O meu velho pai vai que não vai, aproveitando os momentos que compartilhamos, conta-me histórias que vai rebuscar ao seu tempo de menino-obrigado-a-trabalhar-menino-ainda-porque-tinha-que-ajudar-no-susento-da-casa.
Está bem, o meu pai. Assim eu pudesse estar quando e se chegasse à idade dele. Mas às vezes já vai falhando. E conta-me hoje as mesmas histórias que já tinha contado há dois dias. Repete-se, portanto. Não se lembra que já contara…
Mas eu oiço sempre tentando mostrar a maior atenção possível.
Uma das histórias que mais vezes me contou reza assim:
(Recuemos 50 anos na nossa história…)
Trabalhando num monte – traduzindo de alentejano para português, quer dizer, numa grande herdade (o latifúndio sempre foi a imagem de marca do Alentejo) – num final de tarde um companheiro de labuta, vendo passar a correr o filho mais novo do patrão, terá dito “devíamos era apertar-lhe o pescoço antes que comece a fazer mal à gente!”.
Contado pelo meu pai, homem perfeitamente apolítico, que tanto se lhe dá como se lhe deu, temos que despir daquela frase quaisquer conotações políticas e duvido mesmo que quem a terá proferido o tenha feito com tal intenção. O que saberia um assalariado agrícola nos anos 50 do Século passado e em pleno Alentejo acerca de política…
Eu sempre achei graça à piada, na forma como a interpretei. Ninguém faria mal ao jovem mais-do-que-certo-futuro-patrão, é evidente.
Mudaram os tempos, mudaram (mudaram?) as políticas e a verdade é que, depois de ler ou ouvir alguns jovens líderes das juventudes – seja lá de que partido forem – confesso que me lembro daquela estória e dou comigo a pensar exactamente o mesmo:
Devíamos era apertar-lhes o pescoço antes que cresçam mais e cheguem a mandar na gente.
Reparem nesta notícia (da Agência LUSA) que respiguei de um outro Blog de um amigo meu.
Líder da JP acusa deputado de...
"distúrbios revolucionários"
O líder da Juventude Popular (JP) apontou ontem o presidente do grupo parlamentar do PCP, Bernardino Soares, como um dos principais protagonistas dos "distúrbios revolucionários" do Verão Quente de 1975 – altura em que o deputado comunista tinha apenas quatro anos.
No almoço do CDS/PP que assinalou o aniversário da operação militar do 25 de Novembro de 1975, na Amadora, Pedro Moutinho disse ser preciso "apontar com frontalidade" alguns dos principais responsáveis por actos como os "sequestros e incêndios às sedes do CDS/PP logo após a revolução de Abril de 1974 e que continuam hoje no activo".
"Falo do actual presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que mais tarde se renderia às virtudes do capitalismo. Falo também das bombas das FP-25 de Abril e de políticos actuais como Francisco Louçã, Luís Fazenda, Jerónimo de Sousa, Odete Santos e Bernardino Soares", referiu o dirigente centrista.
Segundo os registos da Assembleia da República, o actual líder parlamentar do PCP, Bernardino José Torrão Soares, nasceu no dia 15 de Setembro de 1971, tendo por isso quatro anos quando se deu o 25 de Novembro de 1975.
Já em relação às Forças Populares 25 de Abril – organização citada pelo líder da JC como estando na mesma linha política do Movimento das Forças Armadas –, não consta nenhum registo de que tenham actuado em 1975.
Esta organização conotada com a extrema-esquerda terá sido formalmente fundada em 1980 (no período do primeiro Governo da AD), ano em que começou a desenvolver a sua actividade.
Perante esta… lição de puro analfabetismo politico-social, dada por um mais que provável futuro deputado do Centro Democrático Social (CDS), digam lá… não apetecia mesmo lançar uma recolha de assinaturas a favor do aborto… com efeitos retroactivos?
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
terça-feira, 13 de novembro de 2007
A Guerra
Provavelmente este será o mais tolo apelo de sempre, porque há, de certeza, muito mais gente (vezes cem mil) a ver a RTP do que a ler este cantinho... mas se, por mero acaso ainda alguém não o marcou na agenda, não percam o documentário A Guerra, do Joaquim Furtado, que passa na RTP.1 às terças à noite...
Estou a reaprender a ser português.
Estou a reaprender a ser português.
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