segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Poupar aonde Senhor Presidente?

Hoje, o nosso Presidente da República, nem sei bem a que propósito que estava a jantar e na conversa e só entrei no “assunto” depois, apareceu a pedir, ou a alertar… para que as autoridades do Poder Local gastem, com maior responsabilidade, o dinheiro que lhes cabe no Orçamento do Estado.

Acrescentou que… é preciso gerir bem o dinheiro.
Que o País tem vindo a ser penalizado por Bruxelas por não cumprir (não sei o quê!...) e que aquele dinheiro deve ser gasto beneficiando as populações.
Ok.

Infelizmente, mas as figuras continuam aí quase elevadas ao estatuto de pop-stars, temos meia dúzia de casos de… sacos azuis e quejandos. De contas na Suíça, fora aquelas de que ninguém ainda encontrou rasto…
Ok…

O dinheiro que todos os meses nos falta nos últimos 25 dias de cada mês dá-nos, a nós, o mais comum dos cidadãos, uma perspectiva bem real de que se nós não o temos… alguém o há-de andar a gastar. Serão as autarquias? Sim. Se calhar sim…
Bem? Mal?
Aqui já depende da perspectiva.

O Estado central nunca se confessou. Os pecados – que, como escrevi – acontecem, podem bem ir além dos casos que vieram a conhecimento público mas…

… mas, em mais de 50% dos concelhos, não fora o respectivo “governo” local e o número de desempregados ainda era maior. Falo do Alentejo, por exemplo, onde o maior empregador, desde há um bom punhado de anos, são as câmaras municipais.

O Governo central escolhe a dedo os poucos exemplos que são excepção para os mostrar nos telejornais, sempre enfeitados com um ministro ou um secretário de Estado.

Manifestações culturais?

Não fora as iniciativas locais e o que sobraria?
O mesmo digo em relação ao desporto.
Seja – desde que fujamos ao exemplo pornográfico da Madeira – apoiando os clubes da terra ou, por exemplo, patrocinando uma coisa que se chama Volta a Portugal em bicicleta. Ou a maioria das outras provas.

O que seria do Ciclismo sem a ajuda das autarquias – embora eu defenda que, basta tentar seguir os exemplos, os bons exemplos, que vemos lá fora, era possível fazer uma Volta sem pedir demasiado às Câmaras. O que, por cá ainda não acontece.

Senhor presidente…
Estava Vossa Excelência a pedir que os Isaltinos de Morais deste País não engordem as suas contas num qualquer banco da Suíça, ou que mandem para o desemprego mais umas centenas de milhares de cidadãos que não têm outro emprego que não seja o de… varrer as nossas ruas?
Estava Vossa Excelência a pedir que as Fátimas Felgueiras não diluam em sacos azuis – de onde tiram o que querem, quando querem – os donativos pedidos em nome do mais comum dos cidadãos?
Estava Vossa Excelência a pedir exactamente o quê?

Que se matem as pequenas colectividades?
Que se assassine o Ciclismo, por exemplo?

O que seria do Ciclismo se não fossem as autarquias?
E já agora, pode Vossa Excelência saber se o Estado, no seu todo, recebe mesmo os dinheiros que o Ciclismo tem que pagar?

Às polícias, por exemplo?

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