Fui, abruptamente apanhado de surpresa. Verdade que o nosso relacionamento directo ficou perdido lá para trás, no tempo; no tempo em que ambos apanhávamos o mesmo comboio de regresso a casa. Eu ainda nem tinha entrado n'A CAPITAL; já era Jornalista, tinha a minha Carteira Profissional mas ainda procurava um porto seguro. Eram ainda os tempos dos Recibos Verdes...
Ele, que reencontrara alguns anos antes na Maravilhosa Aventura que foi a passagem pela Rádio 2000, Emissor Regional de Alverca - uma 'piratinha' que teve a virtude de se lançar no futuro daquilo que, na altura, pensávamos ser o das Rádios Locais; esta quee terá sido das primeiras a ter um Departamento de Informação e, agregado a este, um Núcleo de Desporto - e que viria a integrar este mesmo pelas mãos do Zé Noras, tal como outros, provindos do Bom Sucesso, na altura Bairro muito mais periférico do que é hoje em dia. E era lá que 'morava' a RDM.
Recuando mais, muito mais, no tempo, ele foi meu companheiro de turma durante todo o Secundário, na velhinha, e agora abandonada, Escola Técnica Gago Coutinho. Ele, eu, o Mário... o Manel, que daqui a nada fará quatro anos que nos deixou. Eramos 30! Não faço a mínima ideia de por onde andam os outros 27! Ele e o Manel já nos deixaram. O Mário creio estar bem, dentro daquilo que convencionámos ser o 'estar bem'. Como eu estou, embora em relação a mim os 'critérios', ditou a roda da sorte, se tenham apertado consideravelmente. Eu ainda estou vivo.
Morreu o Chico Camisão!
Não chegou connosco, Manel, Mário e eu - fomos sempre da mesma turma - ao fim do curso. Não connosco que em 1977 completámos o então equivalente, nas Escolas Técnicas, ao 7.º ano dos Liceus que (ainda) era para quem tinha mais condições económicas que os filhos de operários fabris ainda não haviam atingido.
Reencontrei-o - e alguém se vai lembrar disto - no dia 1 de Janeiro já não sei de que ano! Mas foi há 25 ou 26 anos... 26! A RDM estivera, pela primeira vez na sua história, 24 horas no ar.
Começámos, a equipa dessa emissão especial - de que o Mário fez parte - às 20 horas do dia 31 de Dezembro e 'devolvemos' essa mesma emissão ao horário da 'grelha' normal às 8 da manhã.
Em vez de ir para a cama, fui para Lisboa onde já estudava. E nesse comboio das nova e coisa dez e tal, reencontrei-o. Não nos víamos há anos.
Foi quando trocámos informações.
«Estou nos jornais»...
... «Sou Bombeiro Profissional nos Sapadores Bombeiros de Lisboa.»
Alguns meses mais tarde, apareceu na RDM como comentador desportivo. Fez dezenas de trabalho como 'enviado' a este ou aquele campo, e estreou-se como relator de jogos de futebol a meu lado e do Afonso Castro num Torneio Internacional de Futebol, nas camadas jovens, onde tive o indiscritível prazer de ter, como meu comentados um Senhor do qual já ninguém se lembra; o Senhor Wilson Brasil.
Mas o Xico teve a humildade de reconhecer que lhe faltava algo para poder fazer um relato de um jogo de futebol e nunca, mas nunca, deixou de colaborar com a nossa equipa.
Ia para jogos, chamemos-lhe, de segunda dimensão, dos quais só tinha que dar informações.
Mas esteve connosco até ao fim.
Da RDM, entenda-se.
Entretanto, eu entro para A CAPITAL, os horários são outros, depois para A BOLA, outros horários bem diferentes... e, acho que há mais de 15 anos que não via o Xico. Que não falava com o Xico.
Não vou mais falar!
Depois de ter visto isto, hoje num jornal, tentei saber mais alguma coisa.
Pouco soube.
Terá falecido no sábado, talvez na sexta... foi cremado no cemitétio da Póvoa, no Domingo, talvez no sábado...
Sempre no meu coração, Amigo!
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