ainda tivéssemos que tirar um ou dois para fazer a madrugada para tratar de constipações mal curadas.
Mas havia uma maneira tão simples de preparar o povão para estas medidas que, repito-me, são básicas.
Dava-se-lhes apenas um tempinho. Eles iam à Urgência local e de lá mandavam-nos para o Hospital Regional…
Mesmo que fosse só uma constipação. Ao fim de dois ou três meses, eram eles próprios a escolher dirigirem-se de imediato ao Hospital Regional, porque no da terra não resolviam o problema.
Era fazer batota e poderia até ser penalizador para os médicos. Era. E eu sou o primeiro a lamentá-lo. Mas quando a cabeça é dura, maior tem de ser a pancada para a partir.
Dou um exemplo – de entre muitos – daqueles que mais me chocou.
O Governo fechou as Urgências do Hospital de Vendas Novas e escolheu Montemor-o-Novo como Hospital de destino. De uma coisa todos estavam avisados, os casos MESMO graves, só tinham uma saída… ir para um dos hospitais de Évora. Os vendanovenses já fizeram mil e uma manifestações. Têm razão? Não!
Para os menos entendidos nessa coisa de mapas, olhem para este espaço preenchido de letras. Vendas Novas ficará no limite à esquerda desta página. Évora, no limite à direita. Digamos que há 60 km entre as duas cidades. Montemor-o-Novo fica bem ao centro, a 30 km de uma e de outra...
Os de Vendas Novas estão fartos de fazerem barulho mas quem é que lhes explica isto, tão simples…
… em caso de urgência mesmo justificada, são transportados para Montemor e, no caso de a coisa ser grave, são só mais 30 km até ao Hospital Central de Évora. Já estão a meio caminho…
Por outro lado, sendo como os vendanovenses querem, os doentes de Montemor-o-Novo, em caso de Urgência, teriam que ir 30 km para oeste e, se o caso fosse mesmo grave, voltar para trás 60 km até Évora… 90 km no total.
É evidente a manipulação desavergonhada de que alguns autarcas se aproveitaram. Escamoteando informações tão rectilíneas como estas que acabo de deixar escritas.
Agora volto ao princípio: porque é que o Ministério da Saúde não usou estes argumentos? Porque fez o que fez sem saber o que estava a fazer!
Mesmo nos casos bem feitos.
E depois vinga a tal veia caciquista de muitos autarcas que, sendo de cor diferente da do Governo, vêm à frente das manifestações (parvas) do povão, não porque estejam preocupados com este, mas para que no seu partido os vejam e, quem sabe, para a próxima os convidem para tachos ainda melhores. Ainda maiores…
Que triste País é este, o nosso.
E o exemplo teima em vir de cima.
Do Governo…
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